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Caso de bebê que nunca acordou é investigado por possível erro médico

A mãe faleceu durante o parto e a bebê nunca acordou; o caso aconteceu em Fortaleza e está sendo investigado

Caso de bebê que nunca acordou é investigado por possível erro médico
Notícias ao Minuto Brasil

21:59 - 10/02/16 por Notícias Ao Minuto

Brasil Ceará

Laura Praciano Cruz nasceu no dia 6 de fevereiro de 2014 em Fortaleza, no Ceará, e, desde então, nunca acordou. A mãe Paula Teixeira Praciano morreu durante o parte. A pequena Laurinha respira com ajuda de aparelhos e se alimenta por meio de sonda.

A reportagem do Tribuna do Ceará conta que os familiares da menina de 20 kg e cabelos cacheados refere que um erro médico (ou até mesmo uma sequência de falhas) teria sido a causa da morte de Paula e do estado de saúde de Laura.

A gestante teria sofrido um choque anafilático ao ser medicada antes do parto. O remédio, chamado kefazol, teria sido aplicado por uma técnica de enfermagem, a pedido do obstetra , informa a publicação.

“Ela teve uma reação alérgica, mas o hospital não tinha estrutura nenhuma para reverter a situação. A unidade era totalmente despreparada, atrapalhada. Ela perdeu muito tempo no apartamento, quando já poderia ter sido encaminhada para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva]”, disse o tio da criança, Romero Praciano.

Segundo a família, Paula tinha uma gestação saudável. Entre as complicações citadas pela família está a prescrição do médico sobre o antibiótico profilático e a demora na tomada de providências por parte dos médicos.

“Laurinha nasceu toda roxa, com morte aparente”, diz o familiar. Após ser entubada, voltou à cor normal e passou a respirar com ajuda de aparelhos, como está até hoje. “Pelo tempo que ficou sem oxigênio, todo o sofrimento que ela sofreu, acabou adquirindo uma lesão cerebral muito grave. Ela não interage, é paradinha”, explica.

Processos

Os familiares entraram com um requerimento de instauração de inquérito policial contra os médicos. O caso é investigado pelo 2º Distrito Policial, no Bairro Aldeota, em Fortaleza.

A assessoria da Polícia Civil informou que o inquérito foi encaminhado ao Fórum, e a polícia aguarda retorno dos autos para dar continuidade às apurações.

A advogada da família, Joyceane Bezerra, explica que o processo está sob análise do juiz da 33ª Vara Cível, em fase de instrução. “A primeira audiência ocorrerá em 16 de fevereiro”, garante, completando que o andamento do processo foi atrasado em razão de mudanças estruturais no Fórum Clóvis Beviláqua.

“Os processos acionados pela família são contra os atores que prestaram serviço na ocasião. Houve uma sucessão de erros por parte do médico que atendeu e do hospital, que culminaram no falecimento de Paula e sequelas graves para o bebê”, esclareceu.

Dois anos após o nascimento de Laurinha, a família destaca que é difícil esquecer o ocorrido e promete continuar insistindo para evitar que possíveis erros médicos aconteçam nos hospitais.

A reportagem tentou contato com o Hospital e Maternidade Gastroclínica. A assessoria da unidade disse não poder se pronunciar no momento, por aguardar decisão da Justiça.

“O Hospital reforça, no entanto, que sempre colaborou com as informações referentes ao caso. Nosso maior compromisso é com a qualidade da assistência prestada aos nossos pacientes, em uma relação de confiança que tem bases sólidas na ética e na transparência”, informou por meio de nota.

"Acorda, Laurinha"

Laura Cruz Praciano vive atualmente em uma UTI montada dentro de casa, no antigo quarto da mãe. A família gasta diariamente R$ 280, de domingo a domingo, para manter a UTI na residência.

De acordo com a publicação, os custos não incluem alimentação, medicamentos, energia (que já ultrapassa os R$ 700 mensais) e as consultas médicas particulares com os nove profissionais de saúde que acompanham Laurinha: terapeuta ocupacional, oftalmologista, urologista, neurologista, dentista, pediatra, fisioterapeuta e pneumologista.

A família espera, aos poucos, conseguir retirar o traqueóstomo [recurso usado para facilitar a chegada de ar aos pulmões] e fazer com que a criança respire sem a necessidade do equipamento. Para isso, é feito o chamado ‘desmame’. O tratamento segue o lema de ‘um dia de cada vez’, e Laurinha já atinge 39 minutos respirando sozinha. “Nas novenas que fazemos, o meu maior pedido é ‘Respira, Laurinha’. A gente conseguir isso seria um presente. Seria um sonho, na verdade”, finaliza o tio que aguarda a investigação do caso.

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