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Fazenda destaca que despesas obrigatórias continuam crescendo

O desafio se coloca, segundo o secretário de Políticas Econômicas do Ministério da Fazenda, porque nas recessões ocorre sempre uma queda muito forte das receitas públicas

Fazenda destaca que despesas obrigatórias continuam crescendo
Notícias ao Minuto Brasil

14:47 - 29/04/16 por Estadao Conteudo

Economia Política Fiscal

Desde a crise de 2008, saber como conduzir a política fiscal em momento de queda aguda da atividade econômica é uma pergunta que ronda todos os países, destacou nesta sexta-feira, 29, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Manoel Pires. O desafio se coloca, segundo o secretário, porque nas recessões ocorre sempre uma queda muito forte das receitas públicas. "Essa queda ocorre em velocidade muito maior que a capacidade de qualquer país de cortar despesas", afirmou Pires, em apresentação no II Seminário Internacional de Política Fiscal, promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio.

O secretário destacou, ainda, que a velocidade com que um governo é capaz de cortar gastos públicos varia conforme a rigidez do orçamento de cada país. "Quando o orçamento é muito rígido, a velocidade de corte é muito menor", disse Pires, completando que, nesses casos, como o do Brasil, a única opção é cortar investimentos, o que gera rodada adicional de queda na atividade, levando a um ciclo vicioso.

Pires defendeu o ajuste fiscal feito pelo governo federal desde o início de 2015. Segundo o secretário, "estamos conseguindo trazer a despesa discricionária para abaixo do nível de 2008".

O problema, lembrou Pires, é que as despesas obrigatórias continuam crescendo, ano a ano. Assim, a queda nas discricionárias não tem se mostrado suficiente para o governo voltar a obter resultado primário positivo de forma "recorrente".

"Precisamos rediscutir despesas obrigatórias. As despesas discricionárias também são importantes", afirmou Pires, destacando a importância dos investimentos públicos.

Além disso, segundo o secretário, uma redução permanente das despesas discricionárias não é sustentável ao longo do tempo. Por isso, o governo aposta numa "reforma fiscal", propondo a criação de um limite para as despesas e a discussão sobre a reforma da Previdência, criando uma espécie de "âncora fiscal" para as expectativas. Essa solução é melhor, segundo Pires, porque evita a opção, no curto prazo, por um "ajuste recessivo".

Limite para despesas

O secretário defendeu ainda a proposta, feita pela equipe econômica em projeto de lei, de criar regras de limite para o crescimento das despesas públicas. Segundo cálculos apresentados por Pires, se essas regras já existissem em 2011, as despesas públicas representariam hoje 1,77 ponto porcentual a menos como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).

Atualmente, as despesas equivalem a cerca de 19% do PIB, segundo dado apresentado pelo secretário. "Quando há um limite no gasto público, podemos focar a discussão nas prioridades orçamentárias", disse Pires.

Nas contas do Ministério da Fazenda, com um gasto 1,77 ponto porcentual menor como proporção do PIB, o governo teria hoje resultado "muito próximo" do equilíbrio fiscal. Pires defendeu ainda outras medidas, além da reforma da Previdência, como a reavaliação de políticas públicas, com a criação de critérios de análise e acompanhamento, e uma reforma administrativa do Estado.

Dívida dos Estados

Segundo Pires, o Ministério da Fazenda considerou "adequado" o voto do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a questão das dívidas dos Estados com a União na última quarta-feira. Relator dos mandados de segurança sobre o caso, Fachin votou contra a mudança das regras de pagamento das dívidas.

"O voto do STF foi em linha com o que a gente entende que é adequado. A solução para essa questão está na aprovação do projeto de lei", disse Pires, referindo-se à proposta do governo federal de reestruturar as dívidas dos Estados cobrando contrapartidas em termos de controle de gastos.

Após o voto do relator, os ministros do STF decidiram suspender por 60 dias o julgamento sobre a mudança no pagamento dos juros das dívidas entre Estados e União. A sugestão foi feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, que defendeu que essa é uma questão política e não jurídica e que os entes federativos deveriam sentar e negociar uma saída conjunta.

No início do mês, Fachin havia dado liminares favoráveis aos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais para que eles pudessem pagar as dívidas que têm com a União usando juros simples e não compostos. No voto, ele ponderou: "Reconheço que são graves os problemas financeiros por que passam os Estados. De outro lado, são nítidas as limitações de caixa da União".

Pires considera que a disputa entre Estados e a União em torno das condições de pagamento das dívidas dos governos subnacionais com o federal é a questão mais urgente da política fiscal na atualidade. "A questão que está em discussão no Supremo tem uma implicação fiscal imediata que a torna a questão mais urgente a ser tratada", disse a jornalistas, após dar palestra no evento. "Ter um acréscimo de dívida de R$ 400 bilhões é um risco fiscal muito grande", completou o secretário.

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