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Atletas paralisam jogo do PSG na Champions após 4º árbitro ser acusado de racismo

Eles acusaram o quarto árbitro, o romeno Sebastian Colţescu, de ter proferido uma ofensa racista contra um integrante da comissão técnica do time turco

Atletas paralisam jogo do PSG na Champions após 4º árbitro ser acusado de racismo
Notícias ao Minuto Brasil

05:44 - 09/12/20 por Folhapress

Esporte FUTEBOL-RACISMO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Num ato histórico, jogadores de Paris Saint-Germain (FRA) e Istambul Basaksehir (TUR) abandonaram o campo durante o primeiro tempo da partida desta terça-feira (8), em Paris, válida pela última rodada da fase de grupos da Champions League.

Eles acusaram o quarto árbitro, o romeno Sebastian Colţescu, de ter proferido uma ofensa racista contra um integrante da comissão técnica do time turco.

Diante da recusa dos atletas de voltarem ao gramado, a Uefa comunicou a suspensão do jogo, que será reiniciado nesta quarta (9), às 14h55 (de Brasília), com uma diferente equipe de arbitragem. A entidade europeia afirma já ter iniciado investigação sobre o caso.

O integrante da arbitragem teria se referido ao ex-jogador camaronês Pierre Webó, assistente técnico do Istambul, como "aquele negro".

"Por que você diz negro?", reagiu o assistente, expulso pelo árbitro principal, o também romeno Ovidiu Haţegan, durante a discussão.

"Você nunca diz 'aquele cara branco', diz apenas 'aquele cara', então por que você diz 'esse cara negro'?", protestou o atacante senegalês Demba Ba, que estava no banco de reservas e ficou irritado com a forma como Webó foi tratado.

O atleta, então, começou a organizar um movimento de retirada de sua equipe do campo. Ele também conversou com jogadores do PSG no momento.

Integrantes do elenco do Istambul pediram respeito à arbitragem. Neymar e Mbappé pressionaram também e disseram que, com Colţescu à beira do campo, a partida não poderia continuar.

O confronto ficou paralisado a partir dos 14 minutos do primeiro tempo por cerca de 20 minutos antes de as equipes saírem do gramado. O árbitro principal tentou convencer os jogadores a reiniciarem o confronto, mas eles se recusaram.

A confusão teve início após o brasileiro Rafael, lateral direito do time turco, receber cartão amarelo por uma entrada em Bakker. No banco, o técnico Okan Buruk também foi punido por reclamar do lance. A partir desse momento, Webo teria se irritado com a arbitragem.

Em áudio enviado para o Esporte Interativo, Rafael disse que o quarto árbitro se referriu ao assistente de seu time com as palavras "negro, sai daí."

"O quarto árbitro chegou para o cara que trabalha no clube, o assistente do clube, porque ele estava gritando muito. O cara estava lá em cima [nas arquibancadas, em razão do protocolo contra a Covid-19], não sei porque o expulsou [...], não entendi. Mas é porque ele é racista (..) Ele disse: 'negro, sai daí, tu vai embora'. E o expulsou. O treinador [do Istanbul] escutou, eu não escutei, só vi a reação. Só que eu vi que ele [o quarto árbitro] ficou branco quando todo mundo começou a ir para cima. Com certeza ele falou. Aí a gente saiu de campo", disse o jogador.

O jogo desta terça era o último do quarto árbitro em sua carreira internacional. A federação romena já havia anunciado sua saída dos quadros da Fifa e da Uefa. ​

Minutos após a ofensa, o clube turco reproduziu em sua conta no Twitter imagem da campanha da própria Uefa contra o racismo, republicada pelo perfil do PSG.

Em 2019, a Uefa estabeleceu um protocolo para combater racismo durante as partidas, mas essas medidas são direcionadas apenas para casos de ofensas vindas da torcida.

O primeiro passo é parar o jogo e avisar, pelo serviço de som do estádio, o motivo para a interrupção. Em caso de persistência, o árbitro deve paralisar mais uma vez o confronto, mandar os jogadores para o vestiário e voltar a avisar o público. Se nem assim as ofensas racistas forem interrompidas, a partida deve ser abandonada.

O que se vê, na prática, é que o protocolo quase nunca é cumprido, e muitas vezes apenas as vítimas acabam punidas.

Em novembro do ano passado, os brasileiros Taison e Dentinho foram alvos de racismo em jogo contra o Dínamo de Kiev, pelo Campeonato Ucraniano. Ao ouvir os xingamentos, Taison fez um gesto ofensivo para os torcedores, deu um bico na bola e foi expulso.

Neste ano, no Campeonato Português, o malinês Moussa Marega abandonou uma partida após sofrer insultos racistas. Seus companheiros do Porto tentaram o acalmar, mas não deixaram o campo junto com ele.

Pelo ineditismo no principal torneio de clubes do mundo, o gesto coletivo desta terça ganha peso histórico e se compara ao momento vivido no esporte americano em agosto, quando jogadores da NBA iniciaram um boicote após mais um caso de violência policial contra negros nos EUA.

Partidas da liga de basquete foram interrompidas e provocaram efeito cascata em outros esportes, como beisebol, hóquei e tênis.

O episódio em Paris também provocou fortes reações mundo afora. Jogadores brasileiros, como Richarlison e Bruno Guimarães, publicaram mensagens de apoio a Webó e aos atletas que decidiram paralisar o confronto. Mbappé também se manifestou nas redes sociais.

O Basaksehir é o time do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que divulgou nota alguns minutos após a interrupção da partida.

"Condeno firmemente os insultos racistas a Pierre Webó, membro do corpo técnico do Basaksehir, e estou convencido que a Uefa tomará as medidas que se impõem", disse ele.

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