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Campanha de Trump mergulha em incertezas, mas impacto eleitoral é imprevisível

Aliados de Trump temem que o quadro de saúde do presidente domine a cobertura da imprensa americana e lembre aos eleitores como o presidente foi indiferente à pandemia.

Campanha de Trump mergulha em incertezas, mas impacto eleitoral é imprevisível
Notícias ao Minuto Brasil

17:30 - 02/10/20 por Folhapress

Mundo EUA-ELEIÇÕES

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O diagnóstico de Covid-19 de Donald Trump mergulha a campanha do republicano em incertezas, mas o impacto eleitoral da notícia que incendiou os EUA nesta sexta-feira (2) ainda é bastante imprevisível.


A 32 dias da eleição e atrás de Joe Biden nas pesquisas nacionais, Trump levou a pandemia literalmente para dentro da Casa Branca, precisou cancelar viagens e comícios em estados-chave e deixou em suspenso sua participação no próximo debate, marcado para o dia 15.


Inicialmente, o quadro parece muito ruim para um político que minimizava a gravidade do coronavírus e apostava no contato direto com sua base para ser reeleito em 3 de novembro.


Mas, numa disputa polarizada, com apenas 9% de indecisos e no momento em que muitos já votaram por correio ou de forma antecipada, é difícil saber se isso vai mudar o cenário eleitoral americano.


O tratamento da pandemia nos EUA é muito partidarizado. Pesquisas indicam que democratas se preocupam mais com a crise que republicanos, seguindo a postura das principais lideranças partidárias.


Um dos elementos importantes é a evolução da doença em Trump nos próximos dias. Caso se recupere rapidamente e mantenha os sintomas leves que a Casa Branca diz que o presidente tem neste momento, a retórica de que a Covid-19 é apenas uma "gripezinha" pode ganhar tração entre mais eleitores.


Se o quadro se agravar – Trump faz parte do grupo de risco, com 74 anos e sobrepeso –, pode também despertar a empatia de americanos que assistem à pandemia matar mais de 206 mil pessoas no país.


Ou pode ainda fazer com que ele pareça fraco, colocando em xeque sua imagem às portas da eleição.


Um dos estatísticos mais conhecidos nos EUA, Nate Silver não quis arriscar palpites. Editor-chefe do Five Thirty Eight, site que reúne as principais pesquisas do país, Silver publicou em suas redes sociais, logo após a notícia de que Trump estava com Covid-19, que não tinha muita certeza sobre o que dizer.


Oito horas depois, acrescentou uma atualização: um desenho como quem diz "continuo não sabendo."


No site do Five Thirty Eight, o título "Como o teste positivo de Trump para Covid-19 afeta a eleição?" é acompanhado de uma imagem que diz: "eu não sei".


Na prática, a campanha de Trump enfrenta um caos logístico. O presidente desmarcou o evento que tinha nesta sexta, na Flórida, estado considerado fundamental para sua reeleição.


Nas últimas semanas, o republicano havia conseguido ganhar terreno na região, onde Biden tem tido dificuldade para conquistar o voto de eleitores latinos. A visita desta sexta era tida como determinante na reta final, na tentativa de aproveitar o momento de ascendência do presidente no estado.


Trump também viajaria para outros estados considerados decisivos, como Wisconsin, Pensilvânia e Nevada. Se cumprir a quarentena de 14 dias, o presidente terá que desmarcar esses comícios.


Atrás nas pesquisas, ele tentava tirar os holofotes da campanha sobre sua condução errática e ineficaz sobre a pandemia. Trabalhava para centrar o debate nos protestos, sob o discurso da lei e da ordem, em economia, e na nomeação da juíza conservadora Amy Coney Barrett para a Suprema Corte.


Biden, por sua vez, usa o discurso para fazer da eleição um referendo sobre a condução de Trump da crise. O ex-vice de Barack Obama, ao contrário de Trump, não tem feito muitos eventos públicos e segue as recomendações de autoridades médicas durante a pandemia.


Desde o início da crise nos EUA, o presidente vem minimizando a pandemia. Quando os casos alcançaram picos e sua popularidade despencou, em março, deu maior gravidade à situação.


Desde abril, porém, defende a reabertura precoce do país, negando-se a usar máscara – apareceu pouquíssimas vezes em público com o item de proteção –, e costuma, inclusive, tirar sarro de Biden, que frequentemente aparece com o rosto coberto.


Aliados de Trump temem que o quadro de saúde do presidente domine a cobertura da imprensa americana e lembre aos eleitores como o presidente foi indiferente à pandemia.


Auxiliares de Biden dizem que é preciso estar preparado. A menos de cinco semanas da eleição, Trump não deve passar 14 dias sem produzir fatos novos. O presidente é previsivelmente imprevisível.

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