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De volta ao Brasil, médico detido no Egito chora e diz que foi infantil e infeliz

O médico falou várias vezes que não quer justificar seus atos, que assume ter errado e que foi "infantil e infeliz". "Sou homem o suficiente para reconhecer todos os meus erros."

De volta ao Brasil, médico detido no Egito chora e diz que foi infantil e infeliz
Notícias ao Minuto Brasil

14:33 - 09/06/21 por Folhapress

Mundo VICTOR-SORRENTINO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O médico Victor Sorrentino, que foi detido no Egito após ter postado um vídeo no qual diz palavras de cunho sexual a uma vendedora muçulmana, fez seu primeiro pronunciamento público após voltar ao Brasil.

Em uma live postada na noite desta terça (8) no Instagram, onde tem 932 mil seguidores, ele pediu desculpas por ter divulgado o vídeo em que expõe a mulher, disse que saiu do Egito sem dever nada à Justiça e que passou "os melhores e piores momentos" de sua vida no país.

"Eles me investigaram e foi uma investigação maçante. Eu sofri muito, muito mesmo. Passei os melhores e piores momentos da minha vida. Os piores porque eu nunca imaginei que eu fosse passar por aquilo e nunca imaginei que minha família fosse passar pelo que ela passou. Ficaram sem ter notícias minhas durante um período. Essa investigação foi muito dolorosa porque eles não sabem o quanto as pessoas aqui estavam sofrendo", disse.

O médico foi detido no Egito após divulgar um vídeo em suas redes sociais no qual aparece conversando em português com uma vendedora de papiros. "Vocês gostam mesmo é do bem duro, né?", pergunta o médico. "Comprido também fica legal, né? O papiro comprido." Aparentemente sem graça, a vendedora muçulmana responde que sim, sorri e é alvo de risadas do médico e de seus acompanhantes brasileiros.

Durante a live, na qual usava uma camiseta com a frase "Pai pra toda obra", Sorrentino chorou várias vezes. A transmissão foi vista mais de 300 mil vezes e tem, até o momento, quase 9.000 comentários. A mulher dele, Kamila Monteiro, postou vídeos em seu perfil no Instagram da chegada do marido a casa, sendo abraçado pelo filho.

O médico falou várias vezes que não quer justificar seus atos, que assume ter errado e que foi "infantil e infeliz". "Sou homem o suficiente para reconhecer todos os meus erros."

Ele conta, então, o "contexto" do que aconteceu. Afirma que não teve tempo de pesquisar sobre a cultura egípcia porque a viagem foi decidida com três dias de antecedência e que o clima na loja de papiros onde a vendedora trabalhava era de brincadeira, inclusive de cunho sexual. Diz, também, que ela fala português fluentemente.

Em seguida, mostrou uma foto em que posou ao lado da atendente, com figuras mitológicas desenhadas com o pênis ereto ao fundo, e um vídeo de outros vendedores do local fazendo piadas com o tamanho do pênis de brasileiros e egípcios.

"Editaram o vídeo, só aquela parte, traduziram pra língua árabe e divulgaram nas redes sociais", afirmou. "Vocês percebem que naquele clima de brincadeira, cometer um descuido como eu cometi... E esse descuido é um erro, não medir as palavras, usar as palavras erradas numa brincadeira que eu não tinha o direito de fazer com ela, apesar de que a gente tinha pedido pra filmar ela explicando as coisas... Isso pode tomar uma dimensão gigantesca. Fui super infeliz com a brincadeira que eu fiz."

"Uma pessoa como eu, que toca tantas vidas de tantas pessoas, não tinha o direito de fazer isso", completou em outro momento.

Sorrentino reconheceu que foi "reativo" às primeiras mensagens negativas que recebeu sobre o vídeo e que demorou a apagá-lo. Reiterou também que pediu desculpas à vendedora e à sua família várias vezes.

Segundo ele, a egípcia não quis prestar queixa nem aceitou nenhum tipo de pagamento. Na live, o médico se refere a si próprio em terceira pessoa várias vezes.

"As autoridades decidiram em tudo que investigaram dos fatos que não havia motivos para abrir um processo para o Victor, não havia motivos para deportar o Victor, não havia motivos para reter o passaporte do Victor e que portanto o Victor deveria seguir o seu curso para casa com o passaporte, podendo voltar para o Egito quando quisesse sem ter que pagar absolutamente nada a não ser o preço do sofrimento de ter ficado praticamente seis dias sendo investigado em condições que são diferentes de condições do Brasil."

Sorrentino negou ser bolsonarista, como foi veiculado pela imprensa por ele defender o tratamento precoce contra Covid-19 e por haver um vídeo do presidente Jair Bolsonaro dizendo que ele é seu "irmão de farda e de fé". "Eu não sou bolsonarista, eu votei, votar em alguém não é ser bolsonarista. Foi simplesmente uma opção que fiz naquele momento, não tenho ídolos dentro da política."

Ele afirmou ter sido alvo de um "julgamento sumário" nas redes sociais, que ele comparou à Inquisição e ao Tribunal de Nuremberg –julgamento organizado pelos Aliados contra os nazistas após a Segunda Guerra Mundial. "É um tribunal de exceção, como o Tribunal de Nuremberg, o mais famoso, né? Em que colocou-se os Aliados para julgar os nazistas. Não estou defendendo nazistas, mas foi um tribunal de exceção, em que se busca uma forma de pré-julgar as pessoas."

De acordo com o médico, sua família e seus amigos sofreram agressões e ameaças. "Foram julgados, agredidos, ameaçados por conta de 15 segundos de um vídeo do qual eu me desculpei. De um erro que aparentemente é inafiançável, usar palavras erradas. As mesmas pessoas que por vezes estão defendendo pessoas que estupraram outras, né?"

Ele disse, porém, que recebeu milhares de mensagens de apoio e que nos seis dias em que passou sendo investigado se sentiu "muito próximo de Deus" e saiu transformado. "Uma coisa eu tive certeza, eu precisava evoluir, eu precisava trazer algo de positivo para aqueles que me ouvem, eu tenho essa possibilidade de tocar muitas vidas."

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