Chandan Kumar Singh é o advogado que ficou conhecido por tentar processar Rama, deus hindu popular na Índia. Ele afirmou à BBC que pensa ser injusto o que o deus fez com a sua mulher, Sita. De acordo com o advogado, seu objetivo era que um tribunal do Estado indiano de Bihar "reconhecesse o fato".

Argumentando que não se tratava de um "caso prático", a justiça rejeitou o pleito em fevereiro. Colegas o acusam de "buscar publicidade" e Singh sofre processo de difamação. Rama é reverenciado por milhões de hingus na Índia e no mundo. O deus é um herói da Ramayana, sânscrito de 24 mil versos. Ainda assim o advogado acredita em sua tese: "É sabido que Rama perguntou a Sita se ela era pura depois de resgatá-la das garras do rei dos demônios Ravana. Ele não confiava em Sita", afirmou ele. "O tratamento que Rama confere a Sita mostra que as mulheres não são respeitadas desde a Antiguidade. Entendo que este caso possa soar ridículo para muitos, mas nós temos de discutir essa parte da história religiosa antiga. Entrarei com um processo de novo porque realmente acredito que é preciso reconhecer que Rama maltratou Sita", completou Signgh à BBC.

Ele estaria surpreso com as reações e, "Esperava algum tipo de objeção, mas não previa que meus colegas se colocariam contra mim. Estava apenas falando sobre igualdade de gênero e não tinha a intenção de ferir a fé de ninguém", declarou."É errado buscar justiça para as mulheres? A aceitação do meu pleito pelo tribunal enviaria uma mensagem de que o respeito às mulheres é importante para os indianos".

O advogado Ranjan Kumar Singh, que não é parente de Chandan, afirmou que o pleito "insulta os seguidores do hinduísmo". "Singh tem um histórico de dar entrada em processos buscando autopromoção. Mas desta vez ele foi muito longe. Ele feriu nossos sentimentos", disse Ranjan, que deu entrada em processo contra o colega.

"Pedimos à Ordem dos Advogados da Índia que cancele a licença de Singh para exercer a advocacia. Todos os advogados estão unidos contra ele. Ele precisa aprender uma lição", afirmou Kumar Singh.

Chandan Kumar Singh, mantem-se firme e diz que "sua luta não é contra Rama". "Eu também cultuo Rama. Sou um hinduísta praticante. Quero me desculpar com quem se sentiu ferido, mas não posso ignorar o fato de Sita ter sido desrespeitada", concluiu o advogado.