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Juíza tranca inquérito contra âncoras do 'JN' por caso Flávio Bolsonaro

Ao trancar o inquérito, a juíza Maria Tereza Donatti criticou a decisão do delegado, afirmando que ele não tinha competência para investigar os apresentadores, visto que nenhum deles cometeu crime de informática

Juíza tranca inquérito contra âncoras do 'JN' por caso Flávio Bolsonaro
Notícias ao Minuto Brasil

12:45 - 14/02/21 por Estadao Conteudo

Política Inquérito

A juíza Maria Tereza Donatti, do 4° Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro, trancou inquérito policial aberto pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática contra os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, da Rede Globo. Os âncoras do Jornal Nacional (JN) foram alvo de notícia-crime protocolada pela defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que alegou descumprimento à decisão judicial que proibiu a emissora de exibir documentos relacionados ao caso das "rachadinhas".

A censura foi decretada em setembro pela juíza Cristina Serra Feijó, da 33ª Vara Cível do Rio, que alegou risco de dano à "imagem" de Flávio Bolsonaro caso as peças fossem veiculadas pela TV Globo. A decisão foi mantida pelo desembargador Fábio Dutra, da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. Em outubro, o ministro Ricardo Lewandowski mandou o tribunal fluminense julgar o caso envolvendo a emissora.

A notícia-crime de Flávio Bolsonaro levou à abertura de um inquérito policial contra Bonner e Renata em dezembro - ambos foram intimados a prestar depoimentos. A investigação foi conduzida pelo delegado Pablo Dacosta Sartori, que também se colocou como testemunha no caso.

Ao trancar o inquérito, a juíza Maria Tereza Donatti criticou a decisão do delegado, afirmando que ele não tinha competência para investigar os apresentadores, visto que nenhum deles cometeu crime de informática.

"Conforme o dito popular, 'pau que nasce torno, morre torto'. Logo no início, nada justificava a instauração do procedimento na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Informática", frisou. "Ainda que tivesse ocorrido a desobediência, o veículo teria sido a televisão (a matéria jornalística foi exibida no Jornal Nacional), portanto a Delegacia Especializada não tinha atribuição para agir. Também é de se estranhar que a própria autoridade policial tenha figurado como 'testemunha do fato', como constou do registro da ocorrência".

A magistrada pontuou que trancar o inquérito é medida que se impõe para restaurar a normalidade e resguardar o livre exercício da imprensa. "Os pacientes (Bonner e Renata) noticiaram a propositura de ação penal em face do senador da República Flávio Nantes Bolsonaro, por crimes cometidos no exercício de seu mandato como Deputado Estadual, sendo evidente o interesse público na hipótese", afirmou Maria Donatti. "Como bem disse o MP, na sua promoção, 'parlamentares estão obrigados a tolerar a exposição do que se passa nos gabinetes das casas legislativas'".

Peculato

Flávio Bolsonaro foi denunciado pela Promotoria do Rio pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema das "rachadinhas", no qual assessores do gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio devolviam parte ou a quase totalidade dos salários ao ex-assessor Fabrício Queiroz, que então usava o dinheiro para quitar despesas do senador, como o pagamento da escola das filhas e o financiamento de imóveis no Rio.

O filho do presidente é apontado como o líder da organização criminosa. De acordo com o MP, o esquema teria desviado ao menos R$ 6,1 milhões dos cofres públicos da Assembleia fluminense e levou a um "enriquecimento ilícito" de Flávio ao longo dos anos.

A defesa de Flávio Bolsonaro considera a denúncia do Ministério Público "insustentável", com "vícios processuais e erros de narrativa e matemática". "A tese acusatória forjada contra o senador se mostra inviável e não passa de uma crônica macabra e mal engendrada, influenciada por grupos que têm claros interesses políticos e que, agora, tentam voltar ao poder", frisaram os advogados Rodrigo Roca, Luciana Pires e Juliana Biereenbach, que defendem Flávio, em novembro.

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