MPF tenta induzir trabalhador a acusar Lula, diz gravação
A ameaças veladas foram registradas pelo filho da testemunha Edivaldo Pereira Vieira, que consta na lista de acusados na 24ª etapa da operação Lava Jato
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Política Ameaça
Na operação Lava Jato, fora dos autos, aparentemente
ocorreram
coisas não noticiadas.
Segundo
o site Pragmatismo Político, ameaças veladas foram feitas com o objetivo de influenciar o resultado da investigação.
Os
procuradores do Ministério Público Federal
(MPF)
Athayde
Ribeiro Costa,
Roberson
Henrique
Pozzobon, Januário
Paludo
e Júlio
Noronha
bateram
à porta de uma residência em São Paulo e foram
atendidos por familiares de
Edivaldo
Pereira Vieira,
que
presta serviços de eletricista, pintor e jardinagem em casas e sítios.
Começam então a questionar se ele
trabalhou no sítio usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se conhece
um dos donos do imóvel, o empresário Jonas
Suassuna.
O homem garante que não conhecia o empresário e nem esteve no local. Foi neste momento que as ameaças tiveram início:
Procurador: Quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente pra depor daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas…
Interrogado:
Dessas… Sobre o quê?
Procurador:
Sobre, por exemplo, o senhor já trabalhou no sítio Santa Barbara?
Interrogado:
Não trabalho.
Procurador:
O senhor já conheceu o senhor Jonas
Suassuna?
Interrogado:
Nunca… Nunca vi.
Procurador:
O senhor já fez algum pedido pra ele em algum lugar?
Interrogado:
Nem conheço.
Procurador:
Então, por exemplo, aí eu te apresento uma série de documentações. Aí fica ruim pro senhor, entendeu?
Esta conversa foi gravada pelo filho do interrogado, um trabalhador da região de Atibaia.
Nas
gravações, os membros do MPF tentam, sutilmente,
induzi-lo ao
que dizer.
Os procuradores
fazem uma nova ameaça velada a Vieira, de que ele poderia ser convocado a depor e dizer a verdade.
Procurador:
É a primeira vez, o senhor nos conheceu agora, e eventualmente talvez a gente chame o senhor pra depor oficialmente, tá? Aí, é, dependendo da circunstância nós vamos tomar o compromisso do senhor,
né, de dizer a verdade, aí o senhor que sabe.
Interrogado: A verdade?
Procurador: É.
Interrogado: Vou sim, vou sim.
Procurador: Se o senhor disser a verdade, sem, sem problema nenhum.
Interrogado: Nenhum. Isso é a verdade, tô falando pra vocês.
Procurador: Então seu
Edivaldo, quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente pra depor daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas.
O nome de Pereira Vieira consta na
lista de acusados constantes do mandado de busca e apreensão
da 24ª etapa da operação Lava Jato,
assinado pelo juiz
Sergio
Fernando Moro, que investiga se o ex-presidente Lula é o dono de sítio em Atibaia.
Ao se despedirem,
os membros do MPF insistem:
Procurador:
Se o senhor mudar de ideia e quiser conversar com a gente, o senhor pode ligar pra gente?
Interrogado:
Mudar de ideia? Ideia do quê?
Procurador:
Se souber de algum fato.
Interrogado:
Não…
Procurador:
Se você resolver conversar com a gente você liga pra gente, qualquer assunto?
Interrogado:
Tá.