Guerra comercial e brexit elevam temores de recessão mundial

Escalada da guerra comercial e brexit elevam temores de recessão mundial

© iStock (Foto ilustrativa) 

Economia Tensão 12/08/19 POR Folhapress

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) A guerra comercial travada entre Estados Unidos e China alcançou um patamar perigoso nos últimos dias e passou a representar um risco de recessão para a economia mundial no próximo ano.

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Na avaliação de especialistas, a escalada das tensões entre os dois países –somada à instabilidade política em regiões como Europa, Oriente Médio e Brasil– afeta a confiança na economia e provoca um ciclo nocivo ao crescimento da produção e do comércio.

"Há chance real de mergulhar a economia global em uma recessão. Acho que observaremos isso no primeiro semestre de 2020", afirma Robert Salomon, professor da New York University Stern School of Business. 

"Consumidores e investidores sentem que não haverá fim dessa guerra no curto prazo, e isso afeta sua confiança na economia. Quanto menos confiam, menos gastam, menos investem, menos contratam e, consequentemente, menos crescem, começando até a diminuir de tamanho."

Na semana retrasada, o presidente dos EUA, Donald Trump, encerrou de forma súbita a trégua comercial com o governo Xi Jinping, estabelecida desde o fim de junho.

Via rede social, como é de costume, o americano anunciou que vai taxar em 10% mais US$ 300 bilhões (R$ 1,1 trilhão) em importações anuais dos chineses a partir de setembro. A nova rodada de tarifas será somada aos 25% já cobrados de outros US$ 250 bilhões (R$ 960 bilhões) em compras e deve ter impacto maior na inflação, pois a medida atingiria bens de consumo.

Em resposta, a China desvalorizou sua moeda, derrubando os mercados financeiros. A avaliação dos analistas é que esse movimento ocorre em cima de uma desaceleração que já dura mais de um ano e que a queda dos índices pelo mundo reflete a consciência sobre a recessão.

EUA e China –as duas maiores economias globais– não têm procurado alternativas para seus mercados e, com a batalha das tarifas em curso ascendente, tornam mais custoso aos consumidores comprarem seus produtos. 

Vencedor do Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman tem feito projeções igualmente pessimistas sobre as consequências da guerra comercial para o resto do globo.

Em artigo publicado pelo jornal The New York Times no início de agosto, o economista afirma que a escalada comercial não tem dado o resultado esperado por Trump.

Para ele, o presidente americano deve empurrar as tarifas contra a China até o limite e pode até expandir a batalha para outros países, como o Vietnã. "As implicações para a economia americana e para as outras economias do mundo estão começando a ficar bastante assustadoras."

A dúvida sobre a duração da disputa comercial ganha novas cores quando acrescentados os efeitos de uma saída britânica sem acordo da União Europeia e o crescimento de movimentos populistas e nacionalistas pelo mundo.

"O brexit é a primeira coisa que pode contribuir para a recessão, além da guerra comercial EUA-China. Outras seriam as tensões geopolíticas, e não quero só dizer desses movimentos populistas na Europa ou no Brasil, mas também tensões no Oriente Médio, que envolvem EUA, Reino Unido e Irã", explica Salomon.

Quem observa o mercado americano de perto não acredita em um acordo próximo entre americanos e chineses. Ao mesmo tempo que Trump e China não baixam as armas, o Reino Unido também escala sua retórica. 

O recém-empossado primeiro-ministro Boris Johnson promete tirar o país do bloco europeu até 31 de outubro "sem 'se' ou 'porém'", em mais um ingrediente que assusta os investidores. Os temores aumentam à medida que os números da economia britânica também diminuem e podem estar levando o Reino Unido à primeira recessão em uma década.

Na sexta (9), o Instituto de Estatísticas Nacionais mostrou que o PIB do país caiu 0,2% no primeiro trimestre, encolhimento inédito em seis anos.  Mais pragmáticos do que os brasileiros, os donos do dinheiro nos EUA não costumam dar muito peso ao componente político quando fazem suas apostas, mas é consenso entre os investidores que há paralisação e insegurança econômica com o roteiro desenhado pela guerra comercial e o brexit.

O Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), por sua vez, havia cortado os juros pela primeira vez em mais de uma década na véspera do anúncio de Trump das novas tarifas sobre os bens da China. Enquanto há disputa tarifária entre as duas potências, o Brasil tem se beneficiado na venda de produtos agrícolas .

No entanto, empresários e investidores afirmam que o risco de crise mundial tem preocupado, já que esse cenário é passageiro –assim que EUA e China baterem o martelo sobre o acordo, o Brasil deixa de ser vantajoso.

O professor da New York University, por sua vez, evita fazer prognósticos sobre o impacto de uma possível recessão em países como o Brasil.

Mas não deixa de alertar para a consequência óbvia no mundo econômico: "Tradicionalmente, países em desenvolvimento sofrem mais com recessão do que os desenvolvidos".

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