Procon-SP multa Google e Apple por app que 'envelhece' rostos

O Google recebeu a multa mais pesada: R$ 9,9 milhões, valor máximo estipulado pelo CDC. A pena da Apple foi de R$ 7,7 milhões

© Shutterstock

Brasil Procon-SP 30/08/19 POR Estadao Conteudo

A Fundação Procon-SP aplicou uma multa a Google e Apple por conta do FaceApp, aplicativo de 'envelhecimento' que virou febre na internet brasileira em julho. Segundo o Procon, as empresas desrespeitaram o Código de Defesa do Consumidor (CDC) ao disponibilizar em suas lojas para celular um app que não tem "Política de Privacidade" e "Termos de Uso" em português.

PUB

O app, de origem russa, tem os contratos escritos apenas em inglês.

Segundo o Procon, informação adequada, clara e em língua portuguesa é um direito básico do consumidor. O Google recebeu a multa mais pesada: R$ 9,9 milhões, valor máximo estipulado pelo CDC. A pena da Apple foi de R$ 7,7 milhões. As diferenças nos valores, segundo a fundação, refletem a diferença de receita das companhias no País.

Caso os contratos estivessem em português, os usuários ficariam sabendo, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, que o FaceApp entrega dados a anunciantes, além de se dar o direito de transferir os dados para países que não tenham as mesmas leis de proteção de dados que o Brasil.

Fernando Capez, diretor-executivo da Fundação Procon-SP, disse à reportagem que notificou por e-mail o Wireless Lab, empresa dona do FaceApp, mas não teve resposta. A Wireless Lab não tem representação oficial no Brasil.

"O FaceApp está fora do alcance da Justiça Brasileira, fora do alcance dos órgãos de fiscalização. É praticamente uma empresa fantasma. Por isso Google e Apple sofreram essa ação", disse Capez.

Em julho, o Procon notificou Google e Apple sobre as violações do FaceApp. A expectativa era de que, ao tomar ciência das violações, as gigantes retirassem o app de suas lojas, o Google Play e a App Store, o que não aconteceu.

No entendimento das empresas, elas cumprem a legislação local: os termos de uso e política de privacidade de suas lojas, e até a descrição dos apps oferecidos por terceiros, está em português.

Além disso, as lojas virtuais seriam uma plataforma para intermediar o acesso do usuário a produtos ofertados na maioria das vezes por desenvolvedores independentes. Google e Apple, portanto, não teriam responsabilidade pelos contratos feitos entre os usuários e terceiros. Os responsáveis por violações do CDC seriam dos próprios desenvolvedores.

A explicação não agradou o Procon, que pensa que as gigantes se tornam responsáveis por apps que não têm representação local.

"Essa ação abre um precedente e uma discussão internacional. Quando você toma ciência de uma oferta abusiva, a atitude correta é retirar o aplicativo", diz Capez.

Em nota, o Google disse: "Seguindo a filosofia do sistema operacional Android, o Google Play é uma loja virtual aberta na qual o próprio Google e terceiros podem disponibilizar aplicativos e jogos, que podem ser baixados por usuários para serem utilizados em seus celulares. O Marco Civil da Internet e o próprio Código de Defesa do Consumidor dispõem que as lojas virtuais não devem ser responsabilizadas pelas práticas e políticas de aplicativos de terceiros, por isso, tomaremos as medidas necessárias para questionar a multa imposta pelo Procon."

A Apple não quis comentar.

As duas companhias poderão recorrer à decisão em duas instâncias administrativas do Procon, além de poder recorrer judicialmente. Caso optem por pagar, terão desconto de 30% caso o pagamento seja realizado à vista.

Rigor contra gigantes de tecnologia

Neste ano, as empresas de tecnologia estão sofrendo com a postura mais rigorosa dos órgãos de proteção ao consumidor. Neste mês, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou Facebook e Google em casos diferentes.

Na época, Luciano Timm, Secretário Nacional do Consumidor, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que abordagem mais dura junto a empresas de tecnologia faz parte também do interesse do governo brasileiro de ingressar na OCDE. "Existe uma conexão absoluta entre os fatos. Já fizemos o pedido para aderir a todo o normativo de defesa do consumidor."

Após as multas relacionada ao caso FaceApp, Fernando Capez disse que o Procon está alinhado com a postura linha dura da Senacon. "Atuamos em total sintonia, portanto o tratamento é mais duro. Essas empresas investem pouco no Brasil, têm sede local com poucos funcionários e estão entre as cinco mais ricas do mundo. O tratamento será mais rigoroso nos termos da lei", diz.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Anya-Taylor Jo Há 23 Horas

O vestido de princesa de Anya-Taylor Joy que encantou Cannes

esporte Óbito Há 20 Horas

Narrador Silvio Luiz morre aos 89 anos em São Paulo

politica Meio Ambiente Há 2 Horas

Vereador do PL diz que 'peso das árvores' causou tragédia climática no RS

fama LUCIANA-GIMENEZ Há 18 Horas

Luciana Gimenez comemora formatura do filho, Lucas Jagger, na Universidade de Nova York

mundo Aviões Há 23 Horas

Funcionário de aeroporto cai de avião na Indonésia após remoção de escada

economia Lula Há 23 Horas

União dará Pix de R$ 5,1 mil e planeja comprar casas para vítimas das cheias

esporte Ranking Há 11 Horas

Com Neymar, Forbes divulga lista dos atletas mais bem pagos do mundo

brasil CHUVA-RS Há 21 Horas

Aumenta para 151 o número de mortos na tragédia no Rio Grande do Sul

economia Educação Há 23 Horas

Governo propõe aumento de 13% a 31% a professores até 2026

mundo Streaming Há 17 Horas

Mãe detona quem critica filho gay: "Pior era se fosse homofóbico"