"Crime organizado é responsável pelo desmatamento", diz Raquel

Segundo a procuradora-geral informações apuradas pelo MP Federal revelam "indícios da existência de associação entre os grupos que derrubam a mata e os compradores de madeira no exterior"

© Antonio Augusto / PGR

Brasil Desmatamento 02/09/19 POR Estadao Conteudo

A procuradora-geral, Raquel Dodge, afirmou, nesta segunda (2) que o crime organizado é responsável pelo desmatamento da Floresta Amazônica. Segundo ela, informações apuradas pelo Ministério Público Federal revelam "indícios da existência de associação entre os grupos que derrubam a mata e os compradores de madeira no exterior, para onde segue grande parte do produto extraído ilegalmente no território nacional".

PUB

As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

Segundo a PGR, "para reverter o problema, é preciso valorizar o papel do Ministério Público dentro do sistema penal acusatório e investir em mecanismos de cooperação internacional que levem em conta as características de cada tipo de delito, com ações tanto no plano doméstico quanto no internacional".

As declarações de Raquel foram feitas na solenidade de abertura da reunião de trabalho entre procuradores do Ministério Público Federal representantes da Eurojust (Unidade de Cooperação Jurídica da União Europeia).

O evento ocorre hoje e na terça, 3, na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

Ao avaliar o tema do desmatamento no Brasil, Raquel destacou que é preciso enfrentar a questão como fenômeno transnacional.

"As informações que temos é de uma associação estreita entre quem desmata e quem compra madeira", afirmou a procuradora-geral. "Entre quem desmata, e põe fogo na mata, e quem usa essa madeira no exterior. [A madeira] não é usada só no território brasileiro. Aliás, é poucas vezes usada no território nacional. Inclusive, porque o porto do escoamento é no Norte do Brasil, não é para dentro do Brasil."

Segundo ela, o empreendimento de desmatamento é muito oneroso. "Porque adentrar a floresta, desmatá-la numa primeira fase com uso de mão de obra escrava, carregar aquelas toras, encaminhá-las pelo rio até chegar ao porto, transportá-las de navio até o exterior é obra de uma organização e de um engendramento que não é fruto de coautoria, de uma ação ocasional não planejada", ressaltou a chefe do Ministério Público Federal.

Raquel ainda reforçou a necessidade da implementação de ações de cooperação entre o Ministério Público brasileiro e autoridades estrangeiras.

Ela defendeu o enfrentamento da corrupção e à lavagem de dinheiro com instrumentos que vedem transferência dissimulada para o exterior, de valores do patrimônio público brasileiro.

"Inclusive, porque os outros países têm sido santuário do desvio do dinheiro do patrimônio público brasileiro. Se não houver cooperação para que os países europeus não sejam o destino desse dinheiro desviado do nosso patrimônio público, essa corrupção continuará a ser praticada", asseverou a procuradora.

A procuradora abordou, ainda, os altos índices de violência no País. Para ela, o crime organizado é responsável por grande parte dos 65 mil homicídios que ocorrem por ano no Brasil. Muitas dessas mortes são relacionadas ao tráfico internacional e ao tráfico doméstico de drogas. "O Brasil não é produtor da maioria da droga associada ao tráfico internacional", observou.

Papel do Ministério Público - Raquel fez defesa veemente do papel do Ministério Público dentro do sistema penal acusatório, que é o adotado no Brasil, e no qual há distinção entre o órgão acusador, a defesa e o juiz imparcial.

Ela criticou o que chamou de amarras impostas aos Ministérios Públicos em diversas partes do mundo, disse ser importante o intercâmbio de informações, previsto em leis e necessário para o ajuizamento de denúncias, pedidos de busca e apreensão, e autorizações de interceptações telefônicas que aprofundem a investigação.

"É avanço importantíssimo termos um órgão que acusa, outro que defende, e o juiz que julga", declarou a procuradora-geral. "E por que o protagonismo do juiz no enfrentamento do crime organizado, sendo que o papel dele é de neutralidade? Ele vai receber a prova das duas partes. É preciso enfatizar a cooperação dentro do sistema de Justiça, mas dando a cada ator, considerando o sistema penal acusatório, o papel de preponderância que tem. E nesse ambiente, o Ministério Público precisa ter o papel destacado que a Constituição e as leis do Brasil lhes confere.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Rio Grande do Sul Há 20 Horas

Grávida, Miss Brasil 2008 está desaparecida há 3 dias após chuvas no RS

justica Santos Há 12 Horas

Homem é flagrado abusando sexualmente de moradora em situação de rua

brasil enchentes no Rio Grande do Sul Há 20 Horas

Aeroporto de Porto Alegre suspende voos por tempo indeterminado

justica São Paulo Há 19 Horas

Corpo achado em matagal é de adolescente que sumiu ao comprar lanche

brasil justa causa Há 19 Horas

Bancária é demitida ao postar foto no crossfit durante afastamento médico

lifestyle Ozempic Há 19 Horas

'Seios Ozempic' entre os possíveis efeitos colaterais do antidiabético

brasil enchentes no Rio Grande do Sul Há 12 Horas

Sobe para 57 o número de mortos em temporais do RS

mundo Pensilvânia Há 20 Horas

Mulher morre após ser atingida por cilindro de metal desgovernado

fama Rio de Janeiro Há 19 Horas

Madonna faz show hoje para 1,5 milhão de fãs; saiba tudo do evento

fama MADONNA-RIO Há 13 Horas

Show Madonna no Rio será com playback, assim como outros da turnê; entenda