Tributação brasileira é um monstro que atrapalha competitividade

Essa é a opinião do deputado Aguinaldo Ribeiro, relator da reforma tributária da Câmara

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Economia REFORMA-TRIBUTÁRIA 24/09/19 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A atração de mais investimentos para o setor produtivo brasileiro depende da instalação de um novo sistema tributário que seja menos confuso do que o atual e que garanta segurança jurídica aos investidores.  "No Brasil, temos um sistema tributário que é um monstro e atrapalha a competitividade do país. Ele tem mais de 390 mil normas e ainda carrega resquícios do período de hiperinflação do país. Estamos muito atrasados para fazer uma reforma", disse o  deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), durante um debate sobre o tema realizado pela Folha de S. Paulo em parceria com a FGV nesta segunda-feira (23), em São Paulo. 

PUB

Ribeiro é o relator da reforma tributária da Câmara dos Deputados (PEC 45). Apresentada em abril deste ano pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP), a proposta tem como pilar a unificação de cinco impostos, sem que a carga tributária total seja diminuída. 

No novo regime, seria criado o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que incide sobre o consumo e substitui IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), PIS (Programa de Integração Social), ISS (Imposto sobre Serviços), e ICMS (Imposto sobre a Circulação de Bens e Mercadorias).

 A unificação, disse o Ribeiro, viabiliza a transferência da tributação para o consumo. "Em um momento em que o país precisa de geração de emprego, não podemos onerar o setor produtivo", afirmou Ribeiro. "Estamos há 30 anos tentando fazer essa reforma. A diferença, agora, é que há disposição dos entes federados. Mas cada um tem uma opinião sobre o que deve mudar e o que deve permanecer no sistema, resta saber que reforma tributária nós queremos", completou o deputado.

A unificação das alíquotas, que seriam transformadas em uma única quota nacional, é outro ponto da reforma destacada pelo relator.  "Uma das preocupações com a PEC é de que a alíquota única feriria o princípio da autonomia federativa. Estamos incluindo na proposta que cada ente federado pode definir a sua alíquota, pode reduzir ou aumentar, mas terá de aprovar antes na Assembleia Legislativa. Essa definição vai ter de ser debatida com a sociedade".

Para Armando Castelar, coordenador da Economia Aplicada do FGV IBRE, a maior preocupação sobre a PEC é que ela consiga avançar com rapidez para que os investimentos possam chegar o quanto antes. Segundo Manoel Pires, pesquisador-associado do FGV IBRE e ex-secretário de Política Econômica no governo Dilma, que também participou do debate, o fato de a PEC não pretender discutir todos os pontos que precisam ser atacados pela reforma de uma vez só facilita o diálogo e pode dar mais agilidade à aprovação da proposta.

"Apesar de não tratar da tributação como um todo, essa PEC é muito ambiciosa e pode mudar bastante a cara do sistema tributário do país. Ela toca no mais importante, que é a tributação no consumo, onde governos estaduais e municipais mais arrecadam, mas também é onde há mais distorções", disse o pesquisador.

"Tentar colocar tudo em uma mesma PEC é um caminho para que a reforma não aconteça. O mais importante é andar com velocidade e ainda neste ano ter um modelo que sinalize para as empresas o que vai acontecer", acrescentou Castelar.

Atacar distorções do sistema é um dos principais objetivos da reforma. O ICMS, por exemplo, é um imposto usado como arma na chamada guerra fiscal entre os estados. Com base no tributo, estados atraem a indústria ao oferecer incentivos fiscais, visando a geração de empregos na região. 

"Os governos usam a arrecadação para comprar emprego via incentivo fiscal. Na prática, o governo está tirando dinheiro do cidadão, renunciando receita, e não sabe se a empresa dá a contrapartida que prometeu", disse Ribeiro.

Caso o texto apresentado seja aprovado sem alterações, a Zona Franca de Manaus, área de incentivos fiscais para estimular a fixação da indústria na região de Manaus, chegaria ao fim. A proposta veda a concessão de incentivos fiscais. 

Para os participantes do debate, o mecanismo é um dos fatores que geram mais distorções na tributação brasileira. Muitas vezes, afastam a indústria da região consumidora e fazem aumentar os custos de transporte e logística. "Qualquer imposto gera um grau de deficiência. Precisamos de tributos para que o estado possa existir, mas o objetivo é fazer isso com o mínimo de distorção possível", afirmou Armando Castelar.

A proposição de emendas para a PEC, porém, chega ao fim nesta semana e pode mudar alguns pontos da reforma. Para o deputado Aguinaldo Ribeiro, o importante agora é tratar do que é possível no momento, escolhendo prioridades. "Enquanto não definirmos nossas prioridades, vamos viver esse conflito de ser um país tão rico e tão pobre ao mesmo tempo", concluiu.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Óbito Há 10 Horas

Morre o Presidente do Irã Ebrahim Raisi em tragédia de avião

fama Fake News Há 9 Horas

Instagram sinaliza como 'fake news' postagem de Regina Duarte sobre o RS

fama Saúde Há 9 Horas

Tony Ramos é submetido a nova cirurgia após novos hematomas no crânio

tech Espaço Há 9 Horas

Saiba o que a cor diz sobre o meteoro que iluminou os céus de Portugal

politica Justiça Há 9 Horas

STF: entenda por que ministros indicados por Bolsonaro votaram contra seu salvo-conduto

esporte Morte Há 10 Horas

Zagueiro de 19 anos morre vítima de infarto antes de jogo no Pará

brasil Rio Grande do Sul Há 10 Horas

Ônibus são incendiados na região central de Porto Alegre

fama Televisão Há 10 Horas

Fátima Bernardes aceita dançar com Antonio Banderas na final da Dança dos Famosos

brasil ACIDENTE-SP agora mesmo

Motorista tenta atropelar ladrão com Lamborghini após ser roubado e bate o carro em SP

mundo Japão Há 9 Horas

Japão em alerta: homem morre em ataque de urso e policiais ficam feridos