Orlando Drummond, o eterno Seu Peru, completa 100 anos

O ator ganhou notoriedade com o personagem Seu Peru da 'Escolinha do Professor Raimundo', criado em 1952

© Divulgação / TV Globo

Fama ORLANDO-DRUMMOND 18/10/19 POR Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - "Chegar aos 100 anos é uma verdadeira dádiva de Deus. Vivo uma vida de alegrias ao lado da minha família e, desta maneira, vou comemorar meu aniversário. Junto com a família e com bons amigos", afirma o ator e dublador Orlando Drummond, que completa 100 anos nesta sexta (18).

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Ao lado de Chico Anysio, Drummond ganhou notoriedade com o personagem Seu Peru da Escolinha do Professor Raimundo, criado em 1952 para a versão do programa ainda no rádio. Para comemorar seu centenário, ele vai reviver o personagem na Escolinha, no próximo domingo (20), ao lado de seu intérprete atual, Marcos Caruso.

A presença de Drummond no set, durante a gravação, em julho, foi surpresa para o elenco. A pedido da diretora Cininha de Paula, os atores saíram da sala enquanto o humorista entrava no local. Quando retornaram ao cenário, lá estava ele, sentado na carteira que ocupou durante anos, com o figurino completo de Seu Peru. 

O último a entrar foi Marcos Caruso, o herdeiro do personagem, que não conseguiu segurar as lágrimas. "Todos estavam com lágrimas nos olhos porque percebiam a minha emoção. E eu recebendo a emoção de Orlando e dos colegas. Para ficar marcado na história profissional da minha vida", disse Caruso, à época.

Em cena, Drummond e Caruso interagiram e arrancaram gargalhadas da plateia com os trejeitos e bordões clássicos do personagem, como "Estou porr aqui" e "Te dou o maiorr apoio". "Caruso me procurou e eu autorizei [que ele ficasse com o personagem]. Ele ligou para a minha casa. Foi muito bacana, muito leal, uma pessoa muito gentil", destaca Drummond, brincando de fazer os trejeitos de Seu Peru. 

Drummond reflete sobre os 100 anos de vida e diz que não tem do que se queixar. Ele afirma que come de tudo, lê o jornal diariamente, faz passeios pelo shopping e ainda mantém uma conta no Instagram, administrada pelos netos, com quase 60 mil seguidores. 

Entre uma atividade e outra, o ator diz que tira aquela soneca. Deixou o remo e o futebol e agora seu esporte é a fisioterapia, que faz três vezes por semana. Diz que dirigiu até os 95, mas depois que deu uma raspadinha no carro resolveu se aposentar do volante. Neste ano, até curtiu o Carnaval em um bloco de rua que o homenageou.

Eterno apaixonado, ele afirma que tem que estar com tudo em cima para agradar o seu amor, Glória Drummond, 85, com quem é casado desde 1951. "Sou casado com uma mulher mais nova e exigente. Aprendi a ser exigente com ela. É o meu encanto. Somos eternamente apaixonados."

O casal se conheceu em junho de 1948, nos bastidores de um programa de rádio de Pedro Anísio, cuja estreia Glória foi prestigiar. "Nos olhamos e ele pediu o meu telefone para o Pedro Anísio, que custou a entregar. Mas ele tanto insistiu que conseguiu", conta ela.

Os dois têm dois filhos, Orlando e Lenita Helena, cinco netos, Marco Aurélio Asseff, Michel Assef Filho, e os dubladores Felipe Drummond, Alexandre Drummond, Eduardo Drummond, e dois bisnetos, Miguel e Mariah. 

"Temos um amor e uma amizade muito grande. Um pertence ao outro, depende um do outro para tudo, para viver, para respirar. É uma convivência que a gente cria uma amizade terrível. Ele é muito carinhoso, faz várias declarações de amor todos os dias", completa Glória. 

Filho de Alcinda Drummond Cardoso e de Arthur Candido Cardoso, Orlando Drummond tem, ao todo, nove irmãos. Casemiro e Maria Dárida por parte de pai e Oswaldo, Virgínia, Risoleta, Edith, Orlando, João e Paulo da união de Arthur e Alcinda. Orlando é o único vivo, apesar de todos terem vivido bastante, segundo Glória. 

"Eu nasci no bairro de Todos os Santos. Bons tempos. Moramos um tempo juntos, depois cada um foi casando e encontrando a sua vida. E dali a gente foi saindo. Eu vim para Vila Isabel quando criança e hoje com a idade que estou ainda moro aqui. Só que casado e com um casal de filhos maravilhosos", relembra o ator. 

"Minha sogra contava que todos os seus filhos eram bem levados. Eles moraram ali em São Cristóvão também e fugiam para a Quinta da Boa Vista, onde escondiam dos pais nas árvores. Na época de Cosme e Damião, Orlando subia nas árvores, esperava o pessoal colocar doce ali em baixo e descia para comer", diz Glória.

FASE DUBLADOR

Em julho, em conversa com a reportagem, o ator segurava um pedaço de jornal com anotações: 68 anos de casamento, 60 de dublagem, 70 no rádio e na televisão. Os nomes de seus personagens mais conhecidos, no entanto, não estavam na cola. Ele sabe tudo de cor: Scooby Doo, Alf ("Alf: O ETeimoso"), Popeye, e Vingador ("Caverna do Dragão"), como o dublador, e Seu Peru ("Escolinha do Professor Raimundo"), como ator. 

Entre os personagens de desenho animado dublados por ele, Scooby-Doo é seu preferido e o mais longevo. A família do ator junta documentos para que Drummond entre para o Livro Guinness de Recordes por ter dublado o cachorro de Salsicha por 42 anos ininterruptos. "Criei a voz de Scooby conforme a imagem que eu via. Ensaiei três vozes e o diretor escolheu uma. Eu tinha outra força na garganta, que hoje não tenho mais. Cem anos não é mole."

Glória relembra que estava na praia com o marido e com a filha, Lenita Helena, hoje com 66 anos, em uma tarde dos anos 1950 quando ele disse que tinha sido convidado para fazer testes "com uns filmes que vêm de fora e a gente coloca a nossa voz". Entusiasmado, fez o primeiro. Adorou e engrenou na profissão.

"Comecei na verdade como contrarregra [em 1942]. Fui o melhor de rádio teatro. Passei a fazer umas pontinhas aqui e ali, acabei me habituando e cheguei a papeis melhores. Então, segui minha carreira como rádio ator e dublador. Eu fui dublador por acaso, me adaptei logo, entendi a coisa e fiz grandes dublagens. Foi um sucesso, graças a Deus. E aí deu para crescer para a televisão [...] Quantas vozes eu fiz, quantas coisas que eu fiz e não tomei nota, que passaram no tempo."

Em maio deste ano, Drummond dublou o vilão Vingador em um comercial da Renault, que reviveu o desenho Caverna do Dragão. "Já me esqueci do comercial, mas graças a Deus o público não esquece não. E de tanto falarem, eu acabo me lembrando. Eu não tenho do que me queixar."

Para eternizar a trajetória de Orlando Drummond, o jornalista Vitor Gagliardo, chefe de reportagem da TV Brasil, prepara o lançamento da biografia "Orlando Drummond - Versão Brasileira" (Ed. Gryphus), que deve ocorrer na primeira quinzena de novembro. O livro, segundo o jornalista, tem quase 340 páginas de texto e 16 de fotos. 

"Meu método de trabalho foi entrevistas com Orlando, familiares e dubladores. O próprio Orlando tem uma vasta documentação guardada. Além disso, fiz toda uma pesquisa buscando informações divulgadas pela imprensa."

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