Após prisão, celular indica que homem não estava em local do crime

O rastreamento de um celular indicou que um cabeleireiro não esteve no local do crime, no qual ele ficou 16 meses na prisão

© Chad Madden / Unsplash

Justiça Julgamento 27/11/19 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A quebra do sigilo telefônico do cabeleireiro Sidney Sylvestre Vieira, 31, entregue nesta terça (26) à Justiça de São Paulo por operadora de celular, reforça a tese de que o rapaz não esteve em Itapecerica da Serra (Grande SP) no dia em que foi cometido o crime pelo qual ele ficou preso por 16 meses.

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Vieira foi solto no último dia 13 após ficar um ano e quatro meses preso sob a suspeita de ter participado do sequestro e tortura do aposentado Miguel Elias, 74, no dia 19 de novembro de 2017, em Itapecerica, mesma data em que ele foi encontrado jogado às margens de uma rodovia. A vítima morreria 15 dias depois, em 4 de dezembro.

De acordo com as informações prestadas pela operadora Vivo, entre as 9h01 do dia 18 de novembro de 2017 (um dia antes do crime) e as 23h37 do dia 21 de novembro (dois dias depois), foram efetuadas e recebidas 52 ligações pelo telefone celular usado por Vieira. Nenhuma delas foi realizada ou recebida em Itapecerica da Serra.

O rastreamento das bases repetidoras de sinais (ERBS), que foram acionadas durante as ligações efetivadas (e que deixaram registro) indicam que o celular de Vieira só recebeu ou efetuou ligações de endereços localizados em Embu das Artes, cidade onde ele mora e trabalha. São cerca de 15 km entre a casa de Vieira e Itapecerica da Serra.

A quebra dos sigilos telefônicos do cabeleireiro não foi solicitada pela Polícia Civil ou pelo Ministério Púbico durante as investigações. O pedido foi feito pela defesa de Vieira, em abril deste ano, já que o rapaz e todas as testemunhas dele afirmavam que o cabeleireiro não deixou a cidade naqueles dias.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo nesta semana, Vieira disse ter tentado explicar isso à juíza do processo, mas diz que ela não quis escutá-lo. "Se ela me ouvisse, se ela chegasse a conversar comigo, eu iria dizer para ela: 'Procure onde está o erro, porque eu nunca saí de Embu'", disse ele.

A família também apontava o uso do aparelho como uma prova da inocência dele porque, sem crédito, só conseguia acessar as redes sociais quando estava em casa ou no trabalho. Na noite e suposto horário do do crime, ele curtiu uma foto em uma rede social quando estava em casa.

O advogado Thiago Gomes Anastácio, defensor de Vieira, disse ver nas informações obtidas a partir da quebra do sigilo telefônico uma prova inconteste da inocência do cabeleireiro. "Foi desnudado o erro judiciário. Mais uma vida perdida que deve não apenas servir de exemplo, mas humanizar todos nós do sistema de Justiça. Nós erramos e erramos gravemente. Não falo apenas da magistratura, do Ministério Público, mas de todos nós quando silenciamos sobre os erros que sabemos existir", afirma ele.

Procurado, o Ministério Público não comentou as informações anexadas ao processo. Informou, apenas, que a Promotoria ainda não foi intimada pela Justiça para se manifestar sobre o relatório.

ENTENDA O CASO

Vieira foi preso em 13 de julho do ano passado após ser apontado pela Polícia Civil como comparsa do marceneiro Rubens Henrique Pungirum, 32, principal suspeito do sequestro, tortura e morte de Elias. Este homem teria agredido o aposentado por suspeitar que Elias teria estuprado sua filha, que tinha 11 anos à época. As investigações colocam dúvidas se houve, de fato, o estupro.

Localizado pela policia, Pungirum apontou dois nomes como seus ajudantes no crime: Sidnei e um "tal de Beto". Nenhum dos supostos comparsas tinha nome completo.

A investigação chegou ao nome de Sidney Sylvestre Vieira supostamente ao encontrar, entre os pertences de Pungirum, um cartão de visitas do salão de cabeleireiro. Vieira disse à Folha de S.Paulo que aqueles cartões encontrados pela polícia eram espalhados por toda a cidade de Embu, como propaganda do salão, e nunca chegou a ver Elias; e que só veio conhecer o comerciante no fórum, quando foram apresentados pelos policiais.

Tempos depois de dizer os nomes de supostos comparsas, Pungirum voltou atrás e disse na Justiça que só mencionou nomes após ter sido agredido por policiais que conduziram as investigações.

O recuo do suspeito deixou a polícia e o Ministério Público sem provas da ligação de Vieira com o crime. Mesmo assim, e mesmo o cabeleireiro sendo réu primário, com residência e empregos fixos, todos os pedidos de liberdade solicitados no processo foram negados pela Justiça até o último dia 13, quando o juiz Gustavo Henrichs Favero revogou a prisão preventiva e deu a ele oportunidade de responder ao processo em liberdade. A decisão final do processo ainda não foi marcada.

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