Anthony Hopkins, que vive Bento 16, diz que papas são apenas humanos

As filmagens aconteceram em Roma em maio do ano passado

© Reprodução / Instagram

Cultura CINE-DOIS PAPAS 04/12/19 POR Folhapress

ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - Chega nesta quinta (5) aos cinemas e, no dia 20 de dezembro à Netflix, o novo filme de Fernando Meirelles, "Dois Papas", que trata da transição de poder entre Bento 16 e Francisco, em 2013.

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Anthony Hopkins interpreta o alemão Joseph Ratzinger, o primeiro papa da Igreja Católica a renunciar desde Gregório 12, em 1415. As razões que o levaram a tomar essa decisão ele contará ao argentino Jorge Bergoglio, vivido nas telas por Jonathan Pryce.

As filmagens aconteceram em Roma em maio do ano passado, mas não no Vaticano, e sim na Cinecittà, estúdio que ficou célebre por ser associado à geração de cineastas italianos do pós-guerra.

A reportagem acompanhou o trio por um dia e conversou com eles, ao lado de dois jornalistas europeus.

PERGUNTA: Como vocês se prepararam para interpretar os papas? 

Anthony Hopkins - Não me preparei muito. Eu li um livro escrito por Ratzinger e também outro, de um historiador. Assisti a entrevistas em inglês e a alguns dos discursos em italiano. A voz dele não é como a de outro homem, tem uma rouquidão, é uma voz de barítono. E é isso que eu imito, essa voz. Sei que ele tem um sotaque alemão, da Baviera, mas eu não faço de forma exagerada.

Eu vi várias de suas aparições na sacada e há um vídeo em que ele levanta e senta de novo e diz "ah! Eu esqueci da minha parte em espanhol". Acho que ele é um cara legal e que tem compaixão. Provavelmente ele seja mais quieto e reservado, sabe? Conservador. Mas tentei inserir bastante humor, um humor irônico. 

Jonathan Pryce - Podemos dizer que sei sobre Francisco desde que ele tomou posse. Então, você lê o [jornal britânico] Guardian e, pelo menos uma vez por semana, há um texto sobre o papa. Essa é a pesquisa. Também li algumas biografias e assisti a vídeos no YouTube. E isso me informou bastante. Não vou dizer que sou preguiçoso, mas, no roteiro, os autores já fizeram uma pesquisa incrível e você quer cumprir o script da mesma forma caso fosse uma ficção.

P: O longa é baseado numa peça que não é totalmente embasada na realidade. Os diálogos são inventados, certo?

AH - É uma ficção, as conversas provavelmente não aconteceram. Mas a minha avaliação é que eles são apenas humanos e isso é a coisa maior. Eles sofrem, eles sentem. Eles são só humanos, não são Deus. 

JP - É interessante, porque a dinâmica dessas conversas, provavelmente, nunca aconteceu. Mas tem algumas coisas que sabemos sobre o Ratzinger querendo renunciar, obviamente. 

Fernando Meirelles - O filme fala muito sobre culpa e redenção – e o Francisco não está muito bem. Muitos argentinos gostam dele, mas muitos não gostam porque dizem que ele colaborou com a ditadura, o que não é verdade. A gente volta e conta a história dele. É bem dramático e cinematográfico, mas não é divertido. Ambos estão tentando se absolver. 

P: Essas conversas são interpretadas por dois dos melhores atores que temos hoje e... J

P - (interrompendo) Você vai escrever isso?  

P: Sim, claro. E gostaria de perguntar sobre a dinâmica entre vocês dois. 

JP - Bem, ele [Hopkins] vai te dizer que a maior diferença entre nós é que eu sou o número um e ele, o número dois. Ele fica perturbado com isso. 

P: Senhor Hopkins, o senhor se sente confortável para falar sobre religião? 

AH - É algo bem pessoal, eu diria que... Vamos colocar dessa forma: não sou ateu, não sou agnóstico. A vida é tão misteriosa e eu entendo que o ateísmo é o racional, mas eu não sei o que é, para mim é algo mais profundo que isso. É um mistério. Eu acredito em algo que tenha um poder muito forte no universo, mas eu não sei o que é. É como em "2001: Uma Odisseia no Espaço". 

P: Senhor Pryce, recentemente o senhor interpretou outro líder religioso, o Alto Pardal, na série "Game of Thrones". Qual dessas duas religiões lhe parece a melhor? 

JP - Pergunta interessante. Estranhamente, quando eu estava fazendo entrevistas para a imprensa em "Game of Thrones", eu me referia constantemente ao papa Francisco, porque eles tinham o mesmo jeito de demonstrar que são homens do povo. O Pardal alimenta as pessoas, lava seus pés, o que é parecido com o que o Francisco fazia e ainda faz em seu trabalho com os refugiados. Mas o Pardal, infelizmente, se perdeu um pouco. Ele era uma versão extrema da Igreja Católica, perseguia homossexuais. Mas ambos foram muito divertidos de interpretar.  

P: A pedofilia é tratada no filme?  

FM - Claro. Falamos das crianças. Não diria que é um assunto, o filme não é nem sobre dois papas, mas sim sobre dois homens que têm problemas e que calharam de ser os líderes da maior organização no mundo. Em relação à pedofilia, mostramos como o Ratzinger lidou com esse problema. Há a menção de outras coisas, mas essa foi a sua praga. Ele tentou, mas o que eles realmente faziam, na verdade, era trocar o padre ou quem quer que fosse que estivesse praticando pedofilia. E ficavam mudando, mudando, mudando. Não é para o filme ser chapa branca.

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