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Em 2001, Kim Cheol-woong cometeu um terrível crime na Coréia do Norte: ele tocou a música A Comme Amour, de Richard Clayderman, no piano. O músico ensaiava a balada para tocar à namorada quando a pedisse em casamento. Eles se conhecem desde os 8 anos.
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O pianista conta à BBC que alguém o ouviu tocar a canção e o denunciou ao Departamento de Segurança. "Eu não tinha me dado conta de que tocar uma música banida podia ser algo tão perigoso", disse Kim. "Onde você ouviu essa música pela primeira vez? Quem a ensinou?", questionaram agentes do governo, em um interrogatório que durou horas.
O pianista conta ao site que o governo ordenou que fosse enviado um pedido de desculpas de 10 páginas por tocar o tipo errado de música, algo que o deixou chocado. Ele só foi poupado de punições por pertencer a uma família poderosa. Após três anos, Kim resolveu fugir.
Kim deixou apenas um bilhete à namorada, dizendo "não espere por mim". O pianista conta que não havia como avisar ninguém de sua fuga, e sequer se despediu. Ao chegar na China, passou fome e frio. Trabalhou cortando árvores em fazendas nas montanhas. O fugitivo descobriu que uma igreja próxima tinha um piano e foi assim que ele se tornou o pianista da igreja. Um ano depois de ter saído de Pyongyang, ele conseguiu um passaporte falso da Coreia do Sul e foi para Seul começar uma vida nova.
Depois de um tempo, o pianista se casou, construiu uma família e uma carreira sólida como pianista de concertos, tocando em todo o mundo. Hoje ele tem uma ONG, que ajuda crianças fugitivas da Coréia do Norte, e sua própria orquestra, denominada Arirang, que segundo ele é a única música que tanto a Coréia do Sul quanto a do Norte conhecem.
O pianista ainda toca A Comme Amour, de Richard Clayderman.