'Onde Vivem os Monstros', clássico infantil, some das prateleiras

Publicado simultaneamente com a adaptação cinematográfica, de 2009, o título se tornou um marco.

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Cultura LIVRO-INFANTIL 03/01/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Há quem diga que é o melhor livro ilustrado de todos os tempos, que transformou a maneira como lemos esse tipo de obra e que influenciou toda a produção nas décadas seguintes. Só que você não vai encontrá-lo nas livrarias.

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"Onde Vivem os Monstros", clássico escrito e ilustrado pelo americano Maurice Sendak, não é mais editado no Brasil. Na verdade, o livro lançado originalmente em 1963 só saiu por aqui uma única vez, em 2009, pela extinta Cosac Naify.

Com mais de 17 mil exemplares vendidos, ele até chegou a ter uma segunda edição – mas, com o fim da editora, em 2015, nenhuma outra casa topou relançar a obra. Hoje, só são achados em sebos e em sites, nos quais a edição brasileira chega a cerca de R$ 300.

Na história, o levado Max tira a mãe do sério e recebe o castigo de ir para o quarto. Lá, as paredes se transformam em árvores, e o garoto chega à terra onde os monstros vivem, virando o rei das criaturas.

"É uma metáfora sobre o inconsciente, o contato com nossos próprios monstros", define o escritor e ilustrador Odilon Moraes. "Tudo isso com uma forma perfeita de livro ilustrado, em que, à medida que Max entra no mundo dos monstros, as ilustrações vão crescendo e o texto vai sumindo. Como se ele perdesse contato com a civilização."

Lançada em 1963, a história é uma das principais obras de Sendak, autor de quase 20 livros ilustrados. Ao abordar a infância de uma maneira complexa, com todas as contradições humanas, o autor ganhou, em 1970, o Hans Christian Andersen na categoria ilustração, um dos maiores prêmios da literatura infantojuvenil – ele e o brasileiro Roger Mello foram os únicos nascidos nas Américas a serem laureados.

Frente a isso, a pergunta que surge é por que esse livro não é mais editado no país. A resposta está no rigor com que Sendak encarava sua obra. Para ele, uma história é formada também por papel, tinta, material da capa e outros detalhes.

Se qualquer ponto técnico fugisse das exigências que ele fazia, o autor proibia a publicação. Para conseguir lançar o livro por aqui, a Cosac Naify levou cerca de quatro anos.

"Quando conseguimos a licença, tínhamos que enviar todos os materiais para aprovação por correio, porque o Sendak não queria ver digitalizado", lembra Isabel Lopes Coelho, atual gerente editorial da FTD e à frente do catálogo infantil da Cosac àquela altura.

Publicado simultaneamente com a adaptação cinematográfica, de 2009, o título se tornou um marco. "Mostra o empoderamento infantil em relação ao adulto", analisa Coelho.

Essa subjetividade, somada à malcriação do protagonista, chegou a fazer com que o livro fosse proibido em alguns lugares nos Estados Unidos, por ser assustador e "danoso".

No Brasil, "Onde Vivem os Monstros" não está proibido. Mas nenhuma das editoras contatadas pela reportagem têm previsão de lançar o título no país. A agência Wylie, que cuida dos direitos de Sendak após a sua morte, em 2012, não respondeu aos emails.

Não se sabe bem onde vivem os monstros. O certo é que eles não estão por aqui.

Obras de Maurice Sendak

'A Janela de Kenny' - Primeiro trabalho de Sendak como autor e ilustrador, mostra um garoto que precisa passar num teste para poder visitar um jardim com o qual sonhou.

'Na Cozinha Noturna' - Acompanha um menino que cai da cama e vai parar numa cozinha, onde é confundido com o leite que será usado num bolo.

'Seven Little Monsters' - Conhecido no Brasil como 'Os Sete Monstrinhos', graças à sua adaptação para a TV, acompanha sete monstros que recebem os números de um a sete como nomes.

'Little Bear' - Sendak ilustrou a popular série de Else Holmelund Minarik, que virou o desenho 'O Pequeno Urso'.

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