Funcionários protestam contra direção da Casa da Moeda

Funcionários protestam contra direção da Casa da Moeda

© Reuters / Sergio Moraes

Economia Trabalhadores 17/01/20 POR Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Impasse em torno das negociações do acordo coletivo de trabalho e a possibilidade de privatização abriram uma crise entre funcionários e a direção da estatal Casa da Moeda, responsável pela fabricação de cédulas, moedas, passaportes e selos fiscais no país.

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Os protestos se iniciaram na última sexta (10), quando funcionários invadiram a área administrativa do parque industrial da estatal, localizado na zona oeste do Rio. Sob vaias, o presidente da empresa, Eduardo Zimmer Sampaio, teve que ser escoltado por seguranças para deixar o edifício.

Na segunda-feira (13), o prédio foi novamente palco de protestos de servidores contra a administração de Zimmer, nomeado pelo ministro Paulo Guedes com a missão de promover um processo de reestruturação da estatal, que entrou em outubro no programa de privatizações do governo Bolsonaro. 

Para escapar das mobilizações, os diretores passaram a despachar no Museu da Casa da Moeda, no centro do Rio, a cerca de 70 quilômetros da fábrica. Em meio à tensão, foram registradas brigas entre funcionários por causa de diferenças políticas.

As paralisações não tiveram impacto na oferta de passaportes, segundo apurou a reportagem junto à Polícia Federal. O Banco Central diz que tem estoque de segurança de cédulas e moedas. Procurada, a Receita Federal ainda não se manifestou em relação à oferta de selos fiscais.

Nesta quinta, os funcionários rejeitaram em assembleias a possibilidade de um acordo provisório, com vigência até que o dissídio do acordo coletivo seja julgado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho). A negociação chegou a ser mediada, sem sucesso, pelo tribunal em 2019. 

Após o início do ano, a estatal anunciou a extinção da vigência do acordo coletivo anterior e começou a mexer em cláusulas sociais e benefícios, como plano de saúde e transporte, diz o Sindicato Nacional dos Moedeiros. Segundo a entidade, as mudanças representam perda salarial média de R$ 2.500.

A contribuição para o plano de saúde aumentou. Para os trabalhadores da fábrica –que opera em três turnos– uma das perdas mais graves foi o aumento do desconto para pagamento de transporte até a fábrica, em Santa Cruz. O desconto em folha mais que quadruplicou, chegando a 6% do salário. 

"Tem gente que vai vir com contracheque zerado", diz o presidente da entidade, Aluizio Junior. Ele afirma que o sindicato esperava conflitos no dia do pagamento, mas a crise foi antecipada por entrevista de Rito à Globonews falando sobre os planos de privatização.

Para justificar os cortes, a direção apresenta números: em 2019, o déficit da estatal é estimado em R$ 200 milhões. Em 2018, foi R$ 93,3 milhões e, em 2017, R$ 117,5 milhões.

A Casa da Moeda sofreu um baque em 2016, quando o governo desobrigou fabricantes de bebidas alcoólicas do uso de selos de controle da produção, que eram produzidos pela estatal. A medida significou uma perda anual de R$ 1,4 bilhão no faturamento da companhia. 

Desde então, a empresa vem promovendo uma série de medidas de reestruturação, que incluíram três planos de demissão, com o desligamento de cerca de mil funcionários, segundo o sindicato. 

A privatização da Casa da Moeda é discutida desde o governo Michel Temer, sob o argumento de que a operação não é rentável e que custaria menos ao Tesouro comprar cédulas e moedas de outra empresa. "A Casa da Moeda faturava quase R$ 3 bilhões e hoje fatura pouco mais de R$ 1 bilhão, resultado de uma decisão do próprio governo. Estão criando uma narrativa para justificar a privatização", critica Junior. 

O diretor de Compliance da empresa, Marcelo Corletto, diz que o Acordo Coletivo de Trabalho prossegue sendo discutido e que está em negociação o percentual do desconto em folha para pagamento de transporte dos funcionários.

Sobre a impossibilidade de o diretores despacharem ocuparem a sede da companhia nos primeiros dias da semana, Corletto afirmou que "ao longo da semana parte da diretoria trabalhou na fábrica, parte no Museu com reuniões de trabalho, e parte em agenda fora do Rio".

A empresa diz que as operações estão normais.

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