Ator e diretor Terry Jones morre, aos 77 anos, em Londres

Diagnosticado em 2016 com uma forma rara de demência, Jones morreu na terça (21), aos 77 anos

© Suzanne Plunkett / Reuters

Cultura Luto 22/01/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O mundo fica mais triste com a morte de Terry Jones, um dos integrantes do impagável sexteto inglês de humor Monty Phyton, informada pela família em um comunicado. E o mundo fica também menos inteligente. Jones tinha uma bagagem intelectual invejável e era fundamental na criação dos roteiros, costurando as ideias dos parceiros com sabedoria.

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Diagnosticado em 2016 com uma forma rara de demência, Jones morreu na terça (21), aos 77 anos, ao lado da segunda mulher, Anna Soderstrom, com quem teve uma filha, Siri. Em seu primeiro casamento, com Alison Telfer, teve os filhos Sally e Bill, este também roteirista e diretor. Nascido no País de Gales, ele morreu em sua casa, no norte de Londres.

Essa capacidade de Jones para extrair o melhor de cada um e amarrar tudo com ritmo e humor o levou a ser o diretor dos filmes da trupe. Ele assina "Monty Phyton em Busca da Cálice Sagrado" (1975), "Monty Phyton: A Vida de Brian" (1979) e "Monty Phyton: O Sentido da Vida" (1983). Ele dividiu a direção do primeiro filme com o colega e xará Terry Gilliam, mas depois tomou a frente nos projetos seguintes.

Por isso, muita gente ficou surpreendida quando Gilliam se mostrou um cineasta aclamado por crítica e público depois da separação do grupo, enquanto Jones teve uma carreira discreta atrás das câmeras.

O grupo inglês foi formado em 1969 pelos atores e roteiristas Terry Jones, Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese e Michael Palin. Quando eles começaram a criar o programa "Monty Phyton's Flying Circus" para a BBC, já estava com eles o sexto integrante, o cartunista Terry Gilliam, que tinha trabalhado na revista "Mad".

Eles haviam se encontrado várias vezes antes, em duplas e trios, em projetos de vida curta na TV britânica. A ideia do "Flying Circus" era criar um grupo de repertório, com os mesmos atores alternando-se em personagens de esquetes. Uma tradição no teatro inglês que seria levada à televisão. O formato do programa foi inspiração inegável para humorísticos como o americano "Saturday Night Live" e o brasileiro "TV Pirata".

A formação dos integrantes era pouco comum num programa de TV. Eles cursaram fortalezas da melhor educação britânica, alguns em Cambridge, outros em Oxford. Jones foi aceito para as duas universidades, e optou por Oxford.

Os roteiros eram nada simples. Falavam de história antiga, religião, filosofia, literatura, música clássica, psicologia. Numa entrevista em 1980, Jones revelou que, nas reuniões de roteiro, quando algum deles questionava que talvez o público não fosse capaz de entender sobre o que eles estavam falando numa piada, aí sim é que eles ficavam empolgados com o resultado.

Jones assumiu sempre nas esquetes e nos filmes o papel da mulher de meia idade com voz estridente. E gostava também de interpretar mendigos. Criava tantos personagens que eram moradores de rua politizados que os outros do grupo tratavam de cortar vários deles.

"Eles acham que eu escrevo muito sobre mendigos, mas são ótimos personagens, são observadores do mundo o tempo todo. E aí meus colegas se vingam me dando sempre o papel da mulher feia. Nunca interpreto uma bonita, só as feias", reclamava Jones.

Os 45 episódios, exibidos até 1974, fizeram tanto sucesso que levaram o Monty Phython ao teatro e ao cinema. Depois do longa "O Sentido da Vida", de 1983, todos concordaram em desfazer o grupo, cumprindo apenas alguns compromissos que já estavam agendados. A intenção de Jones era seguir a carreira de cineasta.

Na primeira vez ao dirigir um filme fora do grupo, ele optou por um humor cínico e de poucas risadas em "Personal Services" (1987), sobre um bordel especializado em atender homens idosos. Convencido de que o público queria dele algo mais próximo ao universo lúdico e fantástico do Monty Phyton, ele dirigiu então "Erik, o Viking" (1989), e fez algum sucesso. É uma aventura que se passa no mundo da mitologia escandinava, com Tim Robbins no papel principal.

Depois disso, Jones se afastou da direção de longas. Passou anos voltado à carreira de ator, sem grandes êxitos, e às vezes dirigia um curta ou algum episódio de série de TV. Em 2015, ele escreveu e dirigiu com seu filho, Bill Jones, o elogiado documentário "Boom Bust Boom", com bonecos de massinha explicando a história da economia mundial.

O maior destaque em sua vida depois de Monty Phyton foi como autor de premiados livros para crianças. Depois passou também a escrever livros de história para adultos, notadamente sobre a Idade Média, que foi seu objeto de estudo por boa parte da vida. Ele gravou alguns documentários sobre o tema para a BBC.Seu retorno às comédias de cinema foi também em 2015, quando escreveu e dirigiu seu último filme, "Absolutamente Impossível", com o ótimo Simon Pegg no papel de um homem que faz contato com alienígenas. O filme não foi bem nas bilheterias. Provavelmente o público de hoje é incapaz de processar o humor culto e refinado de Terry Jones.

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