Eletrobrás gastou R$ 205 milhões a mais com 'carvão fantasma'

A estatal não conseguiu demonstrar para a Aneel onde gastou R$ 205 milhões utilizados para a compra da matéria-prima

©  Divulgação

Economia Estatal 05/02/20 POR Estadao Conteudo

A estatal Eletrobrás, que até 2017 gerenciava a compra de carvão mineral usado por usinas para geração de energia, não conseguiu demonstrar para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) onde gastou R$ 205 milhões, utilizados, em princípio, para a compra da matéria-prima.

PUB

Esse dinheiro é pago mensalmente por todos os consumidores de energia do País, por meio de um encargo incluído na conta de luz. Até abril de 2017, a Eletrobrás era a responsável por receber esses recursos usados para financiar a compra de carvão mineral e a geração de energia de usinas térmicas. Em maio daquele ano, essa função passou para a Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE).

A Aneel, porém, decidiu fazer uma varredura nas transações com carvão mineral feitas pela Eletrobrás entre janeiro de 2011 e abril de 2017. O objetivo era verificar os estoques de carvão quando a estatal parou de administrar as operações.

O levantamento, concluído em dezembro do ano passado, após receber milhares de documentações enviadas pela Eletrobrás, apontou que mais de R$ 205 milhões - em valores da época - foram usados para bancar um "carvão fantasma", ou seja, pagos para a geração de energia que a estatal não conseguiu comprovar.

"Considerando que os valores dos combustíveis referentes a um determinado mês deveriam ter sido pagos até o mês seguinte, a confrontação dos valores, 'o que deveria ter sido pago' versus 'o que foi efetivamente pago', resultou numa diferença de R$ 205.426.819,22, pago a maior ao agente", conclui o levantamento técnico da agência.

Os dados apurados apontam que, entre 2011 e 2017, a Eletrobrás conseguiu comprovar a destinação de um total de R$ 4,2 bilhões pagos pelo consumidor de energia. No mesmo período, porém, foi constatado que os repasses que a estatal fez às donas de usinas térmicas a carvão chegaram a um total de R$ 4,4 bilhões. A diferença paga a mais, se corrigida pela inflação, ultrapassa mais de R$ 227 milhões. Ao concluir sua análise, a agência declarou que encontrou diversas "inconsistências" na gestão dos repasses para compra de carvão.

Orçamento.

Anualmente, a Aneel estabelece um orçamento para compra de carvão mineral, custo que passa a ser cobrado do consumidor na conta de luz. A análise técnica pede que essa diferença de valor seja abatida dos custos que serão pagos pelo cidadão na conta de luz neste ano.

Questionada sobre o assunto pela reportagem, por meio de nota, a Eletrobrás se limitou a declarar que "se manifestará sobre o tema por meio de comunicado ao mercado".

A Aneel limitou-se a declarar que "a fiscalização é matéria ainda em fase de instrução pela área técnica responsável" e ainda não há conclusão do caso pela área de fiscalização ou pela diretoria da agência.

Estatal contesta. Na semana passada, em resposta encaminhada à Aneel, o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, sustentou que os valores indicados pela estatal estariam corretos.

Hoje o Brasil tem 23 usinas de geração por carvão mineral em atividade, as quais são responsáveis pela geração de 3.596 megawatts (MW). Trata-se de um volume considerável de energia, se comparado, por exemplo, com a energia média entregue pela maior hidrelétrica brasileira, a usina de Belo Monte, que produz 4.571 MW, na média anual.

O carvão é uma das fontes mais poluentes e caras do setor elétrico. O governo mantém essas usinas em operação porque pode acioná-las, por exemplo, quando há pouca geração de energia pelas hidrelétricas, em decorrência da falta de chuvas.

A compra do carvão está incluída no encargo setorial conhecido como Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). A Eletrobrás sempre foi alvo de críticas por sua gestão desse encargo, que hoje inclui uma série de outras funções, como a universalização do serviço de energia elétrica em todo território nacional (Programa Luz para Todos) e os custos para sistemas isolados, regiões que não estão conectadas ao sistema interligado nacional de transmissão de energia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

justica Santos Há 5 Horas

Homem é flagrado abusando sexualmente de moradora em situação de rua

politica CHUVA-RS Há 41 mins

Mortes pelas chuvas chegam a 75 e governador fala em 'Plano Marshall'

mundo Miami Há 9 Horas

Saco com é cobras encontrado nas calças de passageiro em aeroporto

fama MADONNA-RIO Há 8 Horas

Madonna fez da praia de Copacabana a maior pista de dança do mundo

fama Bruce Willis Há 9 Horas

Após diagnóstico de demência, como está Bruce Willis?

fama PAULO-GUSTAVO Há 4 Horas

Thales Bretas relembra morte de Paulo Gustavo: 'Horas boas, horas bem amargas'

tech Espaço Há 20 Horas

Missão europeia revela imagens mais detalhadas da superfície do Sol

brasil Brasil Há 21 Horas

Pastor assume que beijou filha na boca: "Que mulherão! Ai, se eu te pego"

fama Rio de Janeiro Há 9 Horas

Madonna encerra show histórico em Copacabana com homenagem a Michael Jackson

politica STF Há 5 Horas

Moraes estabelece prazo para diligências sobre Monark