Maioria dos sites de fake news se financia via Google Ads, diz pesquisa

61% dos sites de desinformação e junk news (notícias deliberadamente distorcidas, mentirosas ou incorretas) recebem anúncios pela plataforma Google Ads

© Shutterstock

Tech Pesquisa 07/08/20 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A maioria dos sites que disseminam fake news, inclusive sobre a Covid-19, financia-se pela plataforma de anúncios Google Ads, indica o estudo do Oxford Internet Institute "Follow the Money: How the Online Advertising Ecosystem Funds Covid-19 Junk News and Disinformation" (siga o dinheiro: como o ecossistema de publicidade digital financia desinformação e junk news sobre a Covid-19).

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Segundo o estudo, 61% dos sites de desinformação e junk news (notícias deliberadamente distorcidas, mentirosas ou incorretas) recebem anúncios pela plataforma Google Ads, diante de 59% dos sites de jornalismo profissional.

"Outras plataformas, sob pressão da opinião pública, adotaram medidas para evitar isso, mas nosso estudo mostra que 61% das fontes de junk news usam Google Ads. Deixar de oferecer esses serviços poderia ter um enorme impacto sobre a viabilidade financeira de sites de desinformação, e isso é algo a ser explorado", disse à reportagem a principal autora do estudo, Emily Taylor, pesquisadora associada do Oxford Internet Institute.

Segundo o estudo, muitos dos sites analisados já foram apontados por pesquisadores e checadores de fatos como disseminadores de teorias da conspiração e de mentiras, incluindo em relação à Covid-19. "Mesmo assim, esses sites continuam gerando receita publicitária. Portanto, grandes plataformas de anúncios, como Google e Amazon, contribuem para a viabilidade financeira e o sucesso de sites de junk news e desinformação", diz o estudo.

Além disso, os sites de jornalismo profissional são menos eficientes ao usar SEO (Search Engine Optimization), ferramentas que os tornam mais atraentes para buscadores: aumentam as chances de aparecer no topo das pesquisas e, consequentemente, elevam o número de acessos. Isso, por sua vez, contribui para a receita publicitária.

Segundo o estudo do OII, sites que sistematicamente publicam notícias falsas ou distorcidas, inclusive relacionadas à Covid-19, apresentam estratégias eficientes de SEO para ressaltar seu conteúdo nos buscadores.

"Os principais sites de desinformação atingem altos fatores de SEO (conseguem boa visibilidade em mecanismos de busca) e conseguem otimização de distribuição em mecanismos de busca um pouco melhor que os sites de jornalismo profissional."

Entre os sites de jornalismo profissional analisados estão o de Reuters, BBC, Guardian, Bloomberg, WSJ e Spiegel. Estão entre os apontados como disseminadores de desinformação alternet.org, infowars.com, Breitbart.com e SputnikNews.Com.

"Os sites de desinformação mostram um alto nível de sofisticação no uso de otimização do mecanismo de busca –eles procuram se aproveitar do algoritmo de busca do Google para ganhar mais destaque nos resultados das buscas. São operações profissionais, para aumentar o alcance do conteúdo deles e da receita publicitária; sites que aparecem com destaque em buscas têm um aumento no tráfego, e esse tráfego pode ser monetizado por meio de venda de publicidade", diz Taylor.

"Por um lado, o Google não é responsável pela maneira como sites - incluindo os de junk news - tentam otimizar seu desempenho nos mecanismos de busca. Mas o Google, em resposta aos escândalos envolvendo desinformação e interferência em eleições, havia dito que estava usando inteligência artificial e mudando seus algoritmos de busca para reduzir o destaque de sites de desinformação. Nossa pesquisa sugere que essas medidas tiveram impacto limitado sobre o alcance das junk news."

O levantamento afirma que, apesar de os mecanismos de busca e plataformas de anúncio também terem sido criticados por seu papel na promoção de desinformação, eles foram muito menos questionados do que as redes sociais.

Procurado, o Google afirmou que tem políticas rígidas para impedir que páginas com conteúdos prejudiciais, perigosos ou fraudulentos gerem receita por meio da plataforma de anúncios.

"Estamos comprometidos em elevar o conteúdo de qualidade, e isso inclui proteger as pessoas de informação falsa sobre saúde. Atualizamos nossa política para proibir a monetização de conteúdos que contrariem o consenso científico em meio a crises de saúde", disse a empresa.

"Quando uma página ou site viola nossas políticas, tomamos medidas imediatas e removemos sua capacidade de gerar receita. Somente em 2019, encerramos mais de 1,2 milhão de contas de publishers e retiramos anúncios de mais de 21 milhões de página por violação de políticas."

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