Desmate em unidade de conservação cresce 40%

Os dados são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e foram analisados pela organização WWF-Brasil

© Reuters

Brasil Meio Ambiente 01/09/20 POR Estadao Conteudo

O avanço do desmatamento nas unidades de conservação da Amazônia no último ano - que, por lei, deveriam ser mais protegidas de devastação - foi ainda pior que na floresta como um todo. As perdas registradas nas áreas protegidas do bioma atingiram 1.008 km² entre agosto de 2019 e julho deste ano, alta de 40% em relação aos 12 meses anteriores. Os dados são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e foram analisados pela organização WWF-Brasil.

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Já os alertas para a Amazônia Legal como um todo foram de 9.215 km², 34,5% superiores aos observados entre agosto de 2019 e julho de 2020. A devastação nas unidades de conservação (UCs) representou 11% do total e, pela segunda vez consecutiva em dez anos, superou a marca de 1.000 km².

Os dados foram revelados em uma análise feita sobre os dados do Deter, sistema em tempo real do Inpe que faz alertas sobre desmates. O número oficial do desmate é fornecido por outro sistema, o Prodes, a ser divulgado em novembro. Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou.

Em geral, quando saem os números finais, o Prodes revela que a perda foi ainda maior. De agosto de 2018 a julho de 2019, o Deter havia indicado uma perda de 6.844 km². Meses depois, o Prodes fechou em 10.129 km². Nas unidades de conservação, o Deter tinha indicado desmate de 682 km², e o Prodes apontou 1.100 km².

Pelo levantamento do WWF, a maior parte da derrubada de florestas protegidas se concentrou em dez unidades. Juntas, elas representaram 86% das perdas. A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, lidera, com 406 km² devastados, seguida pela Floresta Nacional do Jamanxim, também no Pará, e pela Reserva Extrativista Jaci-Paraná (RO), ambas com perda de 108 km².

Grilagem

"(Esse) desmatamento não é decorrente de atividades lícitas de manejo florestal ou de abertura de áreas agrícolas por comunidades locais. São derivadas de intensos processos de invasão e grilagem por grupos organizados, turbinados pela expectativa de regularização anunciada pelo governo federal, que chegou a enviar ao Congresso Nacional a MP 910 (apelidada de MP da grilagem)", aponta a nota do WWF.

"Os dados nos passam duas mensagens importantes. A primeira é que mostra que a ferramenta de proteger a floresta em unidades de conservação é algo que funciona. São mais de 200 áreas protegidas e a maior parte do desmatamento está concentrada em dez delas", diz Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF.

"As UCs mais vulneráveis ao desmatamento atualmente estão localizadas em regiões com elevadas dinâmicas de mudanças no uso e cobertura da terra e sob influência de rodovias", aponta a nota técnica. É o caso da área de influência da rodovia federal BR-163 entre Novo Progresso (PA) e o entroncamento com a Rodovia BR-230, onde ficam a Floresta Nacional e o Parque Nacional do Jamanxim e a Floresta Nacional de Altamira.

Multas

Procurado para falar da Operação Verde Brasil 2, o Ministério da Defesa disse que tem participação ampla e as decisões são tomadas com a anuência de todos os órgãos envolvidos. Segundo o ministério, trabalham na operação 2.090 mil pessoas por dia, entre militares e representantes de agências - e até 24 de agosto foram realizadas 24.372 inspeções, patrulhas, vistorias e revistas.

Também faz parte do balanço do ministério a apreensão de um total de 676 embarcações, 211 veículos diversos, 372 quilos de drogas e 28.773 mil m³ de madeira, além de 1.526 multas, que somam R$ 445 milhões.

O trabalho da WWF avaliou ainda os alertas do Deter em terras indígenas da Amazônia, que avançaram 6% entre agosto de 2019 e julho de 2020, após terem subido 118% no ano anterior. Mariana Napolitano diz que o maior problema tem sido o garimpo ilegal.

Após o desmatamento em áreas indígenas ter dobrado no ano passado, neste ano o ritmo se manteve quase estável, com avanço de 6%. Ações do Ibama em algumas TIs, como Ituna-Itatá (PA), conseguiram evitar nova alta, mas não reverteram a tendência, pois o índice de devastação continua elevado. (Colaborou Renata Okumura)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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