Covid deve baixar expectativa de vida no País em até 2 anos, 1ª queda desde 1940

A expectativa de vida do brasileiro ao nascer deve cair em até dois anos por causa das mais de 190 mil mortes pela doença

© São Paulo registra 29,9 mil óbitos e 803,4 mil casos de coronavírus

Brasil Pandemia 29/12/20 POR Estadao Conteudo

O ano marcado pela pandemia e o confinamento chega ao fim com a esperança da vacina. Mas os impactos da covid-19 se farão sentir por muito tempo e poderão ser ainda mais profundos do que se imaginava. A expectativa de vida do brasileiro ao nascer deve cair em até dois anos por causa das mais de 190 mil mortes pela doença. Será a primeira queda desse indicador registrada no País desde 1940, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Especialistas da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimam que a pandemia vai reverter a tendência observada nas últimas décadas. O brasileiro perderá pelo menos um ano de expectativa de vida, podendo chegar a até dois anos. Dependendo da capacidade do governo de vacinar a população em 2021, essa queda pode ainda se prolongar por mais um ano.

Em 1940, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era muito baixa, de 45,5 anos. Com a redução da mortalidade infantil e os avanços na Medicina, o número vem crescendo consistentemente. Em 1980 chegou a 62,5 e, em 2000, a 69,8. Nos últimos 20 anos, os ganhos foram um pouco mais lentos, mas, mesmo assim, nunca se registrou um decréscimo.

Conforme os últimos dados divulgados pelo IBGE, em novembro, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era de 76,6 anos. E poderia ser ainda mais alta se não fosse a violência urbana, que costuma vitimar homens jovens. Tanto que a expectativa de vida das mulheres era de 80,1 anos, ante 73,1 anos dos homens.

"Historicamente, a cada três anos ganhamos um ano de expectativa de vida ao nascer", explica o economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social. "Agora, vamos perder em um ano o que levamos seis anos para conseguir. Ou seja, não só vamos deixar de avançar como vamos também retroceder", afirma, com base nos cálculos feitos com exclusividade para o jornal O Estado de S. Paulo.

Na pandemia, 75% da letalidade se concentra entre idosos. Em geral, as mortes de crianças e jovens têm um impacto muito maior na expectativa de vida média da população do que entre os mais velhos. "Mas o número de mortos foi tão grande, uma quantidade tão desproporcional, que acabou tendo todo esse impacto na expectativa de vida", diz Neri. "Esse número, 190 mil, equivale a quatro vezes as taxas anuais de homicídios no Brasil; por isso tem esse efeito demográfico gigantesco."

Geração covid

Outro retrocesso importante que deve se perpetuar, segundo os especialistas, diz respeito à educação. A desigualdade educacional que vinha caindo há pelo menos 40 anos voltou a subir durante a pandemia, por causa das dificuldades que muitos alunos tiveram, sobretudo os mais pobres, para estudar.

"Entre os jovens de 6 a 15 anos, a média de estudo durante a pandemia foi de 2h18min, muito abaixo das quatro horas mínimas exigidas pela LDBE (Lei de Diretrizes e Bases da Educação)", afirma Néri. "E a redução foi muito maior entre os alunos de escolas públicas, de renda mais baixa e das áreas mais remotas. No Pará, por exemplo, 42% dos alunos não receberam material, não fizeram estudo remoto por falta de material. Isso reverte totalmente a tendência de redução de desigualdade educacional que vinha caindo há 40 anos."

O acesso à internet é outro problema. Estimativas de 2018 do Ipea apontam que cerca de 16% dos alunos do ensino fundamental (4,35 milhões) e 10% dos alunos do ensino médio (780 mil) não têm acesso à rede. E praticamente todos eles eram da rede pública. "Muitas dessas perdas são irreversíveis e podem gerar um efeito permanente", analisa Neri. "Teremos uma geração covid."

Além das perdas na aprendizagem, educadores apontam o risco maior de abandono escolar nos próximos anos, principalmente nos anos finais do ensino fundamental e no médio.

Sem trabalho

Embora a renda per capita tenha se mantido alta por causa do pagamento do auxílio emergencial, o nível de ocupação da população nunca foi tão baixo. A taxa era de 49,7% em maio, passou para 49,3% em outubro e chegou a 49,6% em novembro. Ou seja: metade das pessoas em idade de trabalhar está fora do mercado de trabalho.

"Desde que começamos a medir essa taxa nunca tínhamos observado uma ocupação abaixo de 50%", afirmou a coordenadora da pesquisa Pnad-Covid, do IBGE, Maria Lúcia Vieira. "Nesse sentido, foi um ano muito atípico e complicado para o mercado de trabalho porque houve rendimento efetivo, mas tivemos esse comportamento do nível de ocupação."

O fim do auxílio emergencial em 31 de dezembro preocupa especialistas, pois deve marcar a volta de um grande número de pessoas para a situação de extrema pobreza. "Nesse aspecto, 2021 me preocupa muito mais do que 2020", afirma Néri.

Para Maria Lucia Vieira, tudo vai depender dos desdobramentos da pandemia e das respostas oferecidas pelo governo no ano que vem. "Não há como prever muito porque não sabemos o que vai acontecer em termos de pandemia, se a situação vai se agravar ou se teremos uma vacinação para minimizar os problemas", diz. "Mas não temos como prever a situação da pandemia, muitos lugares já estão ensaiando um fechamento novamente, São Paulo voltou a adotar horários de expediente limitado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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