© Pedro Ladeira/ Folhapress
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Apesar do mau desempenho nas eleições municipais, o PT começa 2021 como fiel da balança para a definição de candidaturas ao comando do Congresso.
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Após engordar o bloco de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa contra Arthur Lira (PP-AL) na Câmara, o partido agora deve definir quem será o nome do MDB a enfrentar o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à sua sucessão no Senado.
O partido, que tem seis senadores –é a sexta maior bancada da Casa–, se reúne nesta segunda-feira (11) para tentar escolher quem irá apoiar.
A tendência, segundo petistas ouvidos pela reportagem, é apoiar Pacheco.Eles argumentam que, como já estão na aliança do MDB na Câmara, chancelar uma candidatura da sigla no Senado se torna impraticável, pois poderiam garantir ao partido que capitaneou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) o comando das duas Casas.A decisão, porém, pode não ser tomada de imediato porque a bancada pode querer voltar a conversar com o senador mineiro depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) oficializou seu apoio a ele em conversa com o líder do MDB no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE).Em dezembro, Pacheco já havia se reunido com Bolsonaro, levado por Alcolumbre ao Palácio da Alvorada.Naquele momento, a indicação do chefe do Executivo era que o processo de sucessão seria conduzido por Alcolumbre, e o Palácio do Planalto não atrapalharia este trabalho.Na última sexta-feira (8), porém, Bolsonaro confirmou que rompeu a neutralidade na eleição e que vai apoiar Pacheco.Até então, integrantes do PT sustentariam o discurso de que a relação de Bolsonaro era com Alcolumbre, não com Pacheco. Com a declaração de apoio, a situação pode se tornar mais difícil.A decisão do PT é considerada importante para que o MDB defina o nome que lançará para a disputa.Congressistas e assessores ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato durante o fim de semana disseram que Bezerra e Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, não disputariam mais a escolha da bancada. Ambos ignoraram reiteradas tentativas de contato feitas pela reportagem.Caso a desistência dos dois se confirme, restam no jogo interno o líder da bancada, senador Eduardo Braga (MDB-AM), e a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS).O PT tem mais simpatia pelo nome de Braga. Mas, caso realmente definam apoio a Pacheco, podem fazer de Tebet o nome emedebista mais viável.O MDB tem reunião marcada no Senado para a próxima sexta-feira (15), mas o encontro deve ser antecipado, a depender do resultado da reunião do PT.Tebet é tida por aliados de Pacheco como capaz de rivalizar com o senador mineiro, que, a seu favor, tem o apoio de Alcolumbre, nome forte pela posição que ocupa.Aliados da senadora contabilizam que ela tem votos em siglas como Podemos (10 senadores), PSDB (7), Cidadania (3) e PSL (2). Maior bancada, com 13 senadores, o MDB deve crescer nesta semana com a filiação de Veneziano Vital do Rego (PSB-PB) e Rose de Freitas (Podemos-ES).O aumento da bancada do MDB pode se tornar uma dor de cabeça para o governo diante da decisão de apoiar a candidatura adversária.Durante este período de negociações, o articulador político do Palácio do Planalto, ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), saiu de férias.