© Ueslei Marcelino / Reuters
Determinado a disputar a Presidência da República em 2022, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), passou a pressionar o partido a adotar uma postura mais contundente de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Ele também voltou a defender publicamente o afastamento do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) da legenda.
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O chefe do Executivo paulista tratou do tema em uma reunião anteontem no Palácio dos Bandeirantes com a presença de líderes do PSDB. Estavam presentes o prefeito Bruno Covas, o líder do partido na Câmara, Rodrigo de Castro (MG), o ex-senador Aloysio Nunes, o ex-ministro Antonio Imbassahy (BA) e o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi.
A pauta da reunião foi a posição do PSDB na eleição da presidência da Câmara, quando o partido liberou a bancada e parte dos deputados votou em Arthur Lira (PP-AL), nome que foi apoiado por Bolsonaro. Durante o encontro em São Paulo, o posicionamento da sigla foi creditado por parte dos participantes a uma articulação de Aécio.
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Apesar do tom contundente contra o deputado mineiro, Doria optou por não pressionar a executiva tucana pela expulsão. Em 2019, a Executiva Nacional do PSDB arquivou dois pedidos contra Aécio. Em uma reunião em Brasília, a representação que pedia a expulsão foi arquivada por 30 votos a 4, o que significou uma derrota política para o governador paulista. "Eu defendo o afastamento de Aécio, mas essa não é uma questão central neste momento. Todos concordam que o PSDB precisa fazer oposição a Bolsonaro", disse Doria ao Estadão.
Em nota, o deputado Aécio Neves, que também foi presidente nacional do PSDB, rebateu duramente as falas do governador. "É lamentável que o governador de São Paulo demonstre tamanho desconhecimento em relação à realidade do seu próprio partido. O PSDB tem uma longa tradição democrática, construída muito antes de sua chegada ao partido, e que não será sufocada por arroubos autoritários de quem quer que seja", afirmou. Para o deputado, Doria tentou se "apropriar do partido".
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FHC
Lideranças do PSDB se reuniram ontem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo. No encontro, FHC concordou com a tese de que o partido precisa intensificar institucionalmente o discurso de oposição a Bolsonaro, mas evitou se posicionar sobre a situação de Aécio.
Após desistir de tentar a reeleição ao Senado por causa das denúncias que pesam contra ele (em 2017, citado nas investigações da Lava Jato, chegou a ser afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal, mas recuperou o posto por decisão do próprio Senado), Aécio se elegeu deputado federal em 2018.
Em dezembro do ano passado, ele foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro na construção da Cidade Administrativa, a sede do governo mineiro, que custou R$ 1,3 bilhão. O parlamentar negas as acusações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.