Entenda como o PIB da China cresceu 18% no primeiro trimestre

Foi a maior expansão do PIB (Produto Interno Bruto) chinês desde pelo menos 1992, quando o país passou a fazer medições trimestrais

© Shutterstock

Mundo CHINA-ECONOMIA 17/04/21 POR Folhapress

Apesar da pandemia, a economia chinesa cresceu 18,3% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2020, segundo dados divulgados nesta quinta (15).

PUB

Foi a maior expansão do PIB (Produto Interno Bruto) chinês desde pelo menos 1992, quando o país passou a fazer medições trimestrais. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam uma alta de 19%.

Veja abaixo o que explica a variação recorde e por que um fenômeno semelhante pode ocorrer com os dados do PIB do Brasil do segundo trimestre:

A COMPARAÇÃO É COM O FUNDO DO POÇO DA PANDEMIA

Vários países vão registrar crescimento recorde um ano depois da disseminação da Covid-19 em seu território porque no início da crise sanitária suas economias mergulharam no fundo do poço. Assim, a base de comparação com o que foi, não raro, o pior momento do PIB leva a um variação recorde 12 meses depois, em um cenário de maior estabilidade.

No caso chinês, o país divulgou expansão inédita de 18,3% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2020, quando a economia do país sofreu o maior baque pela Covid-19. Naquele momento, o PIB chinês encolheu 6,8% em relação ao primeiro trimestre de 2019.

Já em relação ao quarto trimestre do ano passado, quando a China já vivia um cenário de retomada, o crescimento observado no início de 2021 foi muito menor -apenas 0,6%.

No Brasil, o fundo do poço foi alcançado no segundo trimestre de 2020, quando o PIB recuou 10,9% em relação ao mesmo período de 2019.

Devido à base de comparação baixa, os economistas consultados pelo Banco Central na pesquisa Focus estimam que o PIB do Brasil vai crescer 9,5% no período abril-junho em relação aos mesmos meses do ano passado -no primeiro trimestre, deve cair 0,6%.

Outros resultados, no entanto, vão mostrar uma economia ainda em recessão. A expectativa é que o PIB deva ficar no patamar em que está ou até sofrer contração nos dois primeiros trimestres de 2021, quando for considerada a comparação com o trimestre imediatamente anterior.

GOVERNO SOCORREU EMPRESAS E MANTEVE MEDIDAS RESTRITIVAS RIGOROSAS

Neste ano, a China manteve medidas rigorosas de restrição de circulação e controle da doença. Ao mesmo tempo, o governo não abriu mão de medidas de socorro a empresas e consumidores e segue com um grande programa de infraestrutura.

A indústria chinesa cresceu 24,5% no período. O setor de serviços, 15,6%, embora alguns segmentos, como o de transportes aéreos, ainda não tenham se recuperado totalmente.Já no Brasil, embora o país tenha implementado um dos maiores pacotes fiscais de resposta à pandemia do mundo, a crise sanitária fora de controle segue prejudicando a economia.Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que as 20 nações que tiveram os melhores resultados econômicos são também as de maior sucesso na área de saúde -entre elas, a China. O país asiático se destaca pela testagem massiva e mapeamento de contatos de contagiados.

De 65 países analisados, o Brasil foi pior do que esse grupo nas duas frentes. Ao contrários dos chineses e de outras nações, não há aqui uma estratégia centralizada no governo federal. O país também demorou a agir para adquirir vacinas, enquanto apostava em tratamentos sem eficácia comprovada.

AS EXPORTAÇÕES DISPARARAM

As exportações também continuam a puxar o crescimento chinês, em um cenário em que há falta de produtos para abastecer a indústria mundial, principalmente na área de tecnologia.

O crescimento das exportações se dá em um momento em que outras grandes economias ainda estão em dificuldade, o que permite ao país asiático assumir papel mais dominante no comércio mundial.

Nos dois primeiros meses do ano, as vendas de produtos chineses para o exterior tiveram crescimento recorde de 60%, com grande demanda por produtos de saúde e equipamentos eletrônicos, dois segmentos impulsionados pela pandemia e também pelos estímulos ao consumo em todo o mundo.

A recuperação chinesa tem ajudado o Brasil, ao contribuir para elevar os preços de produtos básicos exportados pelo país e também as vendas em volume. Por outro lado, essa demanda ajudou a pressionar a inflação brasileira.

DIFICULDADES EM ALGUNS SETORES E NORMALIZAÇÃO DA ECONOMIA

De acordo com o banco suíço Julius Baer, o crescimento do primeiro trimestre foi sustentado por um sólido setor industrial, que se beneficiou do forte crescimento das exportações, e de uma retomada gradual da atividade no setor de serviços.

Na comparação trimestral, no entanto, houve desaceleração, com redução de estímulos e um novo surto de Covid-19 em partes da China no início de 2021, que prejudicou a recuperação dos setores de serviços e turismo.

Segundo a instituição, a expectativa é de uma normalização gradual da política macroeconômica neste ano, incluindo consolidação fiscal, desaceleração do crédito e esforços para estabilizar a dívida e o mercado imobiliário. Não se espera aumento nas taxas de juros neste ano, perspectiva compartilhada pelo FMI e outros analistas.

No Brasil, os serviços também seguem na lanterna da recuperação, tendo voltado ao nível pré-crise somente em fevereiro deste ano, mas com perspectiva de novo tombo em março e abril, em um "efeito sanfona" que frustra planejamento das empresas na retomada.

​O QUE VAI ACONTECER AGORA

Depois de crescer 2,3% em 2020, sendo um dos poucos países que registraram expansão do PIB no ano da pandemia, a China deve crescer pelo menos 6% neste ano, segundo projeção do governo -a estimativa de mercado está próxima de 9%.Há receios em relação ao que pode acontecer diante de fatores como desaceleração das exportações, superaquecimento do mercado imobiliário e empresas que se endividaram com os programas de estímulo.

O país também está com uma campanha de vacinação ainda lenta e as pessoas temem retomar hábitos de consumo que exijam contato social e aglomerações.

Foram aplicadas 127,5 doses por mil habitantes, um total de 183 milhões de vacinas. No Brasil são 154 por mil e um total de 32,8 milhões, maioria delas, feitas com insumos chineses.

Na China, há grande adesão ao distanciamento voluntário e o próprio governo aumentou as restrições para evitar viagens e reuniões familiares durante o Ano Novo Lunar, o maior feriado do ano na China.

A estimativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) é de um crescimento de 8,4% para a China neste ano, acima da média mundial de 6%, enquanto o Brasil deve ter expansão de 3,7%.

Segundo o Fundo, é esperada uma diferenciação considerável entre a China, onde medidas efetivas de contenção do vírus, uma resposta vigorosa de investimento público e o suporte de liquidez do banco central facilitaram uma forte recuperação, e outros países emergentes.

Em pronunciamento feito em março, o líder do Partido Comunista chinês, Xi Jinping, disse que o país está ingressando num período cheio de oportunidades no qual "o Oriente está em ascensão e o Ocidente, em declínio".

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama A Grande Conquista 2 Há 17 Horas

Ex-Polegar pega faca durante discussão e é expulso de reality

politica Arthur Lira Há 18 Horas

Felipe Neto é autuado por injúria em inquérito aberto a pedido de Arthur Lira

mundo Posição de Lótus Há 18 Horas

O misterioso caso da múmia escondida em estátua de Buda

lifestyle Signos Há 19 Horas

Quatro signos que nasceram para serem famosos

fama GISELE-BÜNDCHEN Há 19 Horas

Gisele Bündchen recebe apoio de prefeito após chorar durante abordagem policial nos EUA

brasil Santa Catarina Há 19 Horas

Homem morre após ser atacado por quatro pitbulls em quintal de casa em SC

fama SAMARA-FELIPPO Há 14 Horas

Filha de Samara Felippo é alvo de racismo em escola, diz site

fama Iraque Há 16 Horas

Influencer iraquiana é morta a tiros em Bagdá

brasil MORTE-SP Há 13 Horas

Morte de jovem após deixar sauna gay causa pânico; relembre histórico

economia REINHART-KOSELLECK Há 17 Horas

Quem é o historiador lido por Haddad após bronca de Lula