Campo Grande é a capital com UTI na situação mais crítica do país

"Estamos quase 100% todos os dias, existem poucos lugares com vagas", disse o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende

© Getty

Brasil Covid-19 23/04/21 POR Folhapress

CAMPO GRANDE, MS (FOLHAPRESS) - Quando a promotora de eventos Diva Elena Duarte, 52, se vacinou contra a Covid-19, no fim de março comemorou por ela e pelo filho autista, Felipe Silvino, 24, que também havia sido imunizado. Mas, poucos dias depois, apresentou sintomas e teve diagnóstico confirmado no dia 7 de abril. No dia 14, foi internada no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HR-MS).

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Diva é uma das intubadas na instituição que é referência no tratamento da doença em Mato Grosso do Sul. Atualmente, Campo Grande é a capital com a situação mais crítica do país: na última segunda (19), a ocupação de leitos atingiu o patamar de 104%, com 37 pessoas aguardando leitos.

"Estamos quase 100% todos os dias, existem poucos lugares com vagas", disse o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.

 Antes de ser internada, Diva ainda aguardou dois dias por vaga no hospital. A preocupação era por conta da diabetes, da pressão alta e do tratamento de câncer de pele, que a colocavam em grupo de risco.

No HR, teve piora no estado de saúde, foi intubada e transferida para UTI. Como ela não tem parentes próximos na cidade, cerca de 20 amigos criaram um grupo no WhatsApp pelo qual acompanham seu estado de saúde, além de colaborar com fraldas e outras necessidades.

"Ela é muito querida", disse a amiga Janiely Santos de Souza.

O presidente do Sindicato dos Médicos de MS (Sinmed-MS), Marcelo Santana, aponta outro fator para a saturação dos leitos de UTI. Atualmente, há casos graves de pessoas com idade de 29 a 49 anos, que passam mais tempo internados.

"Teve redução de entrada na enfermaria, mas aumentou tempo de UTI; não deu tempo de perceber melhora no cenário principal, tanto no público quanto no privado."

Na macrorregião de Campo Grande, que recebe paciente de outros 33 municípios do interior, a taxa global é de 101%, excedente que inclui leitos habilitados pelo Ministério da Saúde e os mantidos pelos governos estadual e municipal.

Resende diz que Campo Grande já está com capacidade saturada. "Não tem como ampliar, não há mais limite, não há espaço, nem equipe", afirmou.

A alternativa, explicou o secretário, é tentar reforçar atendimento nos municípios que fazem parte da macrorregião e, assim, evitar que esses pacientes mais graves tenham que ser transportados para a capital. Como exemplo, cita o processo de abertura de oito leitos de UTI em Ribas do Rio Pardo, a 100 quilômetros de Campo Grande.

O secretário diz ter havido decréscimo no número de pacientes com SRAG/Covid (Síndrome Respiratória Aguda Grave, entre casos confirmados e suspeitos) na fila de espera por leitos em hospitais.

No boletim divulgado nesta quinta, 80 pacientes em Mato Grosso do Sul aguardavam vagas nas instituições, 38 deles em Campo Grande. Há duas semanas, este total era de 160.Essa queda pode ser efeito da última medida mais abrangente, em que a prefeitura antecipou feriados, promovendo fechamento de 22 a 28 de março.

Porém, segundo o secretário, o resultado ainda está longe do ideal. A falta de adesão da população às medidas restritivas é apontada com um dos principais fatores da manutenção dos índices de infecção e óbitos. "Em Campo Grande as medidas deram freada no crescimento, mas ainda está muito alto."

A cidade acumula 92.556 casos da doença, o que representa 223 a mais nas últimas 24 horas. Já são 2.304 mortes no total. "Não adianta decreto se as pessoas não colaborarem, nosso povo é difícil, falta empatia, falta amor à sua própria vida e à do próximo", criticou.

Na capital do estado, está em vigência até 10 de maio o toque de recolher das 22h às 5h, decreto que vem sendo prorrogado desde o ano passado, com alterações no horário inicial de fechamento, dependendo da flutuação de casos.

No início da pandemia, em março de 2020, prefeito Marquinhos Trad (PSD) chegou a adotar medidas mais rígidas, como o fechamento da rodoviária, de igrejas e de academias de ginástica; a restrição na circulação de passageiros do transporte coletivo, sendo permitido apenas a trabalhadores da saúde; e a venda de bebidas alcoólicas por delivery.

As medidas foram criticadas, principalmente por donos de bares e restaurantes, diretamente atingidos pelo toque de recolher. De lá para cá, os decretos foram sendo flexibilizados e, hoje, está permitido o funcionamento das atividades fora do horário do toque de recolher, mas com capacidade reduzida e distanciamento entre clientes.

Trad disse que a pressão externa não influenciou no afrouxamento das medidas e que os pacientes não deixaram de ser atendidos. Sobre o índice de ocupação, o prefeito disse que os 106% citados pela Folha levam em conta apenas leitos habilitados pelo Ministério da Saúde. Quando a conta inclui os leitos mantidos pela prefeitura e pelo governo do estado, o percentual seria de 95%, segundo ele.

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