Família perde pai e cinco de seis irmãos por Covid-19 em Santa Catarina

As mortes ocorreram num intervalo de 39 dias entre o início de abril e de maio. Também morreu o pai por conta da doença

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Brasil CORONAVÍRUS-SC 14/05/21 POR Folhapress

FLORIANÓPOLIS, SC (FOLHAPRESS) - A Covid-19 tirou a vida de cinco de seis irmãos em Ituporanga, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. As mortes ocorreram num intervalo de 39 dias entre o início de abril e de maio. Também morreu o pai por conta da doença.

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Casos de muitas pessoas mortas na mesma família se reproduzem pelo país. Em Parintins, no Amazonas, foram oito vítimas da Covid-19 na família Almada.

Cecília Quadros de Almeida perdeu o marido, João Alci, de 70, e os filhos Maria Rosimara, 34, Antônio, 50, Zelirde, 45, João Ercio, 43 e José Joarez, 48.

Na casa moravam só Cecília e João, mas os filhos iam ao local para cuidar dos pais. "Meu sogro e minha sogra necessitavam de bastante atenção, e os filhos se revezavam para cuidar deles, dar remédios, reparar", diz Viviane Regina de Almeida, viúva de João Ercio.

Abalada, a família tem agora como principal preocupação a matriarca, que perdeu todos os filhos que a cuidavam. "A única filha que sobrou ainda está doente de Covid. A dona Cecília ficou sozinha e está sendo reparada por vizinhos. É muito preocupante, pois ela não está lúcida. Não está bem", diz Viviane.

A primeira internação foi da caçula da família, a costureira Maria Rosimara. Ela foi levada ao hospital no dia 1º abril, quando a fila de espera por um leito de UTI em Santa Catarina contabilizava mais de 100 pessoas. Segundo o Hospital Bom Jesus, ela foi intubada enquanto aguardava o leito, mas não resistiu e faleceu no dia seguinte à internação.

Oito dias depois morreu Antônio. O técnico de enfermagem morreu no Hospital Regional Alto Vale no dia 10 de abril. Antônio deixou a esposa, duas filhas e uma neta e esperava o nascimento do segundo neto.

A terceira morte na família foi a do patriarca João Alci. O motorista de caminhão aposentado chegou a ficar uma semana hospitalizado, mas não resistiu e morreu no dia 24 de abril.

Dez dias depois, no dia 3 de maio, morreu Zelirde. Cuidadora de idosos, ela era uma das filhas que dedicava mais tempo no cuidado de João Alci e Cecília e dividia a rotina entre a casa dos pais e o cuidado da própria casa, onde morava com esposo, filha e neto.

O quinto óbito na família ocorreu no dia 5 de maio. João Ercio era casado com Viviane e pai de um menino. Ele administrava uma empresa de refrigeração, onde o irmão Joarez, que foi o último irmão a morrer, também trabalhava. "Estou aqui tocando a empresa, tentando levar adiante. Não tem nem como processar tanta coisa", diz a viúva.

A morte de José Joarez ocorreu na manhã de terça-feira (11). O técnico em refrigeração estava hospitalizado havia 14 dias e respirava com o auxílio de um capacete respiratório. Segundo o Hospital Bom Jesus, a intubação foi evitada porque a equipe médica "percebeu que os demais irmãos, quando intubados, tiveram piora no quadro". Ele deixou a esposa e dois filhos, uma menina de 13 anos e um menino de 7 anos.

"É uma tragédia na nossa família. É muito triste. Nos criamos todos juntos como irmãos", diz a prima Marineiva Almeida.

Dos seis filhos de Cecília, apenas uma sobreviveu. Ela e a filha, Lucimara de Almeida, também tiveram Covid. Cecília foi a única que não precisou de internação. Já Lucimara recebeu alta, mas ainda recebe medicação e passa por supervisão médica.

Segundo Viviane, a família cuidava para evitar contaminação já que irmãos e pai apresentavam sobrepeso e diabetes. "As pessoas precisam respeitar essa doença. Ela é silenciosa e muitas vezes não traz sintoma aparente", diz.

"Os médicos muitas vezes nos mandaram pra casa porque a saturação estava boa e não faziam a tomografia. Aí o pulmão já estava tomado por pneumonia. Isso precisa ser revisto.

Ituporanga tem cerca de 25 mil habitantes e soma 53 óbitos por Covid. A prefeitura decretou luto oficial em solidariedade ao número de mortes dentro de um mesmo núcleo familiar.

"Toda a cidade ficou abalada. Não tem nem como descrever essa situação", disse Aline de Abreu Postais, secretária de Saúde do município.

"Isso não vai trazer [a família] de volta. Eu tenho que levantar, trabalhar igual e seguir em frente. Vou continuar em busca de respostas, mas para alertar e salvar outros, porque da nossa família, elas [as vidas] já se foram. Não vão voltar."

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