Chris Paul supera traumas e chega à decisão da NBA em sua 16ª tentativa

A vaga foi assegurada na noite de quarta-feira (30), com uma vitória por 130 a 103 sobre os Clippers

© Getty Images

Esporte BASQUETE-NBA 01/07/21 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Não era fácil arrancar elogios de Kobe Bryant, que afirmava o seguinte sobre Chris Paul: "No fim das contas, quando tudo for história, ele será um dos melhores de todos os tempos".

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Eles eram amigos, é verdade, mas Kobe nunca foi adepto do aplauso barato e também não tinha dificuldade para apontar defeitos nas pessoas próximas. Era real a sua admiração por Paul, de quem foi colega na seleção dos Estados Unidos.

Campeã olímpica em 2008, a dupla esteve bem perto de unir forças no Los Angeles Lakers, em 2011, mas o negócio foi vetado por questões políticas. A Bryant restou imaginar como seria a parceria, que acabou não se materializando na NBA: "Nós simplesmente não perderíamos".

Sem o reforço do amigo, o pentacampeão viveu anos difíceis nos Lakers até sua aposentadoria, em 2016. Já Chris Paul, que havia iniciado a carreira no New Orleans/Oklahoma City Hornets, passou em seguida por Los Angeles Clippers, Houston Rockets e Oklahoma City Thunder, completando 15 temporadas na liga norte-americana de basquete sem chegar a uma final.

Na 16ª tentativa, enfim, ele conseguiu. Aos 36 anos, liderando um Phoenix Suns que não era colocado entre os favoritos ao título e nem sequer se classificava para o mata-mata desde 2010, o armador superou velhos traumas e finalmente avançou à decisão.

A vaga foi assegurada na noite de quarta-feira (30), com uma vitória por 130 a 103 sobre os Clippers. Com o resultado em Los Angeles, a equipe do Arizona fechou a série final da Conferência Oeste em 4 a 2 e passou a aguardar o vencedor da Conferência Leste, Milwaukee Bucks ou Atlanta Hawks.

"Cara, isto é bom. É gostoso. Ainda temos trabalho a fazer, mas eu vou aproveitar isto aqui. São 16 anos, cirurgias, trabalho duro, derrotas, derrotas duras...", afirmou o jogador, que dominou o jogo 6 com 41 pontos, oito assistências e três roubos de bola.

Não faz justiça à contribuição de Paul, no entanto, resumi-la a estatísticas. Sua presença elevou a novo patamar o jovem time dos Suns e foi sentida até nas partidas de que não pôde participar. Nos dois primeiros duelos com o Clippers, ambos vencidos pelo Phoenix, o veterano estava afastado por causa de um teste positivo para Covid-19.

Terminado o jogo 2, decidido em lance espetacular no segundo final, os atletas correram para o vestiário e entraram em contato com o armador pelo aplicativo FaceTime. Ele vem de outra era do basquete -o que se vê em seu ataque metódico, lento, e nos arremessos de meia distância, fora de moda-, mas soube se conectar com os mais novos.

"Acho que ele foi a melhor coisa que aconteceu na minha carreira", afirmou Deandre Ayton, responsável pela enterrada que definiu aquele triunfo crucial no instante derradeiro.

O atleta de 22 anos encontrou no experiente companheiro algo que ainda não havia conhecido em sua breve trajetória como profissional: alguém com conhecimento profundo do jogo e personalidade para apontar erros. Ayton cresceu, vem se consolidando como uma força no garrafão e dá boa parte do crédito ao veterano.

"Ele realmente presta atenção nos detalhes. Nunca vi um cara que se importe tanto com basquete e com competir em qualquer coisa. É contagioso, e foi isso o que ele construiu em mim", disse o pivô. "A primeira coisa que ele me falou foi: 'Ângulos'. E eu fiquei, tipo: 'Ângulos?'. Ângulos para fazer o corta-luz, para pegar o rebote. É uma das coisas que estou aprendendo com ele."

O efeito não foi muito diferente com Devin Booker, 24, que já era considerado uma estrela em ascensão na NBA, mas criticado por produzir estatísticas vazias, que não resultavam em vitórias. O ala-armador chegou a anotar 70 pontos em uma noite, em 2014, mas, em cinco tentativas, jamais havia conseguido classificação aos "playoffs" -do qual participam 16 dos 30 times- até o encontro com Paul.

Tudo se encaixou a partir da chegada do veterano. Para o próprio veterano, para os jovens, para o elogiado técnico Monty Williams e para o Phoenix Suns. Foram 51 vitórias e 21 derrotas na fase de classificação, suficientes para o segundo lugar no Oeste. No mata-mata, além dos Clippers, derrubados na quarta, ficaram para trás os Lakers, campeões de 2020, e o Denver Nuggets, de Nikola Jokic, eleito o melhor jogador da atual temporada.

No caminho até a final -onde estão os Suns pela terceira vez em 53 anos de história, ainda sem nenhum troféu-, Chris Paul precisou reviver velhos pesadelos. Um deles foi a lembrança da fragilidade de seu corpo de 1,83 m, que o traiu com lesões na fase final da competição em 2015, 2016 e 2018.

Desta vez, ele teve um choque no ombro que o limitou severamente no confronto com os Lakers. Depois, veio o afastamento por Covid-19, mesmo após as duas doses da vacina de proteção contra o novo coronavírus.

Enquanto esteve fora ou com seus movimentos restritos, o camisa 3 pôde contar com o auxílio dos companheiros que ajudou a crescer, como Booker e Ayton. Também percebeu que não é o único atleta sujeito a problemas físicos e viu todos os adversários enfrentados no Oeste perderem peças fundamentais: Anthony Davis, dos Lakers, Jamal Murray, dos Nuggets, e Kawhi Leonard, dos Clippers.

Assim, a final ficou novamente ao alcance das mãos, o que reavivou outras memórias ruins. Com os Suns à frente por 3 a 1 na final do Oeste, vieram à mente as situações em que os times de Paul estiveram com a mesma vantagem antes de levar a virada. A mais cruel foi em 2018, quando o armador sofreu lesão e, fora das duas partidas derradeiras da conferência, viu o Golden State Warriors fazer 4 a 3 em seus Rockets.

Por isso, quando o Phoenix ganhou o jogo 4 contra os Clippers, o armador logo avisou em sua entrevista na saída da quadra: "Não quero falar sobre 3 a 1".

No jogo 5, os Suns perderam em casa, trazendo à tona todo o histórico negativo. Na partida subsequente, porém, Chris Paul tratou de assumir o controle das ações e encarnou o papel de cestinha, que não costuma abraçar: só nos dois quartos derradeiros, anotou 31 pontos, sua maior marca da carreira em um tempo.

Assim, aquele que era apontado por Kobe Bryant como um dos melhores da história do basquete finalmente ganhou a oportunidade de mostrar isso no grande palco do esporte, as finais da NBA. "Isto é bom, cara. Dezesseis anos. Isto é bom."

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