Primeira transgênero nas Olimpíadas, Laurel Hubbard enfrenta rivais e críticas

Laurel, cujo nome antes da retificação era Gavin, competiu no levantamento de peso masculino até os 23 anos. Realizou a transição de gênero aos 35. Oito anos depois, se classificou para as Olimpíadas

© Getty Images

Esporte LAUREL-HUBBARD 31/07/21 POR Folhapress

ADALBERTO LEISTER FILHOSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando entrar no tablado para competir no levantamento de peso das Olimpíadas de Tóquio, no próximo domingo (1º), Laurel Hubbard, 43, irá inaugurar um marco. Será a primeira atleta transgênero a participar de uma competição feminina nos Jogos Olímpicos. A prova da neozelandesa, que compete na categoria acima de 87 kg, começa às 23h50 (de Brasília).

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Laurel, cujo nome antes da retificação era Gavin, competiu no levantamento de peso masculino até os 23 anos. Realizou a transição de gênero aos 35. Oito anos depois, se classificou para as Olimpíadas.

Filha de Dick Hubbard, ex-prefeito de Auckland, uma das principais cidades da Nova Zelândia, será a mais velha competidora do levantamento de peso.

"Um dos equívocos que falam é que treinei toda minha vida, e essa transição aconteceu tarde. O que as pessoas não percebem é que parei de levantar peso em 2001, quando tinha 23 anos", afirmou Hubbard em entrevista ao diário inglês Daily Mail.

"Mas o mundo mudou. Sinto que agora estou em um lugar onde posso treinar e competir. E lidar com tudo isso: a pressão de um mundo que não foi realmente feito para pessoas como eu", acrescentou.

A pesista começou a chamar a atenção em 2017, quando conquistou o vice-campeonato da categoria acima de 90 kg do Mundial de Anaheim, nos Estados Unidos. Dois anos depois, ganhou o ouro nos Jogos do Pacífico, disputados em Apia (Samoa), na categoria acima de 87 kg (a mesma em que irá competir nas Olimpíadas).

Para poder participar dos Jogos de Tóquio, ela se enquadrou no regulamento estabelecido em 2015 pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) para atletas transgêneros. Pela regra, cada mulher deve ter níveis de testosterona abaixo de 10 nanomoles por litro por pelo menos 12 meses antes do início da competição. Com essa aprovação, o COI é o primeiro a defender a participação da pesista em Tóquio.

"Laurel Hubbard é uma mulher, está competindo sob as regras de sua federação e temos que prestar homenagem à sua coragem e à sua tenacidade em competir e se classificar para os Jogos Olímpicos", afirmou Richard Budgett, diretor médico e científico do COI.

Nem todo mundo pensa assim. Concorrentes criticaram a classificação da neozelandesa, que teria suposta vantagem competitiva. Vice-campeã europeia em 2019, Anna Van Bellinghen ficou insatisfeita em ter Laurel como adversária

"Esta situação particular é injusta para o esporte e para os atletas", criticou a belga.

Além de ser a primeira transgênero nas Olimpíadas, Laurel também pode se tornar a primeira medalhista. Ela chegou a Tóquio como dona do quinto melhor índice técnico entre as 14 concorrentes. Sua melhor marca é 270 kg. A favorita da prova é a chinesa Li Wenwen, que já ergueu 300 kg.

A pesista admite que não tem como não se abalar com as críticas. Mas que tenta seguir adiante em busca de seu objetivo no esporte.

"Não vou dizer que não foi difícil. Você teria que ser um robô para não ser afetado pelo que as pessoas falam. Mas não posso controlar o que as outras pessoas pensam, sentem ou acreditam. Não vou nem tentar. Não é meu trabalho dizer a eles o que pensar, sentir ou acreditar. Tudo o que posso fazer é buscar o máximo de desempenho e deixar que as coisas aconteçam", afirmou Laurel.

O COI refuta os questionamentos de que a neozelandesa teria alguma vantagem competitiva nos tempos atuais por ter feito a transição de gênero já adulta.

"Existem muitos aspectos da fisiologia, da anatomia e do lado mental que contribuem para a performance de alto rendimento. Há muitos fatores a serem levados em consideração", afirmou Budgett, o médico do comitê.

"Não é uma questão simples. Cada esporte tem que fazer sua avaliação dependendo da fisiologia daquela modalidade, para que possam garantir que haja uma competição justa", disse. "Mas também é preciso a inclusão de todos, sejam homens ou mulheres, para que possam competir no esporte que amam."

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