Sob críticas após saída do Afeganistão, EUA anunciam novo programa para refugiados

Ao todo, cerca de 75 mil afegãos foram levados aos EUA aos longo de toda a última década, segundo o secretário de Defesa Lloyd Austin

© JIM WATSON/AFP via Getty Images

Mundo EUA-REFUGIADOS 03/08/21 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sob críticas de que a retirada das tropas militares americanas do Afeganistão abre espaço para a escalada da violência com o avanço do Taleban, o governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda (2) que receberá "milhares e milhares" de refugiados que decidirem deixar o país.

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Até o momento, cerca de 20 mil afegãos que trabalharam para os militares ao longo dos últimos 20 anos da missão americana no país já pediram asilo nos Estados Unidos.

"À luz do aumento dos níveis de violência do Taleban, o governo dos Estados Unidos está trabalhando para prover a determinados afegãos, incluindo aqueles que trabalharam com os EUA, a oportunidade de reassentamento como refugiados", disse o Departamento de Estado em comunicado. A ideia é criar um novo programa de admissão de refugiados, segundo o órgão, para atender aos "milhares e milhares de afegãos e seus familiares que possam estar em risco".

"Nossa primeira obrigação é garantir que somos bons em cumprir nossos compromissos com aqueles que se colocaram no fronte, que colocaram suas famílias no fronte, para nos ajudar", disse nesta segunda o secretário de Estado, Antony Blinken.

O anúncio de que os Estados Unidos desmobilizarão suas tropas no Afeganistão em 31 de agosto após duas décadas provocou a maior ofensiva em anos do Taleban, grupo fundamentalista que tenta tomar o controle de regiões inteiras do país.

Isso aumentou a pressão de parlamentares e ativistas para que Washington ofereça proteção para os afegãos que ajudaram os militares americanos. Nesta segunda, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, culpou pela primeira vez os aliados Estados Unidos pela crise de segurança que ameaça seu governo. "A razão para a nossa atual situação foi a decisão repentina tomada", disse Ghani durante uma sessão do Parlamento, em Cabul.

O novo programa de admissão de refugiados, segundo o Departamento de Estado, vai estender os critérios de seleção para incluir afegãos que trabalharam em ONGs e em veículos de comunicação com sede nos Estados Unidos, além de projetos financiados por Washington. Quem trabalhou nas bases militares como intérprete ou em outras funções e não foi selecionado anteriormente também pode fazer o pedido novamente.

Todo o processo de obtenção da autorização para viver nos EUA, no entanto, pode demorar de 12 a 14 meses, e os imigrantes deverão sair do país por conta própria, segundo o órgão.

Pelo programa, os refugiados precisarão receber uma recomendação de algum órgão público americano ou de alguma ONG ou veículo de comunicação baseado nos Estados Unidos.

O governo americano também afirmou que alertou os países vizinhos do Afeganistão e a Organização das Nações Unidas que pode haver um fluxo intenso de emigração, via Paquistão ou Turquia (a partir do Irã).

Os Estados Unidos já têm recebido como refugiados afegãos intérpretes e seus familiares que trabalharam nas bases militares. Eles entraram no país com um visto especial e passam por quarentena em bases militares. O governo americano afirma que o país pode receber 50 mil imigrantes do Afeganistão.

Ao todo, cerca de 75 mil afegãos foram levados aos EUA aos longo de toda a última década, segundo o secretário de Defesa Lloyd Austin, que chamou na última semana de "obrigação moral" para o país "ajudar aqueles que nos ajudaram."

Desde o fim de semana, o Afeganistão tem registrado confrontos violentos com os talebans. Pelo menos três capitais foram alvos, Lashkar Gah, Kandahar e Herat (onde um prédio da ONU foi atacado na última sexta).

As embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido em Cabul acusaram o Taleban de cometerem crimes de guerra na região sul do país, em Spin Boldak, após conquistar a região no último dia 14. "Esses assassinatos constituem crimes de guerra; precisam ser investigados e os membros do Taleban e seus comandantes precisam ser responsabilizados", escreveu a embaixada americana em rede social.

As acusações se baseiam em um relatório da Comissão Independente de Direitos Humanos do Afeganistão (AIHRC). Segundo o documento, os insurgentes assassinaram pelo menos 40 pessoas em retaliação, entre funcionários e oficiais do governo.

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