Vitória de Doria deixa PSDB mais hostil a desafetos Aécio e Alckmin

Rivais de Doria, ambos se opuseram à ascensão do governador de São Paulo e, derrotados internamente, se veem agora com pouco espaço de poder, às voltas com especulações de que deixarão o partido

© Getty Images

Política João Doria 29/11/21 POR Estadao Conteudo

A vitória de João Doria nas prévias do PSDB para disputar a Presidência da República em 2022 lançou ainda mais pressão política e dúvidas sobre os próximos passos de dois ex-presidenciáveis do partido, Aécio Neves e Geraldo Alckmin. Rivais de Doria, ambos se opuseram à ascensão do governador de São Paulo e, derrotados internamente, se veem agora com pouco espaço de poder, às voltas com especulações de que deixarão o partido.

PUB

No tucanato, as alas aecista e alckmista trabalharam majoritariamente pelo triunfo de Eduardo Leite, governador gaúcho suplantado por Doria nas prévias. Aécio e seus aliados rejeitam a debandada, apesar do ambiente hostil e das cobranças por expurgo. Mas Alckmin pode ter sua decisão precipitada.

Aliados dizem que não há mais condições de ele permanecer na legenda. Ele já conversava com partidos de centro-direita, como o PSD, e até de esquerda, como o PSB, sendo considerado peça-chave no xadrez eleitoral das disputas pelo Palácio do Planalto e pelo Palácio dos Bandeirantes.

O PSDB concluiu suas prévias inéditas com mágoas não cicatrizadas e desentendimentos explícitos. Um cenário de "união" pregado pela direção nacional é visto como distante para integrantes da velha guarda do PSDB. Durante os últimos meses, a troca de farpas mais dura foi protagonizada por Doria e Aécio - identificado pelo entorno do governador como incentivador da rebeldia da bancada bolsonarista no PSDB da Câmara.

Doria já defendeu publicamente a expulsão do mineiro por causa das suspeitas de corrupção no caso JBS. Aécio reagiu. Ele acusou o rival de liderar um projeto pessoal e disse que o PSDB correria risco de se tornar um "partido nanico" com a candidatura do governador de São Paulo à Presidência.

Influenciado por Aécio, o diretório de Minas Gerais apoiou Leite, que se vencesse poderia ter fortalecido o poder atualmente exercido por Aécio de forma discreta na sigla. Com o cenário oposto, sua influência no partido pode se ver fragilizada. Mesmo diante desse quadro, o mineiro nega a possibilidade de deixar o PSDB.

A posição foi reafirmada neste domingo, 28, por um de seus aliados, o presidente da sigla em Minas e deputado federal, Paulo Abi-Ackel (MG). Ao Estadão/Broadcast Político, Abi-Ackel afirmou que "nenhum de nós" pensa em sair do PSDB. "E sei que posso falar pelo ex-governador Aécio Neves. Não cogitamos deixar o PSDB, até porque fomos nós que o construímos ao longo dos últimos 30 anos", afirmou o deputado.

Embora ninguém cogite hoje que Aécio atue na campanha de Doria, seus aliados calculam que o agora pré-candidato do PSDB precisará do apoio de Minas para pacificar o partido e evitar defecções na rota das eleições. Abi-Ackel também reforçou o desafio que Doria terá nos próximos meses para demonstrar ter "condições de liderar uma candidatura viável na terceira via" nos próximos meses. "A bola está com ele", disse o deputado, para quem a ala de apoio a Eduardo Leite "de certa forma" se sente vitoriosa com os 45% de votos conquistados pelo gaúcho nas prévias.

Um dos temores correntes entre aliados de Doria é que seus inimigos na legenda trabalhem para que o PSDB desista de ter candidato próprio a presidente. Questionado se o êxito de Doria na eleição interna concretizaria a candidatura própria, Abi-Ackel indicou que ainda há muitas discussões internas ao longo da fase pré-eleitoral e destacou o protagonismo da seção de Minas Gerais.

"Vamos imaginar que Doria seja capaz de unificar o partido e tornar-se viável. Para isso, Minas será fundamental, porque provamos ter força, unidade e entusiasmo com o partido. Demos para Eduardo quase 100% dos votos de filiados, militantes, prefeitos e vices, vereadores, deputados. Foi uma bela demonstração de força", disse.

Já para o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, a definição de Doria como pré-candidato deve selar seu destino fora do PSDB. Alckmin guarda o desejo de concorrer mais uma vez ao Palácio dos Bandeirantes no próximo ano, a contragosto de Doria. O atual governador apoia os planos eleitorais do vice-governador Rodrigo Garcia, egresso do DEM, e queria forçar uma disputa de primárias locais, o que Alckmin rejeita. Alckmin foi padrinho político de Doria, mas sofreu o que considera um processo de "traição" ao ver Doria tentar disputar o Planalto ainda em 2018, furando a fila tucana, e depois apoiando Bolsonaro na mesma campanha, quando Alckmin naufragou.

Aliados apostam que não existem mais chances de Alckmin permanecer no partido e que ele deve seguir para outro para viabilizar sua candidatura ao governo de São Paulo. Alckmin, que encabeça a corrida eleitoral em São Paulo de acordo com pesquisas eleitorais, já flerta com alguns, como o PSD, de Gilberto Kassab.

O União Brasil, fusão do DEM com o PSL, também entrou na disputa para abrigar o ex-governador. Recentemente, ele passou a ser cortejado para uma aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Seria filiado ao PSB e disputaria como candidato a vice-presidente. Apesar de já ter declarado que se sente "honrado" com o aceno petista e até elogiado Lula, algo que provoca ruídos no tucanato, a composição é considerada improvável por alckmistas.

Doria tem sido cauteloso ao falar sobre ambos. Ele tem elogiado a trajetória política do ex-governador e neste domingo citou as incertezas sobre a permanência do tucano na legenda. "Resta saber qual seu destino. Se for ficar no PSDB, será muito bem-vindo e será respeitado nos seus objetivos, obviamente, na dimensão que possui como homem público", disse em entrevista na CNN. Sobre Aécio, o governador de São Paulo se esquivou de comentários. A reportagem tentou contato com Aécio, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Alckmin também não retornou.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama A Grande Conquista 2 Há 20 Horas

Ex-Polegar pega faca durante discussão e é expulso de reality

politica Arthur Lira Há 21 Horas

Felipe Neto é autuado por injúria em inquérito aberto a pedido de Arthur Lira

mundo Posição de Lótus Há 22 Horas

O misterioso caso da múmia escondida em estátua de Buda

lifestyle Signos Há 23 Horas

Quatro signos que nasceram para serem famosos

fama GISELE-BÜNDCHEN Há 22 Horas

Gisele Bündchen recebe apoio de prefeito após chorar durante abordagem policial nos EUA

brasil Santa Catarina Há 22 Horas

Homem morre após ser atacado por quatro pitbulls em quintal de casa em SC

fama SAMARA-FELIPPO Há 17 Horas

Filha de Samara Felippo é alvo de racismo em escola, diz site

fama Iraque Há 20 Horas

Influencer iraquiana é morta a tiros em Bagdá

brasil MORTE-SP Há 16 Horas

Morte de jovem após deixar sauna gay causa pânico; relembre histórico

economia REINHART-KOSELLECK Há 20 Horas

Quem é o historiador lido por Haddad após bronca de Lula