Elza Soares disse que Brasil estava doente, mas que não se reconhecia fora daqui

A cantora, que morreu nesta quinta-feira (20) aos 91 anos, afirmou na ocasião que o Brasil estava resfriado, mas que não conseguia se reconhecer fora daqui. "Cantar de galo no terreiro dos outros? Quero cantar no meu terreiro."

© Eduardo Martins / AgNews

Fama ELZA-SOARES 21/01/22 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em 2019, Elza Soares disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que não queria voltar para Lisboa quando uma de suas assessoras lembrou do último show que ela tinha feito em Portugal.

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A cantora, que morreu nesta quinta-feira (20) aos 91 anos, afirmou na ocasião que o Brasil estava resfriado, mas que não conseguia se reconhecer fora daqui. "Cantar de galo no terreiro dos outros? Quero cantar no meu terreiro."

Na ocasião, Elza Soares falou sobre o "Planeta Fome", seu 34º disco. O álbum carrega no título a famosa resposta que Elza deu a Ary Barroso, quando ela tinha 13 anos e se atreveu a cantar no programa de calouros que ele apresentava na rádio Tupi.

O disco vinha sendo concebido desde aquele episódio de 1953, segundo Elza. "Pensava que 'planeta fome' era pela fome de comida", diz. "Mas cheguei à conclusão de que tenho muito mais fome. De saúde, de respeito, de amor, de um país melhor. Quero continuar, estou com fome", disse ela.

Na canção "Não Tá Mais de Graça", Elza atualizou um de seus hinos, "A Carne", música de 2002 cujo refrão diz que "a carne mais barata do mercado é a carne negra". Em "Planeta Fome", Elza cantou que "a carne mais barata do mercado não está mais de graça". "Eu não valia nada. Hoje, estou valendo uma tonelada", celebrou ela.

Elza carrega o status de mito na música brasileira e de ícone dos movimentos negro e feminista. Quando lançou "A Mulher do Fim do Mundo", contudo, ela recebeu críticas pela falta de mulheres nos bastidores do álbum.

"Ah, deixa o pessoal reclamar. Inclusive, sinto falta disso. Botaram Lexotan na água do povo. Está todo mundo calado", disse ela durante a entrevista. "Nos anos 1960, eu via muita gente na rua. Chico, Caetano, aquelas composições fortes. Sofreram, claro, por toda a rebeldia. Mas, hoje, está todo mundo com medo de falar. É por isso que uso minha voz, para falar o que se cala."

Sobre o processo de revisitar as memórias para sua recente biografia, escrita por Zeca Camargo, ela rejeitou completamente a nostalgia. "Saudades do que? Da fome?"

Considerada a cantora do milênio, Soares ainda afirmou na entrevista que "vozona" ela não era. "Você não vai me ver de chinelinho, mas sim de calça jeans rasgada, camisetona. O Brasil está doente, mas estou avançando", afirmou.

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