Sobe número de ataques a cultos religiosos no Rio de Janeiro

Os dados são do ISP (Instituto de Segurança Pública) e foram divulgados nesta sexta-feira (21), data em que se comemora o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

© Reuters

Justiça INTOLERÂNCIA-RELIGIOSA 22/01/22 POR Folhapress

MATHEUS ROCHARIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em 2021, o estado do Rio de Janeiro registrou 33 casos de ultraje religioso, isto é, o ato de ridicularizar, perturbar ou impedir uma cerimônia religiosa. É um aumento de 43% em relação ao ano anterior, quando houve 23. Os dados são do ISP (Instituto de Segurança Pública) e foram divulgados nesta sexta-feira (21), data em que se comemora o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

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A pesquisa mostrou também que a Polícia Civil registrou no ano passado 1.564 ocorrências de crimes que podem estar relacionados à intolerância religiosa, o que representa, em média, mais de quatro casos por dia. O total de ocorrências inclui casos de injúria por preconceito (1.365 vítimas); e preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional (166).

O instituto destaca, porém, que os dados estão subnotificados. O babalaô Ivanir dos Santos faz a mesma avaliação. Interlocutor da CCIR (Comissão de Combate à Intolerância Religiosa), ele diz que isso acontece porque falta um sistema estadual para coletar dados e que são poucas as pessoas que registram os casos na delegacia."Se formos levar em conta as comunidades onde há o tráfico evangelizado que expulsa e ameaça as pessoas, elas obviamente têm medo e não fazem o registro", diz ele.

No Rio, existem comunidades onde traficantes evangélicos proíbem a atuação de adeptos das religiões de matriz africana, o que agrava o quadro de intolerância no estado.

No ano passado, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa recebeu 47 denúncias de intolerância, sendo que 91% delas foram feitas por adeptos das religiões de matriz africana. O município do Rio concentra a maior parte dos casos (34%), seguido pela Baixada Fluminense (27%). Esses dados foram tabulados pelo Observatório de Liberdade Religiosa.

De acordo com o babalaô, o preconceito a essas religiões tem bases históricas e começou com a demonização das culturas africanas, ainda no século 17. "A lógica da construção de um modelo ocidental e cristão que desumaniza os africanos e os asiáticos tem repercussão até hoje na sociedade brasileira."

Ele considera que o Estado tem falhado em mudar esse cenário. "O poder público é conivente. Se o Estado é laico e se as suas estruturas deveriam manter a laicidade, o que é garantido pela Constituição, um ataque ao candomblé e à umbanda deveria ser considerado um ataque à Constituição."

Morador do município de São Gonçalo, o babalorixá Gilmar de Oya conta que uma de suas filhas de santo foi expulsa de um ônibus após ouvir que o motorista não levava "macumbeira". Em um outro episódio, Oya precisou ajudar um pai de santo a se mudar depois que ele foi obrigado por criminosos a desmontar seu terreiro, que existia havia 25 anos.

Oya explica que, além de centros religiosos, esses espaços desenvolvem trabalhos sociais importantes e que espera políticas públicas de estímulo às iniciativas. "Que os nossos governantes nos ouçam e procurem conhecer o nosso trabalho e o que os terreiros proporcionam para a sociedade. Precisamos de editais e projetos sociais para continuar mantendo as ações que a gente faz", afirma ele.Em nota, a SEDSODH (Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio) diz que, desde outubro, aumentou em 50% a rede de equipamentos direcionados ao atendimento às vítimas de intolerância religiosa.

"A SEDSODH também atua no atendimento às vítimas de intolerância religiosa através da Superintendência Estadual de Promoção de Liberdade Religiosa e do Disque Cidadania e Direitos Humanos, serviço disponível 24 horas, sete dias por semana, em que as vítimas recebem o primeiro atendimento e são encaminhadas para a rede de equipamentos", afirma a pasta.

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