Evangélicos querem Damares candidata ao Senado no Amapá contra Alcolumbre

A outra alternativa seria o Amapá, em uma grande articulação dos evangélicos para dar o prometido troco no senador Davi Alcolumbre (DEM-AP)

© Getty

Política DAMARES-ALVES 24/01/22 POR Folhapress

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Última ministra do núcleo ideológico ainda no governo, Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) entrou nos planos do Palácio do Planalto para aumentar a representação bolsonarista no Senado, Casa que impôs derrotas seguidas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e que barrou a sua chamada pauta de costumes.

PUB

Ainda resta indefinido, porém, o estado onde a ministra vai lançar sua candidatura. Bolsonaro a convidou para tentar se eleger por São Paulo, mas aliados relatam problemas na composição de chapas, desagradando outros bolsonaristas. A outra alternativa seria o Amapá, em uma grande articulação dos evangélicos para dar o prometido troco no senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O parlamentar trabalhou contra a aprovação de André Mendonça, ex-advogado-geral da União, para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), e acabou derrotado.

Mendonça foi indicado à vaga na corte, e Alcolumbre recebeu em troca uma promessa de evangélicos de que dificultariam sua eleição no estado. O senador deverá tentar mais um mandato de oito anos nesta eleição.

Após a saída de Abraham Weintraub (Educação), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Damares Alves se tornou o bastião do conservadorismo ideológico no governo.

Suas falas e posições contra identidade de gênero, em defesa da família, entre outros assuntos, são ainda apontadas como um elemento de coesão entre o governo e seus militantes, após as mudanças nos ministérios, em particular a chegada do centrão.

Aliados dizem que Damares está muito entusiasmada com a possibilidade de disputar a eleição, mas segue a indefinição sobre o estado em que disputaria a vaga –nas eleições de 2022, haverá apenas uma vaga de senador por estado.

Está em aberto também o partido ao qual ela se filiaria. Damares estava em conversas avançadas com o Republicanos. Mas o PP depois passou a cortejá-la. Segundo integrantes desses partidos, porém, a ministra oscila muito em relação à pretensão política e à legenda à qual pretende se filiar.

Bolsonaro dá sinais conflitantes sobre sua posição. Em entrevista a uma rádio, chegou a afirmar que a convidou a concorrer em São Paulo, na mesma articulação que terá como nome ao governo do estado o do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. A ministra ainda não respondeu ao convite.

Em transmissão em suas redes sociais, na quinta (20), disse que Damares está "mais apaixonada pelo Amapá do que por São Paulo". A ideia de Damares ser candidata em São Paulo partiu do próprio Bolsonaro, que busca uma candidatura competitiva para compor a chapa de Tarcísio.

A proposta irritou a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL), que quer ser candidata ao Senado e tem o apoio de líderes do centrão para isso.

O próprio Tarcísio vê com simpatia a candidatura de Damares, por avaliar que ela tem carisma e potencial de votos.

Mas também são cogitados os nomes de Janaina e do ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) Paulo Skaf para concorrer ao Senado ao lado de Tarcísio.

Hoje, porém, quem conversa com a ministra a vê mais disposta a entrar na disputa pelo Amapá. Damares tem domicílio eleitoral em São Paulo, mas pode alterá-lo até abril.

No Amapá, a candidatura de Damares seria uma aposta para tirar do cenário político de Brasília o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

O político amapaense entrou em rota de colisão com os evangélicos ao segurar por quase quatro meses a sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) de André Mendonça, o nome "terrivelmente evangélico" que Bolsonaro indicou para uma vaga no STF.

Lideranças evangélicas em todo país alertaram que iriam retaliar Alcolumbre, que busca a reeleição no Senado. Chegaram a pedir que os fiéis transferissem o seu título para o Amapá.

"Se quer derrotar Alcolumbre, Damares não é a receita mais eficiente. Mas, se ela acha que tem condições, será bem-vinda. Acho que seria um bom teste eleitoral para ela, para ver qual seu potencial nas urnas", afirmou o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também apontado como pré-candidato ao governo do Amapá.

Políticos amapaenses lembram que não é tradição no estado escolher paraquedistas, nomes de outras localidades que buscam se eleger no Amapá. Uma das exceções foi o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (MDB-AP), cuja base política é o Maranhão. Também não foi aceita a frase recente de Damares, que disse amar os seus "indiozinhos do Amapá".

"Estou orando, presidente? A minha vida é dirigida por Deus. Mas eu confesso que amo o Amapá. Eu amo meus indiozinhos do Amapá!", escreveu a ministra em sua rede social, ao lado de uma foto da entrevista dada por Bolsonaro, na qual a legenda cita o convite a disputar por SP.

A frase incomodou eleitores, que se manifestaram nas redes sociais, lembrando que menos de 5% da população amapaense é indígena.

A candidatura no Amapá se daria na mesma chapa do atual vice-governador Jaime Nunes (Pros), que define por qual legenda se lançará para tentar comandar o estado.

Políticos amapaenses afirmam que Nunes está se empenhando nessa articulação com Damares, de forma a receber um apoio mais direto de Bolsonaro.

Aliados de Alcolumbre estão acompanhando atentos à articulação da ministra. A família do senador já vem de uma derrota nas eleições municipais de 2020, quando seu irmão Josiel Alcolumbre perdeu a prefeitura de Macapá após liderar a maior parte do tempo.

Um apagão no período que antecedeu a eleição contribuiu para o desgaste do candidato, apesar das ações de Alcolumbre e do governo federal para restabelecer a energia –governo e congressista estavam em sintonia maior, na época, quando ele era presidente do Senado.

Na semana passada, em entrevista ao bispo Fábio Sousa (PSDB-GO), a ministra disse que ficou impressionada com a receptividade que Bolsonaro teve em uma viagem ao Amapá e que viu imagens de pessoas que viajaram para ver o presidente.

"Quando eu vi aquelas imagens, eu escrevi: 'Agora eu sei qual é o estado que serei senadora'. Mas era brincadeira"¦ Pegaram como uma verdade e me lançaram como candidata. E vou dizer para você que estou gostando dessa ideia", afirmou Damares.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

justica Santos Há 4 Horas

Homem é flagrado abusando sexualmente de moradora em situação de rua

politica CHUVA-RS Há 7 Horas

Mortes pelas chuvas chegam a 66 e governador fala em 'Plano Marshall'

mundo Miami Há 8 Horas

Saco com é cobras encontrado nas calças de passageiro em aeroporto

fama MADONNA-RIO Há 8 Horas

Madonna fez da praia de Copacabana a maior pista de dança do mundo

fama Bruce Willis Há 8 Horas

Após diagnóstico de demência, como está Bruce Willis?

fama PAULO-GUSTAVO Há 4 Horas

Thales Bretas relembra morte de Paulo Gustavo: 'Horas boas, horas bem amargas'

esporte Fórmula 1 Há 23 Horas

Verstappen vence no GP de Miami a 9ª corrida sprint de Fórmula 1; Ricciardo é o 4º

tech Espaço Há 19 Horas

Missão europeia revela imagens mais detalhadas da superfície do Sol

fama Namoro Há 23 Horas

Pegadores! Astros que tiveram mais parceiros famosos em Hollywood

brasil Brasil Há 21 Horas

Pastor assume que beijou filha na boca: "Que mulherão! Ai, se eu te pego"