Erdogan conversa com Finlândia e Suécia após se opor a ingresso na Otan

A agência turca Anadolu informou que Erdogan disse à primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, que espera medidas concretas em relação a suas preocupações com as organizações que Ancara considera terroristas.

© Getty Images

Mundo RECEP-ERDOGAN 21/05/22 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dias depois de manifestar abertamente oposição ao pleito de Suécia e Finlândia de ingresso na Otan, o presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, conversou neste sábado (21) com os líderes dos dois países nórdicos.

PUB

Estocolmo e Helsinque oficializaram o pedido de entrada na aliança militar nesta semana, abandonando décadas de neutralidade, como resposta à ação russa que deu inicio à Guerra da Ucrânia. Os turcos, que mantêm relação próxima com os dois lados do conflito e integram a Otan, alegam que os nórdicos abrigam pessoas ligadas a grupos tidos como terroristas. A indicação de veto mobilizou líderes ocidentais, que aumentaram a pressão sobre Ancara.

A agência turca Anadolu informou que Erdogan disse à primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, que espera medidas concretas em relação a suas preocupações com as organizações que Ancara considera terroristas. De acordo com essa versão, o país abriga militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e seguidores do clérigo Fethullah Gulen, a quem o líder turco acusa de orquestrar uma tentativa de golpe de 2016.

Outra exigência citada por Erdogan seria o fim de um embargo de exportação de armas imposto em 2019. Andersson comentou o telefonema em um tuíte, dizendo que espera fortalecer as relações bilaterais em temas como "paz, segurança e a luta contra o terrorismo".Do lado finlandês, o presidente Sauli Niinistö disse que teve uma conversa "aberta e direta" com Erdogan. "Afirmei que, como aliados da Otan, Finlândia e Turquia se comprometerão com a segurança uma da outra e que nosso relacionamento ficará mais forte", disse, em um tuíte. "A Finlândia condena o terrorismo em todas as suas formas e manifestações. O diálogo continua."

Segundo comunicado de Ancara, o líder turco repetiu a Niinistö o que disse à sueca Andersson: fazer uma espécie de vista grossa ao fato de o país abrigar o que chamou de "terroristas perigosos" não condiz com a postura de um postulante a entrar na aliança ocidental.Mesmo com o discurso dos últimos dias de Erdogan, pressionado por aliados da Ucrânia como o americano Joe Biden e o britânico Boris Johnson, as partes se diziam confiantes em uma resolução diplomática. A expectativa entre analistas, de toda forma, é a de que a Turquia vá vender caro o apoio aos nórdicos, exigindo talvez deportação de ativistas exilados ou declarações mais incisivas.

A formalização do processamento do pedido de Suécia e Finlândia deverá ocorrer até a cúpula da Otan, no fim de junho, em Madri.

A Rússia tem mantido sobre esse assunto um tom comedido, depois de ameaças iniciais que incluíam a sugestão de posicionar armas nucleares em áreas próximas aos dois vizinhos nórdicos –no caso finlandês, há uma fronteira de 1.300 km entre os países, enquanto no sueco, o domínio de atrito é o mar Báltico.

Putin afirmou que haveria reação contra ambas as nações, que não são vistos como uma ameaça, mas que ela seria proporcional à militarização que a eventual adesão à Otan traria.

Uma primeira indicação dessa reação se deu já neste sábado, com a suspensão do fornecimento de gás russo a Helsinque. A informação foi confirmada pela Gasum, principal empresa finlandesa do setor, e pela russa Gazprom.

A justificativa oficial de Moscou é que o vizinho não aceitou fazer o pagamento pelo produto em rublos –o que já levou ao corte para Bulgária e Polônia, em abril. A Gasum, que também atua na Suécia e na Noruega, já havia dito que o risco de as importações serem cortadas era provável e acrescentou que vai buscar suprir a demanda doméstica por meio do gasoduto Balticconnector, que liga a Finlândia à Estônia.O gás natural representa apenas 6% da energia consumida por Helsinque, segundo dados de 2020, mas a maior parte dele vem da Rússia. O país nórdico, que vê a energia renovável avançar, tem como principal fonte a biomassa –um quarto da energia nacional. O petróleo ainda ocupa a fatia de 21%.

No front neste sábado, a Rússia reivindicou de forma oficial a conquista da cidade de Mariupol e intensificou a ofensiva na região de Lugansk. Segundo o porta-voz da Defesa, o ministro Serguei Choigu informou a Putin "o fim da operação e a libertação total do complexo de Azovstal e da cidade de Mariupol". A batalha pela região da siderúrgica, que durou meses, é um passo importante no objetivo de Moscou de controlar o sul e o leste ucranianos, criando uma ponte por terra com a Crimeia, anexada em 2014.

Na noite de sexta (20), a Rússia alegara que tinha "liberado totalmente" o complexo de Azovstal. "Ao todo, 2.439 nazistas do [Batalhão] Azov e militares ucranianos que estavam na siderúrgica se renderam. Hoje, o último grupo de 531 combatentes se entregou", disse o porta-voz da Defesa, Igor Konachenkov. "Os túneis do local, onde se escondiam os combatentes, passaram ao controle completo das forças russas."

A Ucrânia não comentou oficialmente as alegações de Moscou. O presidente Volodimir Zelenski voltou a exortar um caminho diplomático e disse que as conquistas russas no Donbass e na Crimeia serão temporárias.

Além de aparentemente ter intensificado a ofensiva em Severodonetsk, na região de Lugansk, Moscou disse ter destruído instalações militares ucranianas em Jitomír que abrigavam armas fornecidas por aliados ocidentais. A informação não pôde ser verificada de forma independente, bem como a de ataques a depósitos de combustíveis na região de Odessa.

Em Seul, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou neste sábado um pacote de US$ 40 bilhões (R$ 195 bilhões) em ajuda à Ucrânia. A proposta, apresentada pelo democrata no mês passado em valor um pouco menor, foi aprovada pelo Congresso com apoio inclusive de parlamentares republicanos.

É o maior auxílio de Washington até o momento e vai incluir assistência militar, econômica e humanitária.

Zelenski recebeu ainda o apoio do português António Costa, que viajou à Ucrânia e se disse solidário ao país, chamando a ação de Moscou de uma agressão bárbara.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama A Grande Conquista 2 Há 20 Horas

Ex-Polegar pega faca durante discussão e é expulso de reality

politica Arthur Lira Há 22 Horas

Felipe Neto é autuado por injúria em inquérito aberto a pedido de Arthur Lira

mundo Posição de Lótus Há 22 Horas

O misterioso caso da múmia escondida em estátua de Buda

lifestyle Signos Há 23 Horas

Quatro signos que nasceram para serem famosos

fama GISELE-BÜNDCHEN Há 23 Horas

Gisele Bündchen recebe apoio de prefeito após chorar durante abordagem policial nos EUA

brasil Santa Catarina Há 23 Horas

Homem morre após ser atacado por quatro pitbulls em quintal de casa em SC

fama SAMARA-FELIPPO Há 18 Horas

Filha de Samara Felippo é alvo de racismo em escola, diz site

fama Iraque Há 20 Horas

Influencer iraquiana é morta a tiros em Bagdá

brasil MORTE-SP Há 17 Horas

Morte de jovem após deixar sauna gay causa pânico; relembre histórico

economia REINHART-KOSELLECK Há 21 Horas

Quem é o historiador lido por Haddad após bronca de Lula