Ministério incorpora ao SUS novo tratamento contra efeitos do AVC

Especialistas destacam a importância da inclusão do tratamento, já disponível na rede privada

© Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Brasil Saúde 12/08/22 POR Estadao Conteudo

A trombectomia, tratamento utilizado na fase aguda do Acidente Vascular Cerebral (AVC), será incluída nos procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). O anúncio foi feito na quinta-feira, 11, em São Paulo pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na abertura do Global Stroke Alliance - for Stroke without Frontiers, congresso médico destinado a debater o AVC.

Especialistas destacam a importância da inclusão do tratamento, já disponível na rede privada, mas lembram a necessidade de infraestrutura dos hospitais e de capacitação das equipes para realizar o procedimento. Uma das principais causas de morte, incapacitação e internações no mundo, o AVC ocorre quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea.

No primeiro semestre deste ano, foram 56.320 mortes, número acima das vítimas de enfarte (52.665) e covid-19 (48.865), de acordo com o Ministério da Saúde. Complexo e especializado, o tratamento consiste na inserção de um cateter no vaso sanguíneo do paciente para remover o bloqueio no vaso e restaurar o fluxo sanguíneo para a área afetada. A trombectomia é recomendada para a remoção do coágulo em vasos grandes, como artéria cerebral média, carótida, vertebral ou basilar.

Vasos "fininhos" não permitem a chegada do cateter, como explica Alex Baeta, neurologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. No caso dos pequenos vasos, os médicos usam a medicação trombolítica, capaz de dissolver o coágulo.

DANOS

A trombectomia é capaz de reduzir danos neurológicos graves, na avaliação da neurologista Sheila Martins, uma das autoras do estudo sobre a inclusão da trombectomia no SUS e que foi publicado no The New England Journal of Medicine em 2020. "É um tratamento que já estava disponível na rede privada e que pode salvar vidas e diminuir sequelas", diz a presidente da Rede Brasileira de AVC e professora de Neurologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Pacientes afásicos, com distúrbio grave da linguagem, ou comprometimento motor, por exemplo, podem ter sequelas reduzidas. Mas é fundamental que o atendimento seja feito nas primeiras horas após o AVC, alertam os neurologistas.

A tecnologia deve estar completamente implementada no SUS até o fim deste ano O próximo passo é concluir a terceira fase do plano, que é a oferta nos hospitais especializados. Os critérios de escolha dos locais serão os indicadores de cada hospital, como dados de mortalidade por AVC, tempo de internação no hospital, reinternações, pacientes que são tratados com trombolíticos e a experiência dos médicos. Hoje, quatro hospitais públicos (em São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Ceará) já oferecem o tratamento, mas ele é custeado pelo próprio hospital ou pela secretaria estadual de Saúde. O tratamento custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil.

INFRAESTRUTURA

Gisele Sampaio Silva, neurologista e pesquisadora clínica do Hospital Albert Einstein, calcula que 10% dos pacientes com AVC agudo terão necessidade de tratamento com trombectomia mecânica. "Isso traz a chance de reduzir a incapacidade dos pacientes a longo prazo", destaca. Por outro lado, a adoção do procedimento deve ser acompanhada da presença de profissionais capacitados, como um neurorradiologista intervencionista, responsável pela cirurgia.

De acordo com o Ministério da Saúde, o País tem 88 centros que realizam o tratamento especializado no AVC, mas não são todos que terão essa tecnologia em um primeiro momento. "Temos 20 hospitais já avaliados no estudo e pretendemos começar por eles. Estamos visitando outros hospitais para ampliar essa rede de centros especializados", diz Sheila Martins.

Alex Baeta destaca que a instituição também precisa estar preparada para oferecer cuidados pós-operatórios. "Depois da trombectomia, o paciente precisa ir para uma UTI com expertise neurológica para a condução posterior ao procedimento. Não é só retirada do trombo (coágulo). Existem cuidados e acompanhamentos que são fundamentais para a melhora do paciente."

CÉREBRO

Existem dois tipos de AVC, o hemorrágico e isquêmico. No AVC hemorrágico, acontece o rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia, que pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É o responsável por 15% dos casos, mas pode ser mais letal que o AVC isquêmico. O AVC isquêmico, por sua vez (mais informações no quadro nesta página), ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer por causa de um trombo (trombose) ou de um êmbolo (embolia).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PUB

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Jojo Todynho Há 13 Horas

Jojo Todynho veste roupa que usava antes de perder 50kg. "Saco de batata"

brasil Herança Há 15 Horas

Viúvo de Walewska cobra aluguel para que sogros morem em imóvel da filha

mundo EUA Há 12 Horas

Criança morre após ser forçada a correr em esteira pelo pai

brasil Rio Grande do Sul Há 15 Horas

Governador do RS alerta para "maior desastre da história" do estado

fama Brian McCardie Há 13 Horas

Morre Brian McCardie, ator da série Outlander, aos 59 anos

brasil MORTE-SC Há 14 Horas

Adolescente de 14 anos morre após ser picado por cobra venenosa em SC

mundo Londres Há 13 Horas

Responsável por ataque com espada em Londres tem cidadania brasileira

fama Isabel Veloso Há 15 Horas

Marido de influencer com câncer terminal: 'Finjo que não vai acontecer'

fama Bastidores da TV Há 6 Horas

Bianca Rinaldi relata agressões de Marlene Mattos: "Humilhação"

economia INSS Há 12 Horas

INSS começa a pagar 13º antecipado; veja quem tem direito