Vítimas de pedofilia continuam exigindo ação do Vaticano

Para as associações de vítimas, a conspiração do silêncio continua a ser tolerada ao mais alto nível, apesar das promessas de Francisco

© Reuters

Mundo Igreja Católica 11/03/16 POR Notícias Ao Minuto

Três anos depois da eleição do papa Francisco, as vítimas de padres pedófilos afirmam-se decepcionadas pela falta de medidas da Igreja Católica, ainda muito longe de punir os responsáveis.

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A recente audição, por uma comissão australiana, do cardeal George Pell, "número três" do Vaticano, e a queixa por não-denúncia de um padre pedófilo contra o cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon (França), colocam mais uma vez a questão - além da responsabilidade, ou não, destes prelados - de décadas de indiferença e, depois, de esforços para abafar os escândalos.

Para as associações de vítimas, a conspiração do silêncio continua a ser tolerada ao mais alto nível, apesar das promessas de Francisco.

O papa argentino, que assinala no domingo o terceiro aniversário da eleição, tornou-se numa verdadeira estrela graças ao seu estilo simples, atenção aos mais pobres e esforços para reformar a instituição e aproximá-la dos simples fiéis.

Mas ainda não conseguiu pôr fim ao escândalo dos padres pedófilos, que destruiu a vida de dezenas de milhares de vítimas em todo o mundo e descredibilizou a Igreja.

Francisco teve palavras muito firmes sobre o tema. Recomendou a demissão aos bispos que protegeram e protegem pedófilos e criou no Vaticano uma instância judicial para julgar estes criminosos.

Em fevereiro, no regresso da viagem ao México, afirmou: "um bispo que transfere de paróquia um padre pedófilo é um inconsciente e a melhor coisa que pode fazer é apresentar a demissão".

Estabeleceu também uma comissão internacional de peritos, mas a limitação do mandato a investigações e propostas no âmbito da prevenção, sem intervenção nos casos individuais, foi muito criticada.

E, se em Roma e Filadélfia (Estados Unidos), se reuniu com vítimas de padres pedófilos, Jorge Bergoglio causou forte decepção nas últimas semanas por não ter recebido as vítimas de casos muito mediáticos no México e as que se deslocaram da Austrália a Roma, por ocasião do testemunho do cardeal Pell.

Na opinião de Marco Politi, vaticanista e biógrafo do papa, "o teste decisivo para avaliar a seriedade das hierarquias eclesiásticas" continua a ser a questão da denúncia à justiça, o que, "à exceção dos países onde a lei o exige, a maioria dos episcopados nem quer ouvir falar" da possibilidade.

Para Ignazio Ingrao, vaticanista do semanário Panorama, apesar da incapacidade de vários episcopados locais de "ultrapassar a mentalidade do segredo e de abafar escândalos", não há dúvida "sobre a vontade de Francisco de manter tolerância zero".

"O papa disse claramente que as autoridades eclesiásticas devem colaborar com as autoridades civis", considerou.

O vaticanista do portal da Internet Vatican Insider, Andrea Tornielli, próximo do papa, não vê qualquer reticência de Jorge Bergoglio "em falar do tema e em aplicar sanções".

"O papa foi inequívoco, e falou de sacrifícios diabólicos. Procura mudar as mentalidades", explicou à agência noticiosa France Presse (AFP).

"Compreendem-se muito bem as críticas das vítimas ou dos seus familiares. Mas o trabalho mais importante a concluir é criar as condições para que estes episódios, em que os escândalos são abafados, não se voltem a repetir", acrescentou.

Por outro lado, o novo escândalo de fuga de documentos confidenciais no Vaticano - o segundo depois do ocorrido em 2012, durante o papado de Bento XVI - atinge indiretamente Francisco, que continua a desenvolver uma difícil reforma da Cúria e está empenhado na luta contra a corrupção.

O processo 'Vatileaks' julga cinco acusados, incluindo dois jornalistas italianos, vai ser retomado, em sessão pública, na segunda-feira, para audição de testemunhas, indicou o porta-voz adjunto do Vaticano, Greg Burke.

Três acusados, o prelado espanhol Lucio Angel Vallejo Balda, a consultora italiana Francesca Chaouqui e o italiano Nicola Maio, tiveram acesso a numerosos documentos por pertencerem a uma comissão encarregada pelo papa de apresentar propostas de reformas financeiras e económicas do Vaticano.

Os dois jornalistas - Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi - usaram aqueles documentos em dois livros sobre a persistência de problemas e desvios financeiros, apesar da vontade reformadora do papa.

Todos os acusados incorrem em penas de entre quatro e oito anos de prisão, ao abrigo de uma reforma do direito penal do Vaticano, aprovada por Francisco, em 2014.

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