EUA criam força-tarefa para proteger navios no mar Vermelho

Grandes transportadoras foram obrigadas a desviar suas rotas para evitar ataques de rebeldes houthis do Iêmen

© Handout/Reuters

Mundo Tensão 19/12/23 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os Estados Unidos anunciaram nesta terça (19) a criação de uma força-tarefa multinacional para salvaguardar o trânsito de navios mercantes pelo mar Vermelho, de onde grandes transportadoras foram obrigadas a desviar suas rotas para evitar ataques de rebeldes houthis do Iêmen.

PUB

O grupo, em guerra civil desde 2014 contra o governo local, é bancado pelo Irã e, como Teerã, apoia o Hamas em sua guerra contra Israel. Nas dez semanas do conflito, os rebeldes dispararam mísseis e drones tanto contra território israelense quanto atacaram e até sequestraram um navio perto de sua costa.

O anúncio, que era amplamente esperado, foi feito pelo secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que esteve na véspera em Israel e nesta terça visita o Barhein, um dos países que integrará a força-tarefa.

Austin falou a 40 ministros da Defesa por videoconferência, pedindo apoio à iniciativa. Até aqui, além do pequeno país árabe, Reino Unido, Itália, França, Canadá, Holanda, Noruega, Espanha e as ilhas Seychelles afirmaram que irão colaborar -mas os franceses disseram que o farão sem se submeter a comandos estrangeiros.

O anúncio não mudou, por ora, os ânimos de lado a lado. Um porta-voz houthi disse que haveria novos ataques, e que eles visam atingir embarcações com algum tipo de ligação com Israel, o que não é verdade na prática. Houve dois novos incidentes reportados nesta terça, mas sem aparente danos a navios.

As empresas transportadoras, por sua vez, continuaram a desviar seus navios da região. "Nós temos fé que uma solução que permita o retorno usando o canal de Suez e transitando o mar Vermelho e o golfo de Áden será introduzida no futuro próximo, mas neste momento segue difícil determinar exatamente quando isso vai ocorrer", afirmou a dinamarquesa Maersk em nota nesta terça.

A Maersk e a MSC, que também desviou seus navios, respondem por cerca de 50% do mercado mundial de transporte marítimo. Outras nove grande empresas, como a alemã Hapag-Lloyd e a taiwanesa Evergreen, fizeram o mesmo até aqui.

Além disso, ao menos uma grande operadora de petróleo e gás, a BP britânica, suspendeu o trânsito de seus petroleiros na região, a rota mais curta entre os produtores do golfo Pérsico e a Europa. Todos agora vão circunavegar a África em vez passar pelo canal de Suez, no Egito, o que adiciona em média uma semana às viagens.

Por ora, isso se reflete em custos imediatos de operação, mas o temor no mercado é que o prolongamento da situação afete diretamente preços do petróleo e de outros produtos. Uma disrupção grave de cadeias produtivas, como se viu na pandemia, contudo não é esperada.

Segundo a consultoria Vortexa disse à agência Reuters, a crise faz uma viagem de transporte de petróleo cru desviada de Suez ficar até 25% mais cara num primeiro momento. Muitos navios terão de dar meia-volta. O preço do barril subiu 1,83% na segunda, quando a crise ficou evidente.

O canal, que gera R$ 50 bilhões anuais em pedágios de trânsito para o Egito, é via de 9% do comércio internacional de petróleo e gás liquefeito. Nesta terça, a Autoridade do Canal de Suez divulgou comunicado afirmando acompanhar a situação, e disse que de 19 de novembro para cá, 2.128 navios haviam passado pela via de 192 km construída no século 19.

Até a decisão das transportadoras, apenas 55 haviam mudado de curso devido às ameaças. Muitos navios agora têm guardas armados e a maioria tenta mascarar sua posição eletronicamente quando passam perto do Iêmen, em especial no temido estreito Bab al-Mandab, o Portão das Lamentações.

Já há forças-tarefas multinacionais agindo na região contra piratas, principalmente da Somália, então a logística da chamada Operação Guardião da Prosperidade não deverá ser complexa. "Parece que estão dando uma marca nova para a Força-Tarefa 153, focada na região", afirmou o analista naval Nick Childs, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (Londres).

Desde 2002, os 40 países para quem Austin se dirigiu operam as Forças Marítimas Combinadas a partir do mesmo Barhein de onde ele falou. "Este é um desafio internacional que demanda ação coletiva", afirmou Austin.

Os EUA, além dos navios usualmente na região sob o controle do Comando Central do país, deslocaram em apoio a Israel para dissuadir o Irã e seus aliados de agir contra o Estado judeu na guerra dois grupos de porta-aviões para a área.

Um deles está no Mediterrâneo e outro, circulando entre o golfo Pérsico e o mar Arábico, com destróieres de sua formação em ação no mar Vermelho -por onde passa de 12% a 15% do comércio marítimo internacional.

Há um motivo extra para a motivação multinacional dos EUA, contudo. A maior base do país no Oriente Médio fica em Djibuti, pequeno país africano cuja costa tem em um ponto apenas 26 km de distância do Iêmen. Isso torna a instalação, Camp Lammonier, particularmente vulnerável a ataques houthis.

Os rebeldes já mostraram eficácia em lançar mísseis de cruzeiro e drones contra Eilat, o sul israelense, um alvo a 1.500 km de distância. Não causaram danos porque havia navios de guerra ocidentais a abater os projéteis no caminho e a formidável defesa antiaérea de Israel esperando os ataques.

Mas poderiam causar bastante estrago em Dijbuti, e de quebra fazer o governo local repensar sua política de abrigar bases estrangeiras, como a primeira instalação militar que a China estabeleceu no exterior, não muito distante da americana.

E Camp Lammonier é o maior centro de drones americanos na região, instrumento vital para os interesses de Washington. Este, ao lado da vontade de evitar uma escalada maior com o Irã, são os motivos centrais para que os EUA não bombardeiem diretamente bases houthis, como seria a praxe.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Vídeo Há 8 Horas

Influenciadora digital agride mulher na rua em MG; veja vídeo

mundo Coreia do Norte Há 10 Horas

Coreia do Norte confirma míssil e promete reforçar "força nuclear"

justica São Paulo Há 10 Horas

Professora e os dois filhos são mortos em SP; PM é suspeito

fama Sean Diddy Combs Há 10 Horas

Imagens de videovigilância mostram rapper agredindo a ex-namorada

brasil Vídeo Há 9 Horas

Menino de 6 anos é salvo de apartamento em chamas no Rio Grande do Sul; veja vídeo

justica Pridão Há 9 Horas

Casal de influencers é preso por suspeita de movimentar R$ 20 milhões ilegalmente em jogo

brasil CHUVA-RS Há 6 Horas

Submersa há 15 dias, cidade mais afetada do RS reabre casas a conta gotas

lifestyle Signos Há 11 Horas

Os cinco signos mais estranhos do zodíaco. Conhece alguém da lista?

mundo EUA Há 11 Horas

Motorista de 23 anos morre após ser atingida na cabeça por pedra nos EUA

brasil sul do brasil Há 10 Horas

Nova frente fria avança no Sul, e Inmet coloca parte do RS, Santa Catarina e Paraná em alerta