Financiamento coletivo e alta do dólar incentivam indústria de games

Favorecido pelo momento promissor, o país recebe um dos maiores eventos de games independentes da América Latina, o BIG

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Economia TECNOLOGIA 23/06/16 POR Folhapress

A indústria de games independentes -criados por pequenas empresas (com até 20 pessoas)- tem crescido no Brasil impulsionada pela alta cotação do dólar e pelo surgimento de modelos alternativos de financiamento, como o crowdfunding -em que fãs colaboram para tirar o projeto do papel.

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Favorecido pelo momento promissor, o país recebe um dos maiores eventos de games independentes da América Latina, o BIG (Brazil Independent Game Festival), realizado entre 25 de junho e 3 de julho, em São Paulo.

Na última década, o número de pequenos estúdios aumentou. Em 2014, 75 das 120 empresas nacionais de games tinham menos de cinco anos de atividade, de acordo com pesquisa publicada pelo BNDES, a mais ampla já realizada sobre a indústria de games no país.

A pesquisa estima que o mercado de videogames movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano no país. Entretanto, não existem dados precisos sobre a participação da indústria nacional de jogos nesse montante.

"No Brasil, a pirataria ainda rouba grande parcela do mercado, fazendo com que a maioria dos compradores dos games produzidos no país seja estrangeira, que paga em dólar", diz Bruno Campagnolo, coordenador do curso de desenvolvimento de jogos da PUC/PR. "Assim, a indústria nacional acaba se beneficiando dessa alta do dólar."

Além disso, houve queda no preço das ferramentas de desenvolvimento dos games. O custo dos motores de jogo, softwares com os quais os games são construídos, caiu. "Nos anos 2000, um motor bom custava cerca de US$ 1 milhão. Hoje, um motor da mesma empresa [a Epic, que desenvolve o Unreal Engine] é gratuito", afirma o professor.

Para Campagnolo, a diminuição dos custos e a facilidade de colocar um produto no mercado fizeram surgir um público de nicho que busca experiências diferentes. Em apenas dois dias, por exemplo, é possível publicar um jogo para plataformas mobile na Google Play Store.

"Os games de grande porte têm a ambição de fazer um título para vender o máximo possível", diz. "Já o game independente tem essa pegada mais autoral, de refletir exatamente o que o desenvolvedor quer transmitir. Dá para fazer um paralelo com o cinema independente."

FINANCIAMENTO

Mais de mil pessoas trabalharam na produção de GTA 5, jogo desenvolvido em 2013 pelo estúdio americano Rockstar Games, que custou aproximadamente US$ 265 milhões. Em contrapartida, cinco estudantes de Brasília, sócios da start-up Behold Studios, trabalharam em Knights of Pen and Paper, de 2012. Eles se reuniam na cafeteria de uma livraria, sem nenhum investimento além de tempo livre.

O contraste revela a diferença entre dois segmentos da indústria dos games. Entretanto, ainda que distante das somas e infraestruturas envolvidas na produção de um jogo de grande porte, o desenvolvimento independente também requer investimento considerável, quando feito profissionalmente.

"O desafio [de trabalhar com orçamento limitado] é dar a impressão de que o jogo é complexo, quando na verdade é bem simples", afirma Saulo Camarotti, fundador do estúdio brasiliense Behold. Segundo ele, entre salários e outras despesas, o custo de produção de um jogo gira em torno de US$ 100 mil.

Entretanto, os fundos dos estúdios pequenos, muitas vezes, são escassos. A saída pode vir do apoio de fãs.

O último lançamento da empresa, Chroma Squad (2015), não foi viabilizado com recursos próprios, mas a partir de uma campanha de financiamento coletivo que arrecadou US$ 97 mil em cerca de um ano.

Consumidores interessados no conceito do jogo, baseado em séries japonesas como Power Rangers, podiam fazer pequenas doações para que o projeto saísse do papel. Quase quatro mil pessoas colaboraram.

Chroma Squad já arrecadou mais de R$ 3 milhões em vendas, de acordo com Camarotti.

A estratégia ajuda o Behold a se manter apenas com o trabalho de elaborar jogos autorais -algo improvável até o lançamento de Knights of Pen Paper, quando acumulavam outros empregos e produções por encomenda.

O estúdio paulistano Webcore Games, encontrou outro caminho. Em 2015, a empresa lançou o jogo My Night Job, para Playstation 4 e PC.

Cerca de 70% do custo de produção do jogo, estimado em R$ 400 mil, foi bancado por um edital da Spcine, empresa de fomento à produção audiovisual ligada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Um dos sócios da Webcore Games, é Fernando Chiaris, que também é presidente de Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos). Ele acredita que o receio dos grandes investidores ainda é um entrave a ser superado pela indústria.

"Os investidores ainda têm receio de apostar em empresas de games. Falta um pouco mais de acesso à dinheiro", afirma.

FESTIVAL

No dia 16 de maio, foram anunciados os finalistas ao prêmio de melhor jogo do BIG. Entre eles, estão jogos da Suécia, Polônia, Nova Zelândia, Estados Unidos e um representante nacional.

Horizon Chase, do estúdio porto-alegrense Aquiri, é um jogo de corrida inspirado nos videogames dos anos 90, feito para celular.

O Aquiri destoa da maior parte dos desenvolvedores independentes do país. Cerca de 60 pessoas, entre funcionários e sócios, trabalham na empresa, fundada em 2007.

O grupo atingiu sucesso comercial ao desenvolver "advergames", jogos encomendados por companhias como forma de publicidade. Entre os clientes do grupo, está o canal infantil de televisão paga Cartoon Network. Para a elaboração de jogos autorais, com conceito próprio, contam com o apoio de um sócio-investidor.

Israel Mendes, um dos cofundadores do Aquiri, afirma que o mercado independente ainda é instável. "Apesar da evolução constante, o mercado carece de maturidade profissional, qualificação técnica, ídolos, incentivos, entidades fortes e atuantes. Mas quem souber resistir e fizer as escolhas certas, tem um grande futuro pela frente", diz. Com informações da Folhapress. 

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