O que podemos esperar do governo de Michel Temer?

Veja qual deve ser a postura do peemedebista em 4 áreas cruciais

© Beto Barata / PR

Política PRESIDENTE 31/08/16 POR Notícias Ao Minuto

Após o impeachment de Dilma Rousseff, o presidente Michel Temer começa nesta quarta-feira (31) a governar sem o carimbo de "interino" em sua faixa.

PUB

 Com dois anos e quatro meses de mandato pela frente, ele terá de lidar com um Parlamento que não demorará a cobrar seu apoio e com uma crise econômica que parece longe de terminar.

 Veja abaixo o que esperar do governo Temer em quatro áreas cruciais:

 Política

 Após dois anos de crise ininterrupta em Brasília, o peemedebista terá de domar um Congresso fisiológico e fragmentado para aprovar sua agenda, que inclui matérias pouco palatáveis à população, como a reforma previdenciária. Durante seu período como interino, ele mostrou-se pouco seguro em algumas medidas, como a extinção/recriação do Ministério da Cultura.

 "Temer vai ter de ser um pouco mais assertivo e incisivo com a pauta dele. Ele tem sido muito tímido. Na verdade, não é timidez, é medo mesmo. Só que ele vai ter de mudar, agora não vai ter mais desculpa [de ser interino]", explica o cientista político André César, da CAC Consultoria, empresa baseada em Brasília.

 O desafio do substituto de Dilma será mostrar no Palácio do Planalto a mesma desenvoltura que exibiu quando foi deputado federal. "Dizem que ou você nasceu para o Legislativo, ou você nasceu para o Executivo", acrescenta César. Para ele, o grande teste para Temer será aprovar o teto dos gastos públicos. Se isso acontecer, ele deve ganhar mais solidez para governar.

 Olhando para o lado derrotado, o PT fará forte oposição ao peemedebista, mas seu encolhimento nos últimos anos deve forçar um processo de renovação. O cientista político aposta em um partido mais moderado, próximo à social-democracia europeia, que o PSDB falhou em representar no Brasil. Mas para isso será preciso também novos nomes, embora lideranças do partido insistam em ventilar o nome de Lula para as eleições de 2018.

 No meio de tudo isso, há o pleito municipal de 2016, para o qual se desenham duras derrotas para o PT, principalmente na São Paulo de Fernando Haddad. "Tem de olhar para 2018, mas não é um processo imediato. A bancada vai diminuir muito, já caiu de 2010 para 2014. Se fizer 50 deputados em 2018, vai ser muito", ressalta César.

 O impeachment também deve selar a separação - se não oficial, ao menos na prática - entre Dilma e o PT, pondo fim a um casamento que parece nunca ter sido pacífico.

 Política externa

 Em pouco mais de três meses de governo interino, o Itamaraty se preocupou mais em minimizar os efeitos negativos da narrativa que acusava Temer de um golpe, com o chanceler José Serra dando respostas bastante agressivas a críticas de Venezuela, El Salvador e Unasul.

 Agora, segundo Guilherme Casarões, professor de relações internacionais da ESPM, essa preocupação deve diminuir, já que o Planalto não terá de lutar contra narrativa alguma. "Pode ser que algum país que tenha histórico favorável a Dilma não reconheça o governo, mas esse processo deve ser menos intenso agora do que foi em maio", diz o especialista.

 Diferentemente dos últimos governos, desta vez o ministro das Relações Exteriores não é um diplomata de carreira, mas sim um homem com pretensões políticas. Além disso, com o Itamaraty turbinado pela Agência Brasileira de Promoção às Exportações (Apex), Serra tentará se credenciar para as eleições de 2018.

 Para Casarões, isso tem moldado a postura do ex-governador de São Paulo no Ministério. "O Brasil está até se portando de uma forma arrogante perante os vizinhos. O fato de o chanceler uruguaio dizer que o Brasil estava tentando cooptar o Uruguai por motivos políticos pega muito mal", acrescenta o professor.

 Em meados de agosto, o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, acusou Serra de prometer ajudar Montevidéu em negociações com outros países se a transferência da presidência temporária do Mercosul para a Venezuela fosse barrada.

 "O Brasil tem um papel de responsabilidade na América do Sul. Quando Serra adota uma posição mais brusca com a Venezuela, ele cria mais instabilidade do que controla a situação", afirma. O primeiro compromisso internacional de Temer como presidente será no próximo fim de semana, na reunião do G20 na China. Como o grupo é conhecido pelo pragmatismo, a crise política no Brasil deve passar ao largo das discussões.

 Economia

 No âmbito financeiro, o professor de economia da Universidade Mackenzie, Agostinho Celso Pascalicchio, afirma que será preciso fazer "ajustes fiscais e tributários que permitam a criação da base para despesas do governo". Com isso, será possível "adequar as receitas para esse gasto".

 Pascalicchio define o momento no curto e médio prazo como "um processo doloroso e cuidadoso", no qual reformas e ajustes tributários podem ser feitos como alternativa para colocar a economia brasileira novamente no rumo.

 Questionado se o governo Temer pode sofrer com os mesmos problemas enfrentados por Dilma para aprovar reformas, Pascalicchio não acredita que isso se repetirá. "E, se demorar muito esse processo [de aprovação], é possível fazer a adequação de contas, como financiamentos, emissão de títulos públicos, empréstimos internacionais que não provoquem desequilíbrio fiscal. Ainda tem a emissão de moeda, que, apesar de ser uma medida inflacionária, pode ser compensada com a emissão de títulos públicos", ressalta o especialista.

 Para ele, o fato de Temer deixar de ser interino fará com que a situação político-econômica se estabilize. "O mercado já previa o impeachment. As bases e as expectativas sobre ele [Temer] são muito melhores que as anteriores. Os impactos negativos sobre a área de negócios serão bem reduzidos", finaliza.

 Projetos sociais

 Em seu discurso final à frente do Senado, Dilma anunciara que, assim que tomasse posse, Temer seguiria uma linha de "revisão" dos programas sociais, tão caros aos governos do PT.

 Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", ao menos cinco projetos devem ser "repaginados", entre eles o "Bolsa Família" e o "Minha Casa, Minha Vida". Programas como o "Ciência sem Fronteiras" já sofreram cortes.

 Dilma ainda defendeu que o governo Temer retirará direitos sociais e trabalhistas e aumentará a idade mínima para a aposentadoria. Em nota, o Planalto negou as acusações. "Todas as propostas do governo Michel Temer são para assegurar a geração de emprego, garantir a viabilidade do sistema previdenciário e buscar o equilíbrio das contas públicas. E todas elas respeitarão os direitos e garantias constitucionais".

 No comunicado, o governo também rechaçou estipular idade mínima de 70 ou 75 anos para aposentadoria, acabar com o auxílio-doença, regulamentar o trabalho escravo, privatizar o pré-sal e revogar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). "Essas e outras inverdades foram atribuídas de forma irresponsável e leviana ao governo interino", conclui a nota.

 

O professor da Unesp e doutor em administração pública Alvaro Martim Guedes disse não acreditar que haverá uma alteração dos programas sociais. "Muitos estão até sob garantia legal, e na atual situação de crise, fazer alguma modificação que venha a retirar direitos ou benefícios, seria promover uma medida de alto risco político", aponta.

 Ainda segundo ele, o governo Temer tem demonstrado muita cautela em suas ações. "Seria estranho conduzir-se de forma diferente em uma questão tão sensível, do ponto de vista social, como essa.

 Na minha interpretação, afirmar que serão realizadas alterações em programas sociais é somente um mero jogo de poder", conclui. (ANSA)

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Equador Há 23 Horas

Imagens fortes! Vídeo mostra assassinato de Miss Landy Párraga

mundo Kristi Noem Há 22 Horas

Governadora cotada para ser vice de Trump matou a tiros o próprio cão

justica Raul Pelegrin Há 23 Horas

Homem que cortou corda de trabalhador foi espancado antes de morrer

mundo Aviões Há 15 Horas

Piloto alcoolizado leva Japan Airlines a cancelar voo nos EUA

brasil São Paulo Há 15 Horas

Adolescente tem membros amputados após descarga elétrica de 8 mil volts

brasil Brasil Há 21 Horas

Ponte é arrastada pela correnteza enquanto prefeita grava vídeo; veja

fama Demi Moore Há 21 Horas

Filhas de Demi Moore e Bruce Willis combinam biquínis nas férias; veja

esporte Liga dos Campeões Há 21 Horas

Brilho de Vini Jr: Dois gols e uma reverência contra o Bayern de Munique

esporte Ayrton Senna Há 21 Horas

Trinta anos sem Ayrton Senna; relembre momentos marcantes

brasil CHUVA-RS Há 13 Horas

Temporais no RS deixam 10 mortos e 21 desaparecidos