Traficantes evangélicos expulsam mães de santo de favelas no Rio

Ao menos 40 pessoas de religiões de matriz africana já deixaram as comunidades onde viviam por conta de bandidos que frequentam igrejas

© Toninho Oliveir / fOTOS pÚBLICAS

Justiça INTOLERÂNCIA 02/11/16 POR Notícias Ao Minuto

Traficantes evangélicos estão expulsando mães, pais e filhos de santo de favelas do Rio de Janeiro. Segundo registros da Associação de Proteção dos Amigos e Adeptos do Culto Afro Brasileiro e Espírita, pelo menos 40 religiosos foram retirados de comunidades da Zona Norte da capital fluminense pelo tráfico.

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O jornal Extra conversou com alguns dos expulsos, como uma filha de santo que morava no Morro do Amor, no Complexo do Lins, e se dedica ao candomblé desde 2005.

“Não dava mais para suportar as ameaças. Lá, ser do candomblé é proibido. Não existem mais terreiros e quem pratica a religião, o faz de modo clandestino” contou ela, que teve que se mudar para a Zona Oeste.

“Me iniciei no candomblé em 2005. A partir de minha iniciação, comecei a ter problemas com os traficantes do Complexo do Lins. Quando cheguei à favela de cabeça raspada, por conta da iniciação, eles viravam o rosto quando eu passava. Com o tempo, as demonstrações de intolerância aumentaram. Quando saía da favela vestida de branco, para ir ao terreiro que frequento, eles reclamavam. Um dia, um deles veio até a minha casa e disse que eu estava proibida de circular pela favela com aquelas “roupas do demônio”. As ameaças chegaram ao ponto de proibirem que eu pendurasse as roupas brancas no varal. Se eu desrespeitasse, seria expulsa de lá. No fim de 2010, dei um basta nisso. Não suportava mais fingir ser o que eu não era e saí de lá”, completa.

O Extra destaca ainda que nas favelas do Lins e da Serrinha, traficantes mandaram fechar terreiros e proibiram o uso de colares afros e roupas brancas.

Já na Pavuna, os evangélicos do tráfico proibiram atabaques. Uma mãe de santo desinformada das leis locais acerca da intolerância religiosa chegou a iniciar a fundação de um terreiro, mas logo foi advertida pelo presidente da associação de moradores.

“Tive que sair fugida, porque tentei permanecer, só com consultas. Eles não gostaram”, lamenta.

Os casos chegaram ao Conselho Estadual de Direitos do Negro (Cedine), que é gerido pelo governo.

“Já temos informações desse tipo. Mas a intolerância armada só pode ser vencida com a chegada do estado a esses locais, com as UPPs”, afirmou ao Extra o presidente do órgão, Roberto dos Santos.

Leia também: Cantor baiano sofre assalto e é ameaçado de morte dentro de estúdio

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