Sem apoio financeiro, pesquisadores brasileiros deixam o país

Quadro é mais grave no Estado do Rio de Janeiro e em São Paulo

© Thiago Mamede / Divulgação

Brasil Falta incentivo 25/01/17 POR Notícias Ao Minuto

Um quadro que se delineava há alguns anos se intensifica agora. Sem apoio financeiro e com cortes crescentes de verbas para pesquisa em universidades, cresce o número de cientistas brasileiros que deixam o país para continuar seus trabalhos em melhores condições em outros países.

PUB

O quadro é visível em todo o país e mais grave no Estado do Rio de Janeiro e em São Paulo, onde os fundos de amparo à pesquisa têm seus orçamentos reduzidos. No Rio, a Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPERJ) cortou fundos para mais de 3.600 projetos nos últimos dois anos. Só à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a fundação deve mais de US$ 20 milhões aos fundos de pesquisa.

Em São Paulo, a situação não é muito diferente. Lá, o orçamento da FAPESP, que tem direito a 1% das receitas fiscais do estado, foi reduzido para 0,89% este ano, o equivalente a um corte de US$ 35 milhões. Só no Estado do Rio, o governo deve quase R$ 500 milhões à UFRJ, UERJ e Universidade do Norte Fluminense, que ainda têm assegurado o fornecimento de água e energia elétrica graças a uma liminar obtida na Justiça.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, diz que as universidades fluminense estão seriamente ameaçadas. Elas são um patrimônio do estado, elevaram a ciência do estado a um patamar reconhecido internacionalmente e que serve também à sociedade brasileira. Foi por causa desses financiamentos que temos equipes preparadas para enfrentar, por exemplo, a epidemia de Zica. Formaram-se doutores, novos pesquisadores que estão empenhados em pesquisas na área de saúde, energia, nas fronteiras do conhecimento e que judam a tornar a economia do estado mais sutentável", diz o presidente da ABC.Davidovich chama a atenção para outro fato preocupante. Em 28 de dezembro do ano passado, o governo do estado promulgou um decreto que reduz os recursos da FAPERJ, definidos constitucionalmente como 2% da arrecadação estadual, a 1,4%, o equivalente a um corte de 30% no orçamento. Só de restos a pagar, segundo o presidente da ABC, a FAPERJ está com uma dívida de mais de R$ 400 milhões. São projetos aprovados no passado e que não têm recursos para serem financiados. É um quadro pouco alentador que está desmotivando jovens pesquisadores e destruindo a reputação de um estado que até pouco tempo atrás era considerado um exemplo para o país", diz Davidovich, que teme que o êxodo de pesquisadores do Brasil para outros países possa aumentar."Especialmente os jovens cientistas, que têm uma carreira pela frente. Muitas vezes estão aqui com a disposição de ajudar o país, mas tudo tem um limite. Eles não podem sacrificar suas carreiras em nome disso. Há um outro fator também. A finalização desse tratamento que a ciência e a tecnologia vêm recebendo de que elas não são importantes do ponto de vista dos governos desses estados. É uma sinalização muito ruim. Precisamos incentivar os jovens a entrar na carreira científica, na inovação tecnológica. Isso é muito importante não só para os estados como para o país como um todo. No mundo atual, conhecimento é poder.", afirma o presidente da ABC.

O dirigente afirma que boa parte da crise financeira do Estado do Rio de Janeiro se deve à elevada dependência da arrecadação do petróleo, commodity que têm suas cotações ditadas pelo mercado mundial. Para ele, é necessário que o Estado do Rio agregue valores a seus produtos e tenha alternativas de produção, investindo em pesquisa e desenvolvimento (P&D).Se olharmos países que estão atravessando também uma crise financeira, eles aproveitam a crise para aumentar os investimentos em P&D. Os Estados Unidos estão com 2,8% do PIB (Produto Interno Bruto) em P&D; a União Europeia tem um acordo para chegar a 2020 a 3%; a China está com mais de 2% agora e pretende chegar em 2020 com 2,5%; e o Brasil está próximo de 1%. Temos que pensar em construir uma estrada para o futuro para sair dessa crise de forma sustentável."A Sputnik Brasil não conseguiu ouvir representantes da FAPERJ, que enviou a seguinte nota oficial:

"A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, junto com o governo do estado, continua empenhada em financiar pesquisas e a manter os cientistas em território fluminense. Entretanto, em função da crise econômica, houve redução de repasse de recursos para a Fundação, que, diante do cenário, tem priorizado o pagamento de cerca de 5 mil bolsistas, uma vez que a maior parte das bolsas tem caráter de subsistência e pode ser utilizada para o pagamento de despesas pessoais. A Faperj destina um quarto do seu orçamento anual (o que equivale a R$ 100 milhões) ao pagamento das bolsas. Já as demais pesquisas — pouco mais de 3,5 mil projetos desenvolvidos em instituições de pesquisa e ensino sediadas no Estado do Rio de Janeiro — continuam aguardando o aumento da arrecadação para voltar a receber financiamento da Faperj. (Sputnik)

Leia também: Governo reforça distribuição de vacina contra febre amarela

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica CHUVA-RS Há 14 Horas

Mortes pelas chuvas chegam a 75 e governador fala em 'Plano Marshall'

mundo Miami Há 23 Horas

Saco com é cobras encontrado nas calças de passageiro em aeroporto

justica Santos Há 19 Horas

Homem é flagrado abusando sexualmente de moradora em situação de rua

fama MADONNA-RIO Há 22 Horas

Madonna fez da praia de Copacabana a maior pista de dança do mundo

fama MADONNA-RIO Há 17 Horas

Madonna posta vídeo abraçada com Pabllo Vittar e agradece ao Brasil

fama Bruce Willis Há 23 Horas

Após diagnóstico de demência, como está Bruce Willis?

fama BERNARD-HILL Há 16 Horas

Morre Bernard Hill, que atuou em 'Titanic' e 'Senhor dos Anéis', aos 79 anos

brasil Rio Grande do Sul Há 19 Horas

Loja da Havan fica debaixo d'água em Lajeado, no Rio Grande do Sul

mundo enchentes no Rio Grande do Sul Há 16 Horas

Papa Francisco reza por vítimas de chuvas no Rio Grande do Sul

mundo EUA Há 15 Horas

Padre usa 200 mil reais do cartão da igreja para jogar 'Candy Crush'