80% dos filmes e séries não têm personagens negros com falas

Para tentar jogar luz sobre o assunto no Brasil, o Rio Content Market trouxe um expoente do cinema negro dos Estados Unidos: John Singleton

© Reprodução

Cultura cinema 13/03/17 POR Estadao Conteudo

O mais recente vencedor do Oscar de melhor filme 'Moonlight: Sob a Luz do Luar', cujo personagem principal é negro e homossexual - mostrou que, nos Estados Unidos, houve avanços no que se refere ao protagonismo afro-americano em filmes e séries. No entanto, cerca de 80% das séries e filmes da TV no país ainda não têm sequer um personagem negro com falas. No Brasil, onde não há pesquisas estruturadas sobre o assunto, há evidências de que a representatividade do negro seja ainda menor - estaria próxima de 8% nos principais conteúdos audiovisuais.

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O Rio Content Market, evento que reuniu mais de mil produtores de conteúdo, emissoras de TV e anunciantes na semana passada, no Rio de Janeiro, adotou a representatividade dos negros brasileiros como um de seus temas. A abertura do evento celebrou pioneiros da presença negra nas telas de televisão e do cinema - com homenagens a artistas importantes como Ruth de Souza e Antonio Pitanga. Os mestres de cerimônia da noite foram Camila Pitanga (filha de Antonio) e Lázaro Ramos.

Para tentar jogar luz sobre o assunto no Brasil, o Rio Content Market trouxe um expoente do cinema negro dos Estados Unidos: John Singleton, que até hoje é o cineasta mais jovem a ser indicado ao Oscar de melhor direção, por Os Donos da Rua, de 1991. Além disso, a executiva Zola Mashariki, diretora de conteúdo original da BET (Black Entertainment Television), voltada especificamente ao público negro norte-americano, defendeu o espírito de "irmandade" para garantir uma distribuição racial mais justa no que se assiste na televisão.

'Irmandade'. Foi justamente esse espírito de irmandade que alçou Zola à condição de alta executiva da BET. Advogada formada em Harvard, ela resolveu cursar a escola de cinema em São Francisco, na Califórnia, graças ao incentivo de uma amiga. Tratava-se de ninguém menos que Shonda Rhimes, uma mulher negra que hoje é a provavelmente o maior nome das séries de TV nos Estados Unidos. Ela é produtora executiva e criadora de séries como 'Grey's Anatomy' (que já está na décima terceira temporada), 'Scandal' e 'How to Get Away with Murder'.

Na opinião da executiva, a representatividade na tela está ligada aos profissionais que aprovam os conteúdos que vão ao ar. Por isso, ela é defensora da ideia de que pessoas já estabelecidas no mercado ajudem outros negros a prosperar, contratando-os como assistentes ou estagiários. "Essa é uma tendência muito clara nos Estados Unidos, e algo que poderia ser facilmente aplicado no Brasil", afirma.

Segundo Zola, esse é um trabalho de longo prazo. O movimento da cultura negra nos Estados Unidos começou ainda nos anos 1960, ganhando força na década de 70 - com os filmes do movimento "blaxploitation" - e finalmente, a partir de 1986, com as produções engajadas de Spike Lee. "A verdade é que nós precisamos produzir com as ferramentas que temos, e não apenas esperar que os grandes estúdios e emissoras nos descubram", diz Zola. "É um fato conhecido que o primeiro longa de Spike Lee, 'She's Gotta Have It', foi financiando com cartão de crédito. Então, o que eu tenho a dizer é: não reclamem, simplesmente produzam."

Segmentação. Além de participar de debates sobre a criação de conteúdos para o público negro, a executiva também apresentou no Rio Content Market a série Rebel, cujo piloto foi dirigido por Singleton. Segundo ela, nos Estados Unidos, o material dirigido à comunidade afro-americana já começa a ser segmentado, à medida que o mercado dedicado ao público não branco nos EUA se expande e busca abordagens mais específicas.

"Uma série como 'Scandal', por exemplo, se dirige ao público de classe mais alta (o seriado da produtora ShondaLand, de Shonda Rhimes, é exibido por um canal aberto americano, a ABC, e passa por aqui no Sony Entertainment Television, na TV por assinatura). Já 'Rebel' teve sessões de teste melhores com a classe média e também mais jovem", explica a executiva. Segundo ela, a experiência americana pode ajudar o conteúdo negro feito no Brasil: "Estamos longe do ideal nos Estados Unidos, mas acredito que já avançamos e temos resultados para mostrar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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