Operação contra frigorifícos foi irresponsável, diz Kátia

"Sou contra indicação política sem consistência e irresponsável", disse a ex-ministra

© Reuters

Economia Senadores 30/03/17 POR Folhapress

A ex-ministra da Agricultura no governo Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), afirma que, no caso da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, "a praga foi corrupção". Ela diz não ser contra contra indicação política. "Sou contra indicação política sem consistência e irresponsável".

PUB

Pergunta - Empresários do Paraná já reclamavam da fiscalização. Quando era presidente da CNA [Confederação Nacional da Agricultura] chegou algum pleito?

Kátia Abreu - Não. Na época na CNA tive desentendimento bastante razoável com a JBS. Tinha uma exclusividade nas exportações, eram muito poucas empresas. E aquilo me deixava indignada. Temos 5.000 frigoríficos no Brasil. O que acontecia lá fora é que autoridades dos países reclamavam da concentração.

Ao chegar o ministério, chamei a associação dos frigoríficos para saber o que tínhamos que fazer para os frigoríficos exportarem. Era uma papelama. Isso foi caminhando e teve sucesso. Veio reclamação deles [JBS] muito forte por aí com a abertura. Eu ouvia falar de barreira comercial. Não ouvia de corrupção. Ela não chega em entidade de classe.

Pergunta - A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a senhora foi pressionada.

Abreu - É hábito a indicação política, mas nunca recebi uma ordem da presidente Dilma para fazer. Nem uma ligação. Mas você é ministro, tem partido. Tem que conviver bem com a bancada. Desde que não seja nada que não seja republicano, você vai. Mas, se [Dilma pedisse] a Secretaria de Defesa Agropecuária, eu entregava o ministério. Ali é a joia da coroa. É onde o cidadão fecha e abre uma fábrica. Pode ter mecanismos sérios de corrupção.

Pergunta - Quem a senhora colocou lá?

Abreu - Levei uma pessoa da minha confiança. Mas o lugar é tão terrível que o Décio [Coutinho] não aguentou. Mas não foi por causa de corrupção. É um lugar terrível de trabalho, perigoso. É que pode ter ali os processo equivocados que podem perder um mercado, abrir outro. Requer atenção e estresse total. O Décio saiu e coloquei um [servidor] de carreira.

Pergunta - E as indicações políticas?

Abreu - O ministério era do [PMDB do] Senado. Mas tem Estado que não tem senador. Então a gente convidava a bancada. Eu oferecia as superintendências. Dentro do ministério, a única indicação foi de Santa Catarina para esse que está preso [Fábio Zanon]. O do PMDB do Paraná, o [senador Roberto] Requião não quis indicar e falou que podia atender a Câmara. Indicaram esse Daniel [Gonçalves Filho]. Ele foi exonerado antes de mim, ficou um período curto fora. Aí indicaram ele novamente.

Pergunta - Por pressão?

Abreu - Não. Mas quando o processo dele começou a esquentar... Não tenho vergonha de dizer, não era um processo gravíssimo. Nada a ver com a operação, com corrupção. Ele inocentou um cara que fez desvio de combustível. Alguém poderia imaginar que ele estava fazendo essa corrupção toda? Mas, mesmo assim, demiti. Avisei aos deputados. Eles vieram igual uns leões pra cima, dizendo que era injusto.

Pergunta - O que faria se ainda estivesse no ministério?

Abreu - Temos que corrigir distorções todos os dias, com obstinação. Mas dizer que tem risco zero, não tem essa possibilidade. Estamos lidando com pessoas, com doenças. Nesse caso, a praga foi corrupção. Ao sair, deixei portaria para que todas as superintendências tivessem de ser de carreira. Os políticos acharam que era um castigo. Não sou contra indicação política. Sou contra indicação política sem consistência e irresponsável.

Pergunta - Quais os prejuízos que esse processo vai causar?

Abreu - Lá fora, já perceberam que o problema é corrupção, não é sanitário. Minha perspectiva é que isso possa ser superado num tempo mais rápido.

Pergunta - E a atuação da Polícia Federal?

Abreu - Não quero dizer que eles não descobriram coisa. Descobriram corrupção, sim. Agora a forma de comunicação foi um desastre. Pelo que vi na TV, se eu não entendesse do assunto, não comia carne nunca mais. Faltou responsabilidade com o país. Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Insólito Há 16 Horas

Viúvo casa com sogra e cerimônia é organizada pelo sogro; entenda

mundo RÚSSIA-UCRÂNIA Há 14 Horas

Putin ameaça ataque nuclear contra o Ocidente na Ucrânia

mundo França Há 9 Horas

Jovem mata a avó com serra elétrica e tenta esconder corpo no galinheiro

mundo Espanha Há 11 Horas

Jovem morre atropelado por metrô após descer à linha para urinar

mundo México Há 16 Horas

Três turistas são mortos e jogados em poço em viagem de surf no México

mundo EUA Há 9 Horas

Homem dispara contra padre durante missa e arma trava: "Milagre"

brasil Rio Grande do Sul Há 17 Horas

Quase 850 mil pessoas são afetadas por chuvas no Rio Grande do Sul

fama GABRIELA-DUARTE Há 12 Horas

Gabriela Duarte critica Globo por deixar Regina de fora de documentário: 'Desprezo'

politica Bolsonaro Há 15 Horas

Bolsonaro volta a ser internado em Manaus após infecção na perna e no braço

mundo EUA Há 17 Horas

Polícia surpreende homem que queria companhia para festejar aniversário