Na Câmara, petistas confrontam Moro e o acusam de ser parcial

'Vossa Excelência quebrou o sigilo eletrônico da então presidente Dilma em conversa com o ex-presidente Lula. Vossa Excelência não tinha competência para isso', questiona deputado

© Reuters / Adriano Machado

Política paraná 30/03/17 POR Folhapress

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o juiz federal Sergio Moro foi confrontado nesta quinta-feira (30) por três deputados federais do PT que, em perguntas direcionadas ao responsável pela Lava Jato no Paraná, o acusaram de atuar de forma parcial, partidária e ilegal.

PUB

Dois dos três deputados, Paulo Teixeira (SP), e Wadhi Damous (RJ), são bastante próximos a Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente é réu em cinco ações penais, sendo três delas ligadas à Lava Jato, e sua defesa promove constantes embates com Moro durante as audiências judiciais.

As primeiras críticas contra Moro -que participou de audiência para discutir o Código de Processo Penal- partiram de Teixeira, para quem o Congresso quer, com o projeto que pune abuso de autoridade, "evitar que os juízes façam política partidária."

Se dirigindo a Moro, que hora olhava na direção do petista, mas que na maior parte do tempo não o encarava, Teixeira citou dois episódios que são considerados pelos aliados de Lula como flagrantes ilegalidades cometidas pelo juiz.

O primeiro, a divulgação, por ordem de Moro, de interceptação de uma conversa telefônica entre Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff no auge das movimentações a favor da destituição da petista.

No áudio, Dilma foi flagrada dizendo que enviaria para Lula assinar seu termo de posse na Casa Civil. A nomeação ocorreu, segundo procuradores, para que Lula ganhasse foro privilegiado e se livrasse de Moro, que é juiz de primeira instância.

O ministro Teori Zavascki (morto em janeiro em um acidente aéreo), responsável pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, considerou posteriormente o grampo ilegal porque ele foi feito horas após a Justiça do Paraná determinar o fim de interceptação. O ministro considerou ainda que houve usurpação de competência do Supremo da parte de Moro pelo fato de a conversa envolver uma pessoa com foro privilegiado (Dilma).

"Vossa Excelência quebrou o sigilo eletrônico da então presidente Dilma em conversa com o ex-presidente Lula. Vossa Excelência não tinha competência para isso. Num contexto de um golpe parlamentar [que é como os petistas classificam o impeachment], Vossa Excelência estava querendo contribuir com a derrubada da presidente Dilma Rousseff?", questionou Teixeira.

Ele também questionou se Moro não teria perdido a imparcialidade, entre outros episódios, também devido à foto em que aparece conversando e sorrindo ao lado do presidente do PSDB, Aécio Neves, em uma solenidade organizada pela revista "IstoÉ".

O segundo caso citado por Teixeira foi a determinação de Moro de que Lula fosse obrigatoriamente levado a depor (a chamada condução coercitiva) em março do ano passado, em decorrência de uma das fases da Lava Jato -a apuração sobre se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai prestaram favores pessoais a Lula e seus familiares por meio do sítio em Atibaia e um tríplex no Guarujá.

Os petistas argumentam que não havia necessidade da condução porque Lula não teria previamente sido convidado a depor e nunca teria se negado a prestar esclarecimentos.

Wadih Damous, ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro), fez em seguida várias críticas e ironias à atuação de Moro, afirmando existir uma verdadeira "república de Curitiba".

"Percebe-se hoje um laboratório punitivista, do Paraná, em que o nosso direito está tendo os seus fundamentos simplesmente pulverizados em nome de um chamado 'bem maior', argumento muito utilizado nas câmaras de tortura do Doi-CODI [se referindo a prisões da ditadura militar brasileira]. Com isso se solapa o direito."

De semblante sério e sem demonstrar grandes reações às críticas dos petistas, Moro manifestou contrariedade facial maior apenas quando o petista Zé Geraldo (PA) afirmou que "ninguém tem cometido mais abuso de autoridade" do que ele. "Se a Justiça no Brasil fosse séria ele [Moro] não poderia mais ser juiz", disse o petista.

Deputados de partidos governistas defenderam o juiz, acusando os petistas de desviar o foco da audiência pública e de constranger o magistrado.

Major Olímpio (SD-SP) afirmou haver "um ânimo de arrebentá-los", se referindo à Moro e à força-tarefa da Lava Jato. "Cumprimento a coragem de estar no covil dos leões", reforçou Eduardo Bolsonaro (PSC-SP).

Até às 16h desta quinta, Moro não havia retomado a palavra para poder responder às críticas sofridas. Com informações da Folhapress.

Leia também: Após condenação, Cunha pode optar por delação

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Luto Há 21 Horas

Morre Anderson Leonardo, vocalista do Molejo, vítima de câncer

mundo Antártida Há 22 Horas

Vulcão ativo na Antártida expele pequenos cristais de ouro

fama Redes Sociais Há 21 Horas

Livian Aragão, filha de Didi, sugere plágio e leva invertida na web

fama Luto Há 6 Horas

Morre aos 95 anos o ator e comediante José Santa Cruz

mundo Titanic Há 7 Horas

Relógio de ouro do homem mais rico no Titanic vai ser leiloado

tech ESA Há 4 Horas

Sonda da Agência Europeia detecta 'aranhas' em Marte

tech Ataque Há 3 Horas

Hackers vazam imagens de pacientes de cirurgia nus e prontuários de clínica de saúde sexual

fama Casais famosos Há 16 Horas

Romances estranhos dos famosos (e que ninguém parece lembrar!)

mundo Argentina Há 6 Horas

Bebê morre após ser abandonado pela mãe em stand de carros na Argentina

tech Justiça Há 16 Horas

X nega ter flexibilizado bloqueios e diz que perfis aproveitaram 'falha técnico-operacional'