Após curso, ex-detentos começam caminho da ressocialização

"Recomecei a vida. É tarde? É. Perdi muito tempo, mas a família, principalmente, a idade e o tempo que passei no CR me fizeram mudar", disse uma das ex-detentas

© Pixabay

Brasil PRESÍDIO 01/05/17 POR Folhapress

Ele buscava cocaína na Bolívia, vendia para atacadistas brasileiros e faturava ao menos R$ 50 mil/mês. Foi preso, cumpriu pena e, após ser solto, voltou à atividade criminosa por mais nove anos, até ser detido pela segunda vez.

PUB

Viu a maior parte dos criminosos que atuavam com ele morrerem e, por isso, considera-se "um sobrevivente, em busca de um recomeço".

Deixou a prisão em janeiro. Virou microempresário e, da vida de luxo da época do crime, não sobrou nada.Já ela começou a vender drogas após o ex-marido, preso por tráfico, sugerir o crime como forma de pagar as contas e manter os quatro filhos do casal. Presa em casa, diz não ter ganhado dinheiro algum com o tráfico e que a cadeia é o pior lugar do mundo, por deixa-la longe da família.

Em comum, ambos fizeram cursos profissionalizantes nas prisões, cumprem hoje pena no regime aberto, buscam uma nova vida após deixar as grades e afirmam que estão regenerados.

Ele é Luís Afonso da Costa, 55, que diz hoje se contentar com os R$ 1.000 de renda média que passou a ter com serviços como eletricista, pintor e encanador, após cursos que fez no período em que ficou preso no CR (Centro de Ressocialização) de Araçatuba, no interior paulista.

Ela é Taize de Fátima Santos Amaral, 24, que passou nove meses detida, tempo suficiente para estudar pintura e hidráulica no CR de São José do Rio Preto (SP)."Recomecei a vida. É tarde? É. Perdi muito tempo, mas a família, principalmente, a idade e o tempo que passei no CR me fizeram mudar. Tive apoio psicológico, médico, concluí o ensino médio e fiz o Enem. A chance de eu voltar para o crime é de -10%", disse Costa.

Embora em liberdade, ele cumpre pena no regime aberto até 2021. Foi preso pela primeira vez em 1995, em Mato Grosso do Sul, com 7 kg de cocaína. Condenado a seis anos de prisão, cumpriu quase quatro no regime fechado.

Voltou a ser preso em 2011 na rodoviária da cidade, com 2 kg de cocaína, e condenado a 10 anos e 8 meses de prisão, dos quais a metade cumpriu no regime fechado, além de um período no semiaberto.

"Hoje, não ganho quase nada. Estou começando. Abri minha firma e não me arrependo", afirma. "Só que tem de perseverar muito, blindar a mente e ter apoio. Se encontrar uma pessoa errada na hora errada, já era".

Seu patrimônio é composto por uma casa, um veículo ano 1998 e uma moto.Ao sair da prisão, conta que foi procurado por antigos fornecedores de droga, porém recusou. "É uma opção. Ter feito os cursos, estudado e visto que é possível mudar de vida mudaram minha cabeça. No CR, não gastei nada até para montar os pedidos que fiz à Justiça."

A prisão tem 220 vagas e abriga 236 detentos, dos quais 160 trabalham e 130 cursam ensino fundamental ou médio, afirma o diretor-técnico José Antônio Rodrigues Filho.

Taize ocupou manhãs e tardes de um mês de sua pena com cursos de pintura e hidráulica, o que serviu, diz, para amenizar a distância dos quatro filhos "de dois a sete anos" e a pensar em não mais se envolver com o crime.

Presa em casa em março de 2016 com 103 gramas de cocaína e 178,1 de crack, deixou a prisão em 9 de dezembro e agora procura um emprego.

"Deu certo porque fui para o CR e lá é para quem quer mudança de vida. O pior de tudo foi ficar sem ver os filhos".

O "erro", como ela define, foi ter reclamado com o pai das crianças que não conseguia emprego. "Conversei com pessoas que ele indicou e aceitei [vender drogas]."

Foram duas semanas de envolvimento, até ser presa. Ao sair, conseguiu uma vaga no setor de limpeza de uma faculdade, mas perdeu-o após licença médica.Sua pena no regime aberto acaba em novembro -ter trabalho é requisito para seguir em liberdade.

"Quando ganhei a liberdade, os quatro filhos foram me buscar. Ver que eles sofreram fez ter a certeza de que não vale a pena." (Folhapress)

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo EUA Há 11 Horas

Após acidente, urso arrasta corpo de motorista para floresta nos EUA

mundo Bioparc Há 9 Horas

Dor da perda: chimpanzé carrega o corpo da sua cria ao colo há meses

fama Luana Piovani Há 12 Horas

'Meu filho ainda não foi para escola' diz Luana 'cutuca' Pedro Scooby

justica Rio Grande do Sul Há 11 Horas

Saques e violência ampliam drama no Rio Grande do Sul

justica Santa Teresa Há 11 Horas

Turista israelense é encontrada morta no Rio de Janeiro

mundo Polícia Há 3 Horas

'Menina lobo' que cresceu em bosque na Suíça é encontrada na Espanha

lifestyle Peso Há 10 Horas

Quatro hábitos que ajudam a acelerar o metabolismo e a emagrecer

fama Hilary Duff Há 11 Horas

Hilary Duff dá à luz seu quarto bebê, em parto domiciliar na banheira

mundo Acidente Há 11 Horas

Caminhão colide de forma violenta contra ponte em rodovia dos EUA

mundo Israel/Palestina Há 12 Horas

Ataque israelense mata sete pessoas e deixa Rafah em ruínas; veja