© Reuters / Kai Pfaffenbach
Não teve "Nessun Dorma" nem "O Sole Mio". Quem foi à apresentação do tenor José Carreras, 70, esperando ouvir duas das canções mais emblemáticas entre as que viajaram o mundo nas vozes dos Três Tenores, grupo do qual o catalão representou um terço, ficou sem.
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Mas quando pareceu que a noite de sexta (19) chegaria ao fim sem o embalo de grandes hits da música mundial, veio o bis. Para a alegria de muitos dos presentes na plateia do Citibank Hall, na zona sul de São Paulo, que imediatamente sacaram seus telefones para registrar as interpretações de uma versão curta de "Aquarela do Brasil" e de "Amigos para Siempre".
Ilustradas pela imagem da bandeira brasileira e por efeitos visuais de explosões de fogos de artifício exibidos em um telão no fundo do palco, a música brasileira composta por Ary Barroso e o hino do abraço emotivo em festas de formatura encerraram a primeira noite da escala paulistana da turnê "A Life in Music", anunciada como a última da carreira de Carreras.
Firme, seguro e sem grandes momentos de catarse coletiva, o show de quase duas horas (com 20 minutos de intervalo) foi sonorizado pela Orquestra Juvenil Heliópolis regida pelo maestro David Giménez, sobrinho de Carreras, e teve a participação da soprano argentina Jaquelina Livieri, que, expressiva nas caras e bocas, soltou a voz sozinha e em duetos com o veterano.
No rol de quase 20 músicas apresentadas ao público, formado majoritariamente por gente madura que praticamente encheu a casa de shows, estiveram músicas em espanhol, em francês, em inglês e em italiano, como "Je Te Veux", "The Impossible Dream", "Pecchè", "Canción Hungara" e "El Dúo de la Africana". Saindo para a coxia para depois retornar ao palco, Carreras e Livieri se revezavam entre elas.Por duas vezes a orquestra teve o palco, decorado com arranjos de flores brancas e cortina vermelha, apenas para si. Nessas ocasiões, o grupo fez trilha sonora para a apresentação de fotos de momentos simbólicos da carreira do tenor.
Em estilo parecido ao que se vê em jantares de casamento e de colação de grau, foram exibidas imagens antigas de papéis que José Carreras interpretou em óperas pelo mundo, frases e registros dele com outros ícones da música. Ali constaram Sting, Sarah Brightman (com quem o espanhol gravou "Amigos para Siempre") e, claro, os outros dois integrantes de Os Três Tenores: Plácido Domingo e Luciano Pavarotti (1935-2007).
No domingo (21), o José Carreras faz mais um show em São Paulo com ingressos custando entre R$ 90 e R$ 900. Da capital paulista, a turnê segue para o Rio, na quarta (24), e para Fortaleza, no sábado (27).
CARREIRA
Nascido em Barcelona em dezembro de 1946, José Carreras iniciou na carreira profissional de cantor lírico nos anos 1970. Premiado, ele já se apresentou nos principais teatros e ao lado dos principais maestros do mundo. Em 1987, quando estava em seu auge, foi diagnosticado com leucemia. No ano seguinte, ao superar a doença, criou a Fundação Internacional de Leucemia José Carreras, que busca a cura da leucemia e à qual o cantor se dedica até hoje.
Em 1990, apresentou-se ao lado de Domingo e Pavarotti no primeiro concerto de Os Três Tenores, realizado durante a Copa do Mundo da Itália. A reunião, de acordo com biografia veiculada em uma rede social de Carreras, foi concebida para arrecadar fundos à fundação. A trinca voltaria a cantar em uma Copa do Mundo, encerrando a competição de 1994, nos EUA. Com informações da Folhapress.
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