© REUTERS / Jonathan Ernst
A produção da peça "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?" foi interrompida após os detentores dos direitos do dramaturgo norte-americano Edward Albee exigirem que um ator branco fosse escalado para o papel de Nick, um dos personagens principais da trama.
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O diretor Michael Streeter, que produzia a peça em Oregon, nos EUA, já havia optado por contratar o ator negro Damien Geter para o papel. Após recusar-se a seguir as orientações da Edward Albee Estate, Streeter alegou em seu Facebook estar "furioso e estupefato" com a situação, e recomendou-os a "entrar no século 21".
Em resposta ao post, o representante da Edward Albee Company, Sam Rudy, enviou um memorando para Streeter sobre o ocorrido.
"É importante notar que Mr. Albee descreveu Nick como um personagem caucasiano, cujo cabelo loiro e olhos azuis são mencionados com frequência na peça, inclusive aludindo a semelhança de Nick com a de um ariano da ideologia nazista", disse.
Streeter, por sua vez, afirmou que a escolha de um ator negro foi consciente, e que acreditava que isso adicionaria "profundidade à peça", uma vez que Nick era um personagem ambicioso e que tolerava abusos para seguir em frente, o que seria emblemático dos negros de 1962.
"Há argumentos válidos para não escalar Nick como negro. Eu acredito que os positivos superam os negativos. A Albee Estate não concorda", completou.
Em 2010, no livro "Albee in Performance", o dramaturgo expressa preocupação sobre a escalação de uma atriz negra para o papel de Martha, a filha do presidente do colégio em "Virgínia Woolf". Segundo Albee, esse fato levantaria uma série de questões, uma vez que se tratava de uma peça naturalista. "É um colégio negro? Nós temos um presidente negro para um colégio branco? Provavelmente não", disse.
Streeter diz não questionar os motivos dos que tomaram a decisão.
"Eu acho que eles têm alguma lealdade a um senso de integridade aos desejos de Edward Albee. Mas eu esperava que os aspectos negativos de Albee morressem com ele", acrescentou. Com informações da Folhapress.