Na onda do sucesso do Chile, best-seller mistura futebol e literatura

Quando seu primeiro texto ganhou notoriedade, o ex-advogado Roberto Meléndez de 32 anos sentiu que era hora de tentar realizar o sonho de escritor

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Cultura letra e livro 17/07/17 POR Estadao Conteudo


O advogado chileno Roberto Meléndez se recorda até hoje do dia em que sua página no Facebook, a Barrio Bravo, começou a despontar: era 24 de junho de 2015 e o Chile vencia por 1 a 0 o Uruguai pela Copa América em um jogo duríssimo. Com a vitória, os chilenos avançaram à semifinal do torneio que venceriam pela primeira vez em sua história.

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Se a partida mudou para melhor a história do futebol chileno, também a de Meléndez teve ali seu destino modificado. Até então, sua página tinha 270 seguidores, a maior parte amigos próximos. Após a publicação do texto "Tchau, Uruguai", a página dobrou de seguidores e só cresceu - hoje são quase 130 mil seguidores.

Nos últimos dois anos, após os dois inéditos títulos da Copa América da geração liderada por nomes como Arturo Vidal, Aléxis Sánchez e Claudio Bravo, a história ganha novo capítulo: o livro "Por que amamos a bola?", lançado no mês passado se tornou o best-seller do país. Um segundo e um terceiro livro estão no radar. "Também já tenho propostas do mundo audiovisual", conta.

COMEÇO - Meléndez sempre gostou de futebol e de literatura, mas achava que a forma como se abordava o esporte no país era muito sóbria, que faltava ficção e humor. "A internet é livre e sem edição, tem um impacto enorme atualmente e o mundo gira na rede. Achei que era boa ideia expor meus textos e meu estilo ali", comenta.

Quando seu primeiro texto ganhou notoriedade, o ex-advogado de 32 anos sentiu que era hora de tentar realizar o sonho de escritor. Abandonou o escritório de advocacia para dedicar-se integralmente aos relatos futebolísticos literários, o que chama de "literatura futbolera", em espanhol.

Para o agora escritor, o futebol tem três elementos centrais que o tornam interessante para a literatura: "uma linguagem simples, compartilhada e muito emocional; não tem tempo, já que um jogo pode durar a vida toda nas conversas do povo; e tem histórias épicas, com luzes e sombras, heróis e vilões com suor e terra", detalha.

Segundo Meléndez, seu trabalho não é jornalístico, apesar de fazer pesquisas antes de escrever sobre qualquer tema. "Tem mais a ver com a psicologia, o emocional e a imaginação dos jogadores", explica.

Tanto que ele não esconde ser torcedor fanático da Universidad de Chile, um dos três maiores times do país, ao lado do Colo-Colo e da Universidad Católica. "As pessoas me leem porque gostam da minha maneira de escrever, não porque digo o que querem escutar ou porque somos do mesmo time. Busco ser objetivo, mas sincero com meus escritos e esse é um valor que muitos dão ao que faço."

Com o crescimento da página, a imprensa local o procurou para parcerias, mas ele recusou. Até que a multinacional Penguin Random House, maior grupo editorial do mundo, o convidou para fazer um livro. "Um dia antes de assinar o contrato, saí para caminhar e pensei em tudo que estava acontecendo, no que viria e me emocionei muito. Estava realizando um sonho", admite Meléndez.

LIVRO - "Por que amamos a bola" tem 34 crônicas divididas em três partes. A primeira trata do futebol internacional, com textos sobre Pelé, Ronaldo, Totti, Zidane, Messi e outros nomes de destaque. Os textos de Meléndez costumam trazer não só o lado positivo, mas a miséria e o lado obscuro do futebol. Um de seus favoritos é sobre Garrincha, pois fala da decadência e dos últimos dias do jogador, com muitos detalhes de sua vida pessoal, dos amores e dos desencantos do ídolo máximo do Botafogo.

A segunda parte trata do futebol chileno, com nomes históricos como Elias Figueroa, Marcelo Salas e Iván Zamorano, além de dar destaque para os triunfos da geração atual, que muitos veem como a melhor da história do país de 18 milhões de habitantes. O autor também dá grande destaque para o futebol feminino. Na terceira e última parte, traz uma ideia social e universal do esporte.

Sobre o futuro, Meléndez seguirá escrevendo crônicas e outros livros, misturando "letras e esportes", como costuma dizer. Sonha com que seu livro chegue à maior quantidade de pessoas e até ao Brasil. "Seria maravilhoso porque não há lugar no mundo mais apaixonado pela bola que o Brasil."

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